Ontem saí de uma pizzaria famosa de São Paulo, na região dos Jardins, para ir para casa. Era 11 da noite. Peguei a av. Faria Lima, de trânsito normalmente pesado durante o dia, achando que àquela hora o fluxo estaria melhor. Que nada!
De repente, o trânsito parou. Avançava-se milimetricamente. Imaginei algo sério ter ocorrido, tipo atropelamento ou acidente com veículos.
Até que se descortinou à minha frente uma gigantesca operação policial — a causa do congestionamento, faixas demarcadas com cones, um monte de policiais militares, quase uma operação de guerra: Operação Lei Seca rebatizada Operação Direção Segura. Me deu revolta e nojo.
Dentro de uma faixa demarcada, uma PM mandou-me parar, abrir a janela e acender a luz interna. Perguntou se eu havia ingerido bebida alcoólica, respondi que não. Perguntou se eu sopraria no etilômetro, respondi que sim. Colocou o aparelho próximo da minha boca (sem contato, novo tipo), que tem uma coroa luminosa acesa. Soprei e a luz apagou, sinal de que não havia álcool no meu ar alveolar (dos pulmões) e me liberou.
Tudo errado. Essa “Operação Direção Segura” começou com governador Geraldo Alckmin e foi herdada pelo “ex-prefeito cinquentinha” e atual governador, João Dória Jr.
Tudo errado porque “direção segura” é longe de se resumir ao indivíduo estar com até 0,04 ml de álcool por litro de ar alveolar. Se assim se fosse, todos os problemas de má condução, e são muitos, estariam resolvidos.
Tudo errado porque não se para um cidadão em seu veículo para fiscalizá-lo se este nada praticou de errado ao dirigir ou o veículo tem alguma irregularidade, a menos que haja ordem judicial.
Tudo errado, como já escrevi em Lei Seca, a lei abusiva e irresponsável, porque quem está com alcoolemia entre 0,05 ml e 0,33 ml de álcool por litro de ar alveolar é considerado bêbado, “dirigindo sob influência”, e NÃO está. Até hoje ninguém provou o contrário.
Tudo errado porque esses “bêbados” são multados em R$ 2.934,70 — verdadeiro assalto ao etilômetro na mão — e têm a CNH suspensa por 12 meses
Tudo errado porque não se criam engarrafamentos, como neste caso. Ambulâncias, carros do Corpo de Bombeiros e viaturas policiais podem ficar retidos.É inequívoco abuso — burro — de autoridade.
Tudo errado porque é impor ao cidadão uma dificuldade de transitar numa cidade onde normalmente já é difícil
Tudo errado porque a força policial não pode “pegar peixe jogando a rede, mas ir atrás do peixe” — “a Rota na rua”, como dizia o governador Paulo Maluf.
Tudo errado porque todo esse elenco de absurdos se espalha como um câncer em outros municípios e estados, já que ganhar dinheiro fácil é gostoso e vicia.
Há de se encontrar uma maneira de pôr um fim a esse lamentável estado de coisas. Talvez o Ministério Público Estadual ou mesmo Federal.
BS