MERCEDES-BENZ C 200 EQ BOOST, UMA GRANDE SACADA (COM VÍDEO)

Por que o título? Porque este Mercedes-Benz Classe C de quarta geração (2014 com facelift em 2018), além de oferecer tudo o que se conhece da marca de 95 anos — criada em 1926 com a fusão da Benz & Cie e da Daimler Motoren Gesellschaft, surgindo a Daimler-Benz AG (atual Daimler AG) — traz duas características incríveis, inéditas no mundo automobilístico.

Uma, a eliminação do motor de partida como conhecemos há 108 anos, quando o americano Charles Franklin Kettering (1876-1958) criou um mecanismo eletromecânico que punha o motor em funcionamento ao se fechar um contato elétrico. A criação do motor de partida é sem nenhuma dúvida o fator que mais contribuiu para a popularização do automóvel.

No C 200 EQ Boost, o que põe o motor para parar funcionar é o alternador, em função invertida e alimentado por energia elétrica proveniente de uma bateria de 48 volts, acionando o virabrequim por meio de uma reforçada correia dentada.

A bateria é carregada pelo próprio alternador que deixa de ser motor durante as desacelerações espontâneas (pé fora do acelerador) ou ao frear.

Outra característica inédita é um novo formato de roda-livre, do qual falarei adiante.

Mas o  uso do alternador para dar partida não é novidade. .Em 2004, a PSA lançou o Citroën C3 versão Start & Stop usando o alternador para essa finalidade em razão das múltiplas utilizações de religar o motor no tráfego urbano após cada parada, o que impõe severo trabalho ao motor de partida tradicional, especialmente na parte do engate mecânico do pinhão com a coroa dentada do volante do motor.

Tive oportunidade de dirigir esta versão do C3 numa viagem à França a convite da Citroën e fiquei encantado de ver o motor pegar sem o tradicional ruído mecânico r e o típico cantar de engrenagens de dentes retos.

A novidade nesse Mercedes C 200 EQ Boost, agora sim, é além de fazer a o motor funcionar, o alternador/motor de partida fornecer potência de 14 cv ao motor a combustão assim que este é acelerado, dando mais vigor à saída da imobilidade, situação em que a turbina do turbocompressor ainda não teve tempo de embalar. Assim, durante toda a faixa de funcionamento do motor 4-cilindros 1,5 litro (1.497 cm³) turbo de 183 cv de 5.800 a 6.100 rpm, a sua potência sempre é sempre reforçada com 14 cv, chegando ao total de 197 cv.

É daí que vem EQ, sigla, em alemão, de inteligência elétrica, para ajudar o motor a combustão — o boost.

O mesmo com o torque de 28,5 m,kgf de 3.000 a 4.000 rpm, que é acrescido de 16,3 m·kgf e totaliza 44,9 m·kgf. O resultado dessa cooperação é aceleração 0-100 km/h em 7,7 segundos e velocidade máxima de 239 km/h. Nada mau. Ajuda o peso relativamente contido do veículo, 1.505 kg e, em muito, o Cx de apenas 0,24 e a área frontal corrigida de 0,5 metro quadrado.

Esse motor, denominado M264, é um acréscimo à família de motores da marca que contraria a tendência de motores com curso dos pistões maior que o diâmetro dos cilindros ao medir 80,4 mm x 73,7 mm. Esse curso significa que à rotação de potência máxima (6.100 rpm), a velocidade média de pistão é de somente 15 metros por segundo.

Seu turbocompressor é de dupla voluta e a válvula de alívio é elétrica de controle eletrônico. Outra característica do motor M264 é não ter variador de fase nos comandos de válvulas, mas variação do levantamento de válvulas — um menor e outro maior — que a fábrica chama de Camtronic.

Acoplado ao motor está o câmbio automático epicíclico de nove marchas, o 9G-Troniic, da própria Daimler AG.

Roda-livre diferente

A roda-livre, recurso conhecido já no final do anos 1930, significa o veículo seguir rodando pela inércia apenas após o câmbio desengatar-se automaticamente ao se levantar o pé do acelerador. O objetivo é diminuir o consumo de combustível, já que o veículo não é freado pelo motor e desperdiçando a energia cinética  Há quem se lembre do DKW-Vemag, fabricado aqui de 1956 a 1967, que tinha roda-livre mediante um acoplamento unidirecional que podia ser bloqueado pelo motorista, se desejado.,

Na árdua  luta para fazer os veículos consumirem menos combustível e, por conseguinte, emitirem menos dióxido de carbono (CO2), um dos gases que se acumulam na troposfera e na estratosfera terrestre a impede que o calor da Terra se dissipe no espaço, num verdadeiro efeito estufa, com isso provocando aumento da temperatura do planeta e levando a mudanças climáticas, a roda-livre está de volta. Ela começou a aparecer em alguns câmbios automáticos, como nos do carros do Grupo Volkswagen, embora certamente já haja em outros carros. Basta tirar o pé do acelerador que o câmbio fica em neutro e o motor fica funcionando em marcha-lenta. É o mesmo efeito da chamada banguela.

Nesse Mercedes C 200 EQ Boost a roda-livre foi além: o motor desliga! Enquanto antes havia consumo de combustível, mínimo mas havia, agora o consumo é zero enquanto o veículo segue exclusivamente no embalo.

Essa nova estratégia de roda-livre só foi possível graças à direção eletroassistida, que não depende do motor funcionando como nos sistemas de assistência hidráulica (seria possível no sistemas de assistência eletro-hidráulica), e a salvaguardas como caso o vácuo na câmara do servo-freio baixar de determinado valor o motor entrar em funcionamento instantaneamente, o mesmo ocorrendo se a declividade da via passar de 2%; ou se a carga da bateria baixar de 75%.. É necessário que o câmbio esteja no modo ECO para essa e outras rodas-livres entrarem em ação e que a velocidade não seja maior que 120 km/h.

O consumo de homologação dessa versão é 9,2 km/l na cidade e 12,6 km/l, na estrada, gasolina comum ou aditivada (não é flex). No vídeo eu digo que obtive 13.4 km/l no nosso padrão Moema, onde moro, até à curva AE, 51 quilômetros. Mas pode consumir menos se a roda-livre for aproveitada ao máximo, uma vez que a aerodinâmica do Classe C é excelente. O quanto o carro anda com motor desligado é mesmo surpreendente.

O carro como um todo

O Classe C, que é produzido na fábrica Mercedes em Iracemápolis, SP, inaugurada em 2016, é um sedã de tamanho grande o suficiente para proporcionar conforto sem ser inconveniente no denso tráfego urbano. Mede 4.686 mm de comprimento com entre-eixos de 2.840 mm, 1.810 mm de largura da carroceria e 1.442 mm. Tem um rodar bem agradável, macio, ao mesmo tempo capaz de ser dirigido com vigor.

O posto de pilotagem é tipicamente alemão, preciso, com destaque para a pequena  e jeitosa alavanca seletora de câmbio na coluna. O quadro de instrumentos é virtual e configurável.

Tem controle de estabilidade e tração, distribuição eletrônica das forças de frenagem, ABS (obrigatório), freios adaptativos, assistente de frenagem de emergência, assistente de partida em aclives, pré-carregamento dos freios, secagem de freios e freio de estacionamento automático nas paradas.

Os faróis de LED tornam a noite em dia, enfim, tudo o que se espera de um carro dessa estirpe e preço — R$ 236.900. A lista de equipamentos, em seguida à ficha técnica, informa em detalhes o conteúdo da versão.

BS

Assista ao vídeo:

No elevador

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