Sou casado e tenho dois filhos, um com 4 e outro com 7 anos. O menor tem sua bicicletinha aro 16, o maior estava sem bicicleta.
No fim de semana entrei nesses classificados de internet em busca de uma bicicleta aro 20 usada. Encontrei uma que fosse do agrado dele e cujo preço fosse do meu agrado. Combinei com o vendedor e fui buscar.
Tenho dois carros, um Polo MSI e um Escort Zetec. Decidi ir com o Escort, pois seu interior é um pouco mais comprido e de qualquer forma eu teria de rebater o banco traseiro. Só que meu filho estava ansioso por ir junto comigo ver a bicicleta, e não pude levá-lo pela falta da cadeirinha, o local era distante. Tive de ir sozinho.
Fiquei decepcionado, gostaria de ter levado a família junto. Nesse momento pus-me a pensar, que carro novo atualmente atenderia esse meu desejo/necessidade? Resposta, um Logan MCV — ou qualquer perua derivada de um hatch pequeno.
Em outras palavras, nenhum (a moribunda Weekend é precificada pela Fiat de modo a impedir que qualquer cidadão em sã consciência possa comprá-la como pessoa física, se é que já não saiu de linha nesse momento).
Lembrei de outra ocasião em que para a festa das crianças peguei emprestadas meia dúzia de cadeiras de plástico e uma mesa. Rebati o banco traseiro do Polo e trouxe os equipamentos sem problema, novamente sozinho. Eu não teria conseguido fazer isso em um sedã, ou as cadeiras não passariam pela abertura da porta-malas ou não caberiam dentro devido à altura. Dentre outros modelos de carros, já tive Escort SW, Citroën Berlingo, Peugeot Partner e Nissan Livina. E não encontro substituto para eles.
Aí vem a questão dos suves, antes que alguém afirme que eu poderia comprar um desses eu digo que para mim não servem por três motivos:
1) Os suves pequenos estão em faixa de preço superior à que eu posso e gostaria de pagar;
2) Os porta-malas dos suves pequenos estão longe de ter espaço similar aos das peruas, basta comparar o espaço da já mencionada Weekend com qualquer suve pequeno atual;
3) Eu simplesmente não gosto da posição alta de dirigir.
Soluções como comprar uma perua usada também não servem: um dia esses carros vão acabar, e eu estou falando de carro novo. O Brasil tem um mercado potencial estimado de uns 4 milhões de veículos por ano, estando há muito tempo entre os 10 maiores do mundo.
Será mesmo que não há mercado para essas peruas, desde que vendidas a preço próximo de suas versões hatch e não com diferença de 20 mil reais, que foi a forma que as fábricas encontraram para matar a SpaceFox e a Weekend?
Em um país pobre como o Brasil, será que todos esses 4 milhões de potenciais consumidores estão realmente dispostos a fazer um esforço adicional e se endividar mais para comprar um suve, como parece nos querer fazer crer os dirigentes das fábricas, porque lhes convém, já que a margem de lucro desse tipo de veículo é maior?
Que carro os donos de restaurantes, de comércios, de pequenas indústrias vão comprar, que tenha ao mesmo tempo preço acessível, possa ser usado para carregar mercadorias e também transportar a família? E o mercado de usados, daqui 10 ou 20 anos os pedreiros e pintores continuarão usando Quantum, Belina, Weekend e similares, esses carros vão resistir tanto tempo?
Será que é pedir muito, que essa enorme e poderosa indústria automobilística tratasse o consumidor brasileiro como gente digna e trabalhadora e não como um monte de tontos que compra carro com o intuito única e exclusivamente de fazer inveja ao vizinho (embora esse tipo de consumidor obviamente exista e não deva ser desprezado)?
Enfim, é muito pedir um carro simples, com preço acessível, que possa carregar minha família e suas bicicletas no porta-malas?
Diogo Oliveira Santos
São Paulo – SP
P.S.: Aceito sugestões de veículos disponíveis no Brasil que atendam aos requisitos que mencionei. Não tenho preconceito algum com marca ou modelo.