O Golf GTI é daqueles carros que têm muita história para contar. Lançado em 1976 (já havia sido apresentado no Salão de Frankfurt de 1974), chegou ao mercado europeu com um motor 1,6-litro aspirado que produzia, para a época, espantosos 110 cv. Leve e pequeno, com esse motor o atrevido carrinho já atingia os 100 km/h saindo parado na casa dos 9 segundos. Um espanto na época! Só para traçarmos um paralelo, aqui no Brasil o Passat TS também foi lançado em 1976 e seu motor 1,6 produzia só 80 cv, mas o carro era bem rápido para os padrões brasileiros, chegando aos 100 km/h na casa dos 13 segundos. O segredo do Golf esportivo de 1976 era sua injeção multiponto, ainda mecânica, Bosch K-Jetronic, ao contrário do nosso Passat TS, a carburador.
Desde a apresentação do primeiro Golf GTI, muita água passou por debaixo da ponte. Foram várias gerações que foram crescendo e tornando-se cada vez mais tecnológicos e, graças a muita macarronada, arroz/ feijão e sucrilhos, foram ficando cada vez mais gordos e pesados. Aquele esbelto e ágil Golf de 1976 que não pesava mais que 900 kg, hoje já pode ser chamado de Fat Boy, um garoto de quase 1.400 kg. Claro que nesses 42 anos, quase 43, do primeiro Golf GTI, o carro avançou muito em sua estrutura de segurança de absorção de impactos e o próprio Golf foi crescendo geração após geração, transformando-se no atual hatch médio de muito conforto e com uma boa capacidade de porta-malas.
Para justificar a sigla GTI (Gran Turismo Internazionale), dentro da Volkswagen é preciso que o carro seja especial, com um desempenho e uma tecnologia em seu conjunto que não deixe dúvidas. Por isso, dizem alguns lá de dentro da fábrica, que só o Golf tem pedigree para ostentar a tal sigla sagrada. Aqui no mercado latino-americano, realmente o Golf GTI transformou-se em um desses bichos papões: Ele não exibe a tecnologia e o alto desempenho de um Audi RS 3 e seu preço, mas também não faz feio diante da torcida. Tem um design moderno e atraente, um belíssimo motor turbo 2.0 TSI que tem até mesmo a tecnologia de mesclar o melhor da injeção indireta para algumas situações e o melhor da injeção direta para outras.
O câmbio é automatizado de dupla embreagem (DSG) de 6 marchas e mostra um casamento perfeito com os 230 cv de 4.700 a 6.200 rpm e 35,7 m·kgf de 1.500 a 4.600 rpm gerados pelo motor. Quando o assunto é desempenho, essa dupla motor/câmbio não brinca em serviço: As trocas de marchas são rapidíssimas e, no mesmo momento, há um corte momentâneo na alimentação, provocando um ruído bem característico a cada troca de marcha. O ruído empolgante é a de um carro de corridas. Para quem gosta, um prato cheio. Os freios, a disco nas quatro rodas com todos os recursos, são muito eficientes e contêm com galhardia o peso do Fat Boy, mesmo em velocidade.
A direção eletroassistida beira a perfeição, tamanha é a sua precisão. Uma curiosidade do Golf GTI vendido em nosso mercado está relacionada à suspensão. Enquanto as versões 1,0 e 1,4 têm suspensão traseira por eixo de torção, apenas a versão GTI tem o privilégio de contar com sistema independente multibraço, mais refinado e destinado a desempenho mais esportivo, Nesse quesito, o Golf GTI impressiona: Com pneus 225/45R17, tem um ótimo comportamento em curvas de alta, média ou baixa velocidade e uma estabilidade direcional notável, principalmente perto de sua velocidade máxima de nada menos que 238 km/h. Realmente, esse Golf merece a sigla GTI honrosamente dada pela Volkswagen.
Mas sabemos que a esportividade não está apenas no desempenho ou no potencial mecânico e eletrônico, capaz de produzi-lo. Por isso, os mais de 42 anos que o Golf GTI é oferecido para aquele consumidor que gosta da esportividade, ensinou também a Volkswagen a saber caprichar no embrulho do presente. Além da excelente mecânica, que enlouquece e deixa feliz aqueles que gostam de velocidade, o Golf mostra que além de veloz o carro tem que parecer veloz. Nesse quesito, todos os detalhes aparentes, como rodas, faixas, cores, lanternas e faróis, o interior faz questão de lembrar a motorista e passageiros, que estão no interior de Golf GTI. Bancos, painel, volante, além dos mimos do ar-condicionado digital, frente/traseira, e do superssistema multimídia, o Golf GTI não deixa que o dono esqueça que está a bordo de um dos melhores esportivos oferecidos em nosso mercado.
A única questão que não quer calar: ele vale os quase 145 mil reais que custa? Sob esse aspecto, tudo é relativo. Se você tem o dinheiro, compre e divirta-se, você não se arrependerá. Mas é sempre bom lembrar que pela metade desse valor você compra um Renault Sandero R.S., que não tem os mesmos recursos tecnológicos, mas é possível comprar dois R.S. pelo preço de um GTI. A diferença de desempenho? Sandero R.S. faz de 0 a 100 km/h em 8 segundos e atinge os 202 km,/h de velocidade máxima, enquanto o Golf GTI, faz essa prova de aceleração em 7 segundos e chega a 238 km/h. Quem gosta, compra o mais caro e paga pelo melhor desempenho, enquanto os mais racionais ficarão com o carro mais barato e guardarão mais de 70 mil da diferença entre eles.
DM
Fotos: Paulo Keller