A nova versão Outsider do Kwid, além de trazer uma aparência mais ousada e jovial ao carro urbano da Renault, traz também uma melhoria no sistema de freio e uma maior conectividade com a implementação da nova central multimídia.
Na dianteira do veículo nota-se a adição de molduras nos faróis de neblina e uma imitação de placa de deslizamento na cor prata na região central e inferior do para-choque. Similarmente no para-choque traseiro temos também a imitação de placa de deslizamento, dando assim harmonia ao design.
Barras longitudinais foram adicionadas ao teto do veículo, porém essas não podem ser utilizadas para carga, tendo apenas a função estética. Nas laterais há apliques em plástico preto na mesma tonalidade das barras do teto e demais detalhes e molduras dos para-lamas e para-choques. Todo esse visual exterior é complementado por calotas na cor preta com um bonito design de seis raios, porém os parafusos de roda poderiam receber um acabamento na cor preta também.
No interior do veículo a versão se destaca através de vários detalhes na cor laranja aplicados as laterais de porta, volante de direção, painel de instrumentos e bancos. Os bancos apresentam também o nome ‘Outsider’ bordado no encosto dianteiro. Como no exterior, o interior tem uma bonita harmonia de cores e design, sem ser muito carregado na proposta.
Conectividade
A central multimídia que estreia no suve dos compactos, como o Kwid é descrito pela Renault, é chamada de série Media Evolution, com tecnologia Android Auto e Apple CarPlay, que permite usar Spotify, Waze, Google Maps (Android Auto) e reproduzir áudios de WhatsApp na tela tátil de sete polegadas, com ótima precisão de toque.
O funcionamento e operação da central multimídia é bem fácil e intuitivo, não trazendo dificuldades para qualquer nível de conhecimento do usuário. A única ressalva é quanto à necessidade de conectar o celular através de cabo para que as tecnologias Android Auto ou Apple Carplay funcionem.
Destaque para o botão identificado como uma lua crescente, simbolizando noite, no canto superior esquerdo da tela da central multimídia: ao ser premido a tela é apagada. Um recurso muito útil para dirigir à noite, evitando o ofuscamento. A tela da central multimídia é utilizada também para projetar as imagens da boa câmera de ré, facilitando aquilo que já é muito fácil, estacionar o Kwid de apenas 3.680 mm de comprimento e 1.579 mm de largura.
Um computador de bordo é oferecido e as informações são autonomia, consumo médio, velocidade média, combustível consumido) e hodômetros parcial e total. Fica a ressalva para o botão de seleção de função e zeragem, localizado no quadro de instrumentos, e de difícil acesso com o veículo em mov9mento.
Os dados do computador de bordo de velocidade média e consumo médio de combustível são replicados na central multimídia através da página Driving Eco2 / Relat. Viagem. Para mim as fontes utilizadas nessa página poderiam ser um pouco maiores e com cores mais contrastantes com fundo, principalmente quando a opção é pelo fundo claro.
Na estrada
Após pegar o Kwid na TSO, empresa que administra a frota de imprensa da Renault em São Paulo, no bairro Alto de Pinheiros, percorri um pequeno trecho urbano e já estava na marginal do rio homônimo e dali peguei Rodovia dos Bandeirantes para Campinas, onde resido. Portanto, o meu primeiro contato com o Kwid Outsider foi no asfalto da “Autobahn” paulista, onde não apresentou nenhuma dificuldade para manter uma velocidade de cruzeiro de 110~120 km/h.
Antes do Outsider, o meu primeiro contato com o Renault Kwid havia sido em 2017 em um circuito fechado fazendo uma avaliação comparativa com outros modelos. Naquele momento e naquelas condições, o comportamento de rolagem da carroceria do Kwid foi algo que me incomodou e cheguei a comentar aqui no AE com o J.J. e o Bob. Já neste novo contato em estrada aberta, essa característica de rolagem não incomoda, apesar de ser notada.
A grande novidade na parte mecânica do Kwid Outsider (e da linha toda) é o novo freio dianteiro, agora com discos ventilados e maior diâmetro dos pistões das pinças, do cilindro-mestre e da câmara de vácuo do servofreio. Esse novo conjunto traz uma ótima sensação de frenagem, sendo bem positiva a relação curso x esforço x desaceleração. Apesar do Bob ter comentado em suas primeiras impressões ao dirigir o Outsider que a ponta do sapato não tocava mais a haste do pedal de freio por seu curso ter diminuídi, para mim segue incomodando. Culpa seja do meu calçado 43?
No geral, o desempenho do veículo merece elogios, pois o pequeno motor da família SCe (Smart Control Efficiency) de três cilindros e 999 cm³ tem 4 válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas no cabeçote de acionamento por corrente, bloco e cabeçote em alumínio, e potência de 66/70 cv a 5.500 rpm e torque de 9,4/9,8 m·kgf a 4.250 rpm, suficiente para propulsionar o carro de 806 kg nesta sua nova versão. Esse bom desempenho é ajudado pelo câmbio com ou ótimo escalonamento de marchas e alavanca com engates bem precisos. A ré é “perna de cachorro” para frente ao lado da primeira, enquanto em outros Renault fica sob a 5ª marcha.
Trafegando a 120 km/h (3.870 rpm, 5ª) na Rodovia dos Bandeirantes que tem um asfalto muito bom para o padrão brasileiro, nota-se que o nível de ruído de rodagem, aspereza e ruído de vento são um pouco altos, porém aceitável para um veículo de baixo custo e com a proposta predominante para uso urbano.
O comportamento dinâmico desse Kwid está longe de ser apaixonante ou um real “fun to drive” mas não desagrada como um todo. Tem um bom equilíbrio de movimentação entre dianteira e traseira, passando bem nas ondulações de baixa amplitude e baixa frequência que encontramos nesta condição de piso.
O sistema de direção eletroassistida, que se mostrou bem leve e preciso nos primeiros quilômetros na cidade, ao entrar na rodovia e com velocidades mais altas apresenta uma boa progressão no nível de esforço, porém a pouca definição de centro exige atenção redobrada para manter o veículo em linha reta, o que é acentuado pela alta sensibilidade a ventos laterais de média intensidade devido ao baixo peso do veículo.
Na cidade
Realmente o Renault Kwid foi concebido para trajetos urbanos e na sua versão Outsider não é diferente. O carro é fácil de dirigir, o esforço da embreagem e demais comandos como alavanca de câmbio, pedal de acelerador, pedal de freio e direção são todos otimizados para este tipo de uso, dando leveza e suavidade na condução do carro.
Talvez pela maior altura livre do solo (180 mm) e por ter a suspensão bem firme, existe um maior apetite para se passar em velocidades mais altas pelas lombadas (a praga nacional) e neste momento nota-se o pequeno curso da suspensão dianteira, tanto em extensão como em compressão. O final de curso de extensão é notado com o ruído característico chamado “queda de roda”, o que seria facilmente resolvido utilizando o batente hidráulico dentro dos amortecedores dianteiros.
Na descida da lombada o batente de compressão na suspensão dianteira também entra com bastante intensidade, porém não vem acompanhado por nenhum ruído objecionável, o que certamente deve passar despercebido pela maioria dos usuários. Fica a preocupação apenas com a durabilidade dos batentes da suspensão após 20-30 mil quilômetros em nossas cidades.
Dirigir o Kwid Outsider em trânsito urbano é superfácil e agradável, pois além de todos os comandos otimizados para um baixo esforço de atuação, a visibilidade do veículo também é muito boa, para o quê os bons espelhos retrovisores externos (com ajuste elétrico) contribuem. O volante de direção tem um bom diâmetro (370 mm), permitindo boa visibilidade do painel de instrumentos, e com uma boa “pega” dada pelos ressaltos posicionados junto ao bordo interno do aro.
O tamanho do porta-malas, tanto em volume (290 litros) como em dimensões surpreende positivamente, sendo possível acomodar com facilidade as compras de mercado do dia a dia ou bagagens para viagens de curta duração.
Consumo
O que mais me agradou nos sete dias em que fiquei com o Kwid Outsider foi o consumo de combustível. Pelos dados divulgados pela Renault — os de homologação Inmetro — na cidade a versão faz 14,1/9,6 km/l. Na estrada, 15,4/10 km/l.
Curioso é que neste período avaliado eu obtive 17,2 km/l com gasolina no uso combinado em cidade e estradas de baixa velocidade (60-80 km/h). Já em estrada de maior velocidade (120 km/h) o consumo médio caiu para 14,5 km/l, ambos com gasolina no tanque. Estes dados mostram novamente a otimização do carro para uso urbano. Lembro que a minha condição de tráfego em cidade tem um nível de congestionamento bem mais tranquilo do que São Paulo ou Rio.
O medidor de combustível
Apesar do excelente consumo de combustível, a calibração boia do tanque/marcador de combustível deixou a desejar. O ponteiro do indicador de combustível move-se devagar entre tanque cheio e meio tanque, e após atingi esse ponto o ponteiro acelera e chega rapidamente à reserva, acompanhado de grande imprecisão no resultado da autonomia, a ponto de pegar o motorista de surpresa, como descrito a seguir.
Saí de Campinas para um bate e volta a São Paulo com o marcador indicando meio tanque e a autonomia, 300 km. Seria mais do que suficiente para os 240 quilômetros que iria percorrer. Cheguei em São Paulo com 180 km de autonomia, até aqui dentro do esperado. No retorno a Campinas à noite e com ar-condicionado desligado, após 50 km rodados, na altura de Jundiaí, a autonomia já indicava apenas 100 km, e seguiu descendo de 5 em 5 km a praticamente cada km rodado. Com 70 km rodados e faltando 50 km para chegar em casa a autonomia era de 75 km, e acendeu a lâmpada de reserva. No quilômetro seguinte a autonomia passou a ser zero — Isso mesmo, três tracinhos horizontais. Reduzi a velocidade de cruzeiro para 100 km/h e parei no primeiro posto de abastecimento, evitando assim uma pane seca e, consequentemente, um dissabor e uma multa de R$ 130,16 e 4 pontos na CNH pela falta de combustível.
A linha Kwid
Com a chegada da versão Outsider, a linha Kwid agora apresenta quatro versões de acabamento: Life, Zen, Intense e Outsider, nas opções de cores Orange Ocre, branco Marfim, vermelho Fogo, branco Neige, prata Étoile e Preto Nacré.
Versão Life – R$ 33.290 – Principais itens de série: rodas 14”, duas bolsas infláveis frontais (obrigatórias),duas bolsas infláveis laterais, engate Isofix para dois bancos infantis, predisposição para rádio e indicadores de troca de marcha e de condução.
Versão Zen – R$ 38.790 – Principais itens de série: os da versão Life, mais direção eletroassistida, rodas Flexwheel, ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, rádio com Bluetooth e entradas USB e AUX.
Versão Intense – R$ 41.890 – Principais itens de série: os da versão Zen, mais faróis de neblina cromados, Media Evolution com Android Auto, Apple Carplay e câmera de ré, abertura elétrica do porta-malas, e chave dobrável. Além de diferentes detalhes de acabamento externo e interno.
Versão Outsider – R$ 43.990 – Principais itens de série: os da versão Intense, mais barras de teto, placas de deslizamento dianteira e traseira, moldura dos faróis de neblina, proteção lateral, calotas na cor preta, detalhes em laranja no volante, câmbio, portas e bancos.
GB
FICHA TÉCNICA RENAULT KWID OUTSIDER | |
MOTOR | |
Designação | B4D |
Descrição | 3-cil em linha, dianteiro transversal, bloco e cabeçote de aluminio, comando no cabeçote acionado por corrente, 4 válvulas por cilindro, aspiração atmosférica, injeção no duto, flex |
Diâmetro x curso (mm) | 71 x 84,1 |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 66/70/5.500 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 9,4/9,8 m.kgf @ 4.250 |
Taxa de compressão (:1) | 11,5 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo SG1, manual de 5 marchas à frente e uma à ré |
Relações das marchas (:1) | 1ª 3,769; 2ª 2,048; 3ª 1,290; 4ª 0,949; 5ª 0,791; ré 3,54 |
Relação de diferencial | 4,38 |
FREIOS | |
Dianteiro (tipo, Ø mm) | Disco ventilado/n.d. |
Traseiro (tipo, Ø mm) | Tambor/n.d. |
Descrição | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, ABS (obrigatório) |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | McPherson, triângulo inferior, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida |
Voltas entre batentes | 3,5 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço com calota, 5Jx14 |
Pneus | 165/70R14H |
Estepe | Igual às demais rodas |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 806 |
Carga máxima | 375 |
Peso bruto total | 1.181 |
Reboque máximo sem freio/com freio | n.d. |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |
Comprimento | 3.680 |
Largura sem/com espelhos | 1.579 / n.d. |
Altura | 1.474 |
Distância entre eixos | 2.423 |
Bitola dianteira/traseira | n.d. |
Altura do solo | 180 |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | n.d. |
Área frontal calculada (m²) | 1,86 |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 290 |
Tanque de combustível | 38 |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 152/156 |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 15,5 / 14,7 |
Relação peso-potência (kg/cv, G/A) | 12,2/11,5 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 14,1 /9,6 |
Estrada (km/l, G/A) | 15,4 /10,0 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 na última marcha (km/h) | 31 |
Rotação a 120 km/h em 5ª (rpm) | 3.870 |
Rotação à veloc.máxima em 4ª (rpm) | 6.050 |
GARANTIA | |
Termo | 3 anos |