A Toyota do Brasil anunciou na 5ª-feira passada (13/12) que produzirá no Brasil um carro híbrido flex. Será primazia mundial um motor de ciclo Otto ambicombustível gasolina-álcool (ambos puros ou misturados em qualquer proporção no mesmo tanque) num carro híbrido.
O programa foi apresentado no Palácio do Planalto ao presidente Michel Temer e ao ministro da Indústria, Comércio Exterior s Serviços Marcos Jorge de Lima. Na foto de abertura, o presidente Temer se aproxima do Prius com motor flex e o presidente-executivo para América Latina e Caribe e presidente da Toyota do Brasil, o americano Steve St. Angelo, e o presidente-executivo da Toyota do Brasl, o peruano Rafael Chang, o aguardam.
O trabalho de desenvolvimento envolveu as equipes de engenharia da Toyota Motor Corporation, no Japão, e da Toyota do Brasil. A iniciativa visa não só lançar no mercado brasileiro o primeiro veículo híbrido fabricado aqui, como também fazer uso pleno da matriz energética para motores de ciclo Otto — gasolina e álcool, existentes em todo o país..
Esta inédita solução, estando o veículo está abastecido com álcool, garante menor custo para rodar — dependendo da região onde o álcool seja comercializado e seu preço nas bombas —, do que o já proporcionado pelo Prius e seu mundialmente conhecido e elogiado baixo consumo de combustível.
O funcionamento com álcool enseja também, como já é conhecido, menores emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos gases causadores do efeito estufa e das mudanças climáticas, levando em conta o ciclo completo da cana-de-açúcar de no processo de crescimento absorver o carbono da atmosfera.
“A história da Toyota é caracterizada por grande coragem frente aos novos desafios e em sua busca incessante por soluções inovadoras e tecnológicas. Foi assim com o lançamento do Prius em 1997, e é assim agora com a confirmação da produção deste que será o híbrido mais limpo do mundo. Este é um marco, não só para a Toyota do Brasil, mas para toda a indústria nacional e estou muito orgulhoso dos nossos engenheiros, que trabalharam em conjunto com a equipe de nossa matriz para oferecer esta solução híbrida flex aos clientes brasileiros”, diz o americano Steve St. Angelo, presidente-executivo da Toyota para América Latina e Caribe e presidente da Toyota do Brasil, Argentina e Venezuela e presidente-executivo da Toyota do Brasil.
Não foi informado qual será o modelo híbrido com motor flex, mas tudo leva a crer que será uma versão do novo Corolla, prevista para o final de 2019.
A produção do modelo está em linha com o recém-aprovado Programa Rota 2030, que oferece previsibilidade para as empresas investirem a longo prazo no País e estabelece, dentre outras medidas, novas políticas de estímulo a veículos energeticamente mais eficientes, ou seja, que consumam menos combustível..
Estudos realizados pela Toyota do Brasil concluíram que o híbrido, sendo flex e funcionando com álcool, possui um dos mais altos potenciais de compensação e reabsorção do CO2 produzido pela combustão, gerado desde o início do ciclo de uso do álcool produzido a partir da cana-de-açúcar, passando pela disponibilidade nas bombas de abastecimento e sua queima no processo de combustão do motor.
Testes com protótipo híbrido flex
Desde março deste ano, a Toyota realizou diversos testes de rodagem com um protótipo híbrido flex no Brasil utilizando um Prius, atualmente o único representante híbrido da marca Toyota vendido no Brasil, como carro-mula.
A estratégia foi colocar à prova a durabilidade do carro em diversos tipos de estradas para avaliar o conjunto motor-transmissão quando abastecido com álcool.Durante esses meses, uma série de dados relacionados ao desempenho e comportamento do carro foram coletados, que contribuíram na busca pelo equilíbrio ideal de todo o conjunto.
Pode parecer fácil, mas trocar o combustível de um motor que tem peculiaridades como funcionar sempre combinado com um motor elétrico, em total e permanente sinergia, como já mostrado no teste do Arnaldo Keller do suve Lexus NX 300h no começo do mês, requer muito mais engenharia e teste do que se imagina.
“Este é um trabalho que envolveu diversos agentes, como governo, entidades, fornecedores, concessionários, União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) e, claro, nossos colaboradores, que trabalham incessantemente sob a filosofia da melhoria contínua. Além disso, destaca o Brasil no cenário mundial das alternativas para a eletromobilidade, como produtor de um dos automóveis mais limpos do mundo, em consonância com o Programa Rota 2030”, afirma o peruano Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.
“Poder híbrido-eléctrico”
Esse foi o nome do workshop realizado pela Toyota em Puerto Varas, no sul do Chile, de 25 a 27 de novembro, do qual o AUTOentusiastas participou na minha pessoa. O foco, evidentemente, foi o grupo de 25 jornalistas do sul do continente receber mais informação da consagrada tecnologia iniciada em 1997 no Japão e que logo ganhou o mundo.
Lá estavam 11 modelos entre Lexus e Toyota, para conhecer e experimentar, inclusive o exótico cupê esportivo 2+2 LC 500h, com potência combinada de 359 cv e tração traseira, com câmbio automático de 10 marchas.O motor é V-6 de 3,5 litros. Muito rápido, 0-100 km/h em 4,9 segundos e velocidade máxima limitada a 250 km/h. O carro era branco com estofamento bege! x
Pôde-se andar no Circuito Los Lagos, em Puerto Varas, circundando o Lago Llanquihue e com o belo e icônico vulcão adormecido Osorno (última erupção em 1869) ao fundo, e explorar bem esse e outros modelos (no meu caso o hatchback CT 200h e o suve RX 450h), andando até em velocidades impublicáveis sob o olhar vigilante (e protetor) de dois carabineros — o Tenente Xaver e o soldado Evaldo — em suas motocicletas policiais BMW novas.
Incrível: ao falar com um carabinero com um ‘bom-dia’, ele bate continência!
Aliás, no meu caso não, no nosso: participou do evento o editor Josias Silveira — viajamos juntos e nos revezamos ao volante nas experimentações — enviado pela revista TOP Destinos, da mesma editora da TOP Carros, para a qual ambos trabalhamos.
Do que se viu e sentiu, a conclusão é uma só: os carros híbridos como os que andamos, de bateria não carregável pela tomada, são ao mesmo tempo transição (e talvez) a solução permanente para o uso da propulsão elétrica em automóveis. Por que digo isso?
Primeiro, não precisar carregar a bateria na tomada proporciona a mesma satisfação de um relógio de pulso automático, a de jamais se precisar trocar sua minúscula bateria. Segundo, a inestimável sensação de liberdade, livre de qualquer ansiedade por ver medidor de carga da bateria indicar queda impiedosa à medida que os (poucos) quilômetros passam. Se precisar reabastecer, nada mais fácil e rápido, nada de caçar eletropostos pelo caminho.
Finalmente, também importante, dirigir um híbrido como o Toyota Prius ou os vários Lexus vendo o trabalho harmônico e sinérgico dos dois motores proporciona enorme prazer — e por que não, diversão ao ver os fluxos de energia elétrica entre gerador e bateria de tração conforme se acelera, se levante o pé ou se freia. E assistir de camarote o motor a combustão mandando potência para as rodas motrizes. É divertido, leitor ou leitora, acredite.
O que não se pode pensar é que esse tipo de híbrido vá longe em modo elétrico, pois não vai. Nada além de 4 quilômetros, mas isso está longe de constituir decepção. O objetivo — alcançado — é consumir bem menos combustível do que um carro convencional de motor a combustão graças ao funcionamento em conjunto dos dois motores, o a combustão e o elétrico.
O melhor de tudo — aí vale para qualquer tipo de propulsão elétrica — é o desliga/liga (start/stop) nas paradas não ser artificial, já que motor elétrico não precisa funcionar em marcha-lenta. O carro parou, ele para também.
E a boa notícia, dentro de um ano ter-se à disposição nas concessionárias Toyota um Corolla híbrido produzido no Brasil.
BS
Foto de abertura: Imprensa oficial
Algumas fotos dessa parte do Chile chamada Patagônia Verde: