HYUNDAI HB20S EM TESTE NO USO (COM VÍDEO)

O primeira e única matéria sobre o Hyundai sedã, que atende pelo nome de HB20S, foi no seu lançamento em março de 2013, assinada pelo então editor Carlos Maurício Farjoun. A marca, no caso a produzida aqui em Piracicaba, SP, a partir de setembro de 2012, nunca teve presença forte no AE por conta de rusgas de relacionamento com a área de imprensa da Hyundai Motor Brasil que começou ao não nos convidar para o lançamento.

Mas isso acabou com a mudança de esquema de assessoria e chegou o momento de testar o sedã sul-coreano.

Interessante notar que o carro, de preço público R$ 72.990, mudou quase nada desde então, mas em setembro de 2015 veio o câmbio automático epicíclico de 6 marchas no lugar do 4-marchas. O excelente motor Gamma 1,6 de 16 válvulas é o mesmo com sua excepcional potência de 122/128 cv a 6.000 rpm e torque de 16 m·kgf a 4.500 rpm e 16,4 m·kgf a 5.000 rpm. Não há injeção de gasolina para partidas a frio estando abastecido com álcool, nada de reservatório portanto.

A maior evidência de poucas mudanças é a unidade testada ser 2017/2018, em que as únicas mudanças para 2019 são o multimídia blueMedia que inclui os espelhamentos de telefones celulares conhecidos e alterações sutis na grade frontal, mudanças que foram aplicadas nesse carro do teste para atualizá-lo. Mas, lamentavelmente, o câmbio manual de seis marchas deixou de ser oferecido.

O HB20S é um sedã compacto de 4.230 mm de comprimento com entre-eixos de 2.500 mm, 1.680 mm de largura (sem espelhos) e 1.470 mm de altura. Poderia ser um seis-janelas, mas a Hyundai decidiu que as duas pequenas seriam apenas “de imitação”, uma pena.

Seu porta-malas não está entre os maiores da categoria, mas acomoda razoáveis 450 litros com conveniente vão de abertura é 1,28 m x 0,43 m. Ponto negativo, o único, é o espaço no banco traseiro apenas suficiente segundo a metodologia “testador atrás do testador” do AE que, mesmo empírica, dá uma boa ideia desse importante espaço.

O que não tem

O que o HB20 não tem é: controle de velocidade de cruzeiro, DRL (só assinatura em LED com luzes ligadas), borboletas para trocas manuais de marchas, modo S no câmbio, controle de neutro, monitoramento da pressão dos pneus, cinto de três pontos e apoio de cabeça para o passageiro do meio do banco traseiro, interruptor externo para abrir a tampa do porta-malas (só por comando interno e pelo controle remoto da chave), luz traseira de neblina, modo, função pisca-3 da seta, função de piscar luzes freio nas frenagens fortes, reostato da luz dos instrumentos e faixa degradê no para-brisa..

De resto, só atributos como rodas de liga de alumínio, bolsas infláveis laterais além das obrigatórias frontais, cintos dianteiros com pré-tensionador, destravamento automáticos das portas em caso de acidente, engates Isofix com pontos de fixação superior para dois bancos infantis, repetidoras de seta nos espelhos, estes sendo  dobráveis automática ou manualmente, ar-condicionado automático digital, apoio para o pé esquerdo, descansa-braço escamoteável no banco do motorista, três alças de teto, computador de bordo com 8 funções, aviso da próxima revisão (tempo e quilometragem), porta-óculos, ajuste de altura e distância do volante de direção, e a citada central multimídia blueMedia que inclui tevê. Mais itens podem ser conhecidos na lista de equipamentos no final.

Como anda

É dirigindo que se percebe a qualidade do conjunto deste Hyundai e fica evidente que quem definiu o package, ou tudo que diz respeito ao interior, conhece e gosta de automóvel. O volante de 370 mm de diâmetro e quatro raios revestido de couro é perfeito de ser manuseado e a direção com assistência, mesmo hidráulica, é superlativa.

O motor, mesmo desprovido de injeção direta, é uma obra-prima em desempenho e suavidade, e o câmbio automático, perfeito. Não tem modo S, mas ao passar para operação manual as trocas são bem rápidas. As trocas ascendentes ocorrem sempre a 6.000 rpm, a rotação de potência máxima, seja em automático ou manual. Não há aceleração interina nas reduções, mas o acoplamento das marchas inferiores é bem dosado, sem o menor tranco.

Não há controle de neutro, mas não há sensação de motor fazendo força estando o carro freado, trepidação praticamente nenhuma. O avanço lento começa bem suave sempre. O conversor de torque bloqueia-se da quarta marcha em diante. A 120 km/h, velocidade verdadeira, o motor vai sereno a 2.750 rpm. O ruído de rodagem está entre os mais baixos.

À sua frente o motorista vê o quadro de instrumentos “Wolfsburg” no qual a elegância dos finos ponteiros vermelhos agrada à vista. O computador de bordo, de leitura exibida no centro do quadro, tem nada menos que oito funções — autonomia, consumo médio, consumo instantâneo, tempo de viagem, hodômetro parcial (percurso A e percurso B), aviso de revisão e velocidade instantânea em formato digital que repete o velocímetro. Seu comando é por botão de apertar marcado “Trip” no painel ao lado do velocímetro, fácil de usar.

A suspensão é o trivial porém eficaz binômio McPherson-eixo de torção dianteira-traseira que prima por ótima calibração na conciliação conforto de rodagem-estabilidade. Não é informada a relação de direção, mas não se sente ser lenta. Estimo que esteja na faixa 15:1~15,5:1.

A escolha dos pneus é adequada para o carro de 1.086 kg, 185/60R15H (Pirelli P1 no carro testado), por prover a aderência lateral esperada. O perfil 60 é adequado para o nosso conhecido mau piso e distância mínima do solo de 165 mm proporciona bom grau de tranquilidade no transpor lombadas, valetas e rampas de garagem.

A fabricante indica aceleração 0-100 km/h em 11,0/10,6 segundos, resultado da relação peso-potência de 8,8/8,5 kg/cv. O Cx 0,33, razoável, com área frontal inferior a 2 m², ajuda na velocidade máxima de 187/191 km/h em 5ª com motor a 5.700 rpm.

Relação peso-potência baixa e aerodinâmica razoável, mais o brio de motor que dá banho na concorrência de mesma cilindrada e aspiração, proporcionam adequado consumo de combustível. Na cidade, 10,2/7,0 km/l e na estrada, 12,9/9,3 km/l. No habitual percurso residência em Moema–Maison Blanche na Estrada dos Romeiros, 51 quilômetros, o computador registrou 10,9 km/l de álcool ante os 9,3 km/l na estrada oficiais. Rodando na cidade, o consumo ficou sempre entre 9,2 km/l e 10,5 km/l com o combustível de origem vegetal.

Motor, câmbio, suspensão, direção e freios (disco ventilado-tambor com perfeita servoassistência) me permitem dizer ser o HB20S um carro que um autoentusiasta apreciará, mesmo sendo automático. Os bancos dianteiros têm boa conformação e encaixam bem o corpo. O revestimento é de material sintético que imita couro, bem agradável.

Há detalhes que agradam, como ser desnecessário pisar no freio para dar partida no motor, o subir marcha pela alavanca seletora tocando-a para frente, haver pinos  para prender sobretapetes, os espelhos serem dobráveis eletricamente a escolher por comando manual ou automático ao trancar o veículo. E a buzina que permite o toque cortês que uma certa e conhecida marca se recusa a prover.

O HB20 sedã vende bem menos que o hatchback, 9.487 unidades contra 34.738 do vice-líder em vendas no primeiro quadrimestre do ano. A escolha de qualquer produto é sempre algo pessoal, mas tem gente que não sabe o que está perdendo.

Assista ao vídeo:

BS