Olá, amigos leitores.O ano de 2020 começa agora e quero desejar um ano sem igual para todos que acompanham o AUTOentusiastas, porém o assunto dessa nova série de matérias será automóveis que aceitariam o termo “sem igual”, porém, na realidade são iguais (ou parecidos) com grandes ícones das ruas e pistas.
A motivação para essa sequência de matérias deve-se a dois fatos que aconteceram no final de 2019: o primeiro deles, o filme “Ford x Ferrari”, o longa-metragem que mostra a história da rixa entre as marcas americana e italiana, e embora conte com Matt Damon (como Carroll Shelby) e Christian Bale (como Ken Miles) nos papéis de destaque, os carros é que são os verdadeiros protagonistas.
O filme é excelente! Quem não assistiu tem que dar um jeito de fazê-lo. O som dos carros é bastante fiel, as cenas são muito bem captadas e a atuação é muito boa. Ken Mlles está tão bem representado que em alguns momentos é possível jurar que se trata do próprio.
Tudo bem, quem conhece bastante da história vai notar que alguns detalhes foram suprimidos, é claro, mas para contar essa trama em apenas duas horas e meia é óbvio que se faz necessário resumir alguns pontos. Afinal de contas, até mesmo num livro sempre há alguns resumos de pedaços menos importantes da saga.
Mas, voltemos ao que realmente nos interessa, os carros! O GT40 e o Cobra são os dois veículos que mais aparecem, e todos são réplicas. Mas outros automóveis do filme também são réplicas e, prepare-se, amigo leitor, o mais incrível é que um bom número desses carros são brasileiros! Os três Porsches 356 são modelos feitos aqui no Brasil: eEsse é o segundo fato importante de 2019 e que, de fato. levou a esta matéria..
A foto de abertura mostra a réplica do Shelby Cobra produzido pela Indústria de Plástico Reforçado Claspac e na foto abaixo a reprodução de peça publicitária da fabricante citando matéria da revista Quatro Rodas edição de março de 1982;
A Chamonix, empresa paulista que virou referência nas décadas de 1990 e 2000 como construtores de modelos inspirados nos Porsche 550 Spyder e Porsche 356, esse último tanto na versão roadster quanto na versão coupé. Os carros inicialmente tinham o motor Volkswagen arrefecido a ar, com dupla carburação, mas com o tempo outra opções de motorização surgiram, incluindo os motores mais modernos da VW — AP 1800 e 2000, carburados ou injetados, aspirados ou turbo.
Algumas matérias da época trataram os Chamonix como a melhor réplica de Porsche existente. Os pontos de apoio para justificar a assertiva era o volume de veículos e o fato de a empresa exportá-los para os Estados Unidos. Algumas unidades foram tanto prontas quanto no formato de kit, nesse caso o carro ia sem rodas, pneus, amortecedores e o conjunto mecânico.
O Porsche 356 vermelho dirigido por Matt Demon, na cena em Carroll Shelby descobre sua doença no coração, é um Chamonix que foi exportado recentemente por Newton Masteguin, filho de Milton Masteguin que foi dono da Chamonix e, antes disso, sócio da Lumimari, a antecessora ds Puma Veículos e Motores, que dispensa maiores apresentações.
No filme ainda há outras réplicas que aparecem, por mais tempo, como o Cobra e o GT40, parte indissociável do filme. Os Cobras foram adquiridos de empresas americanas, mas, pasmem, nem todos foram feitos pela Shelby, que até hoje produz o modelo. Embora a Shelby tenha cedido alguns carros em regime de comodato, algumas outras carrocerias foram adquiridas da Shell Valley Classic Wheels Inc., que replica diversos modelos de veículos.
Algumas carrocerias do GT40 foram compradas, pela produção do filme, da American Classic Car (antiga e famosa Americar). Esses veículos haviam sido exportados em formato de kit para a filial da empresa em Miami, na Flórida, EUA. Lá o representante foi procurado e os produtores de arte da empresa Chermin Entertainment adquiriram os carros sem mecânica, apenas com os detalhes externos montados — alguns itens como faróis, lanternas, rodas, pneus, suspensão e todo o interior completo, porém com instrumentos sem funcionalidade.
Ok, nesse ponto o leitor deve estar imaginando que este é um texto sobre réplicas brasileiras no filme Ford x Ferrari. O fato é que até, agora só estou num prólogo para mostrar como a nossa capacidade de replicar automóveis acaba chegando a outros mercados.
A intenção aqui é mostrar algo além dos automóveis “fora de série” sobre os quais normalmente contamos as histórias como alternativas à falta de veículos importados (entre 1976 e 1991) e que satisfaziam os anseios daqueles que tinham recursos suficientes para andar num carro com visual diferente dos produzidos em série.
Então, na continuação, vamos falar um pouco de outras réplicas nacionais, que não aparecem em filmes hollywoodianos, mas ultrapassaram as fronteiras do Brasil.
PT