Tudo começou em 1971 quando Rino Malzoni, um dos sócios da Puma, desenhou e começou a desenvolver o primeiro protótipo de um esportivo de grande porte que utilizaria a mecânica do Opala, ainda novidade na época. Na prancheta de desenho, Rino foi guiado pelo modismo dos muscle cars americanos: traseira curta e frente alongada para receber motores de grande cilindrada e, é claro, com duas portas, além de um pequeno espaço no banco traseiro.
Esse primeiro protótipo do GTB (Grã-Turismo Brasileiro) era equipado com o motor 6-cilindros de 3,8 litros com carburador de corpo simples, como usado nos primeiros Opala. Em 1972, o carro foi mostrado pela primeira vez ao público no Salão do Automóvel daquele ano e surpreendeu. Afinal de contas, todos estavam acostumados com os “Puminhas” de motor boxer traseiro arrefecido a ar, então o 6-cilindros dianteiro era grande novidade.
Com uma estrutura pequena e contando com um número limitado de funcionários, a Puma só disponibilizou o carro para venda ao público em 1974, quando o modelo foi oficialmente lançado na edição daquele ano do Salão do Automóvel. A grande novidade do carro para o consumidor já era a utilização opcional do novo motor 250-S, de 153 cv (potência líquida) lançado em maio pela GM para uso em competição.
Nessa época, nossa indústria automobilística passava por uma fase de grandes e importantes lançamentos: em abril de 1973 chegou o Chevette, um mês depois o Dodge 1800, a VW lançou o Brasília em junho e neste mesmo mês a Ford apresentou o Maverick, inclusive a versão GT com motor 302 V-8.
O Puma GTB foi lançado em um período de velozes feras: enfrentou de cara o Maverick GT com motor V-8 de 5 litros e o Opala SS, isso sem falar no Dodge Charger R/T com seu também V-8 só que com 5,2 litros, produzido desde dezembro de 1970. O carro da Puma fez tanto sucesso que em sua fase áurea de vendas tinha até um ano de espera na fila de compradores. Lembrando que o GTB era, na época, o mais caro de todos os esportivos oferecidos no nosso mercado, até por sua produção artesanal e limitada.
Produzida até 1978, o GTB teve pouco mais de 700 unidades fabricadas durante 4 anos. No mesmo ano, a Puma reformulou o modelo, rebatizando-o para GTB Série 2, ou simplesmente S2. Essa nova versão tinha uma frente mais afilada, novas lanternas na traseira, apesar de estruturalmente ser o mesmo carro lançado em 1974.
No interior, itens como bancos revestidos em couro, ar-condicionado, direção com assistência hidráulica e vidros elétricos eram novas melhorias que davam ar de mais requinte ao esportivo. Além disso, o GTB S2 mantinha a linha de produção artesanal, o que garantia ao modelo uma boa dose de exclusividade. Esse S2, assim como a versão GTB, foi produzida até 1984, com pouco menos de 900 unidades fabricadas. Depois disso, em 1986, a Puma foi vendida para a Araucária S.A., sediada em Curitiba, e em 1988 teve todo o ferramental renegociado para a Alfa Metais, também do Paraná.
No início dos anos 90 a Alfa Metais relançou os Pumas com o nome de AM3 e AM4, cupê e conversível, respectivamente, agora com motor VW AP-1800, e GTB S2, rebatizado AMV, de Alfa Metais Veículos, mas com desenho frontal totalmente novo.. Mas, infelizmente, os carros já estavam algo obsoletos e com desempenho aquém dos principais concorrentes, como Ford Escort XR3, VW Gol GTS/GTi e Chevrolet Kadett GS/GSi. Além disso, os Pumas 6-cilindros tinham menos tecnologia e eram bem mais caros devido à sua baixa e artesanal produção, complicada pelo fato de o chassi ser próprio, já que o Opala era monobloco. E para complicar, o titular da Alfa Metais, Nívio de Lima, faleceu num acidente com seu AMV em 1992, o que afetaria bastante a atividade da empresa.
Mas, sem dúvida, os fogosos Puma GTB, GTB S2 e AMV deixaram saudades naqueles que curtem desempenho e estilo. O GTB, querendo ou não, foi um importante marco na história da indústria automobilística nacional, mesmo tendo sido produzidos pouco menos de 1.600 carros nos pouco mais de 10 anos em que teve vida comercial.
DM
Douglas Mendonça escreve sua coluna quinzenalmente às sextas-feiras. A publicação nesta segunda-feira é excepcional.
A coluna “Perfume de carro” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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