Os números de fevereiro mostram aparente animada, após a ressaca do mês anterior. Foram 200.997 emplacamentos totais, sendo 193.299 de veículos leves, ou 1,6% superior a mesmo mês do ano passado. Nada mau, pois este ano tivemos carnaval em fevereiro, o que significou 3 dias úteis a menos. Assim, utilizando o parâmetro bastante conhecido dos emplacamentos diários, tivemos uma média de 10.739, que supera até mesmo o número atingido em 2015, antes da grave crise que nos abateu.
Se considerarmos porém as vendas no varejo, outro importante termômetro de mercado, as figuras já não são tão flores. As concessionárias faturaram -3,7% automóveis e -6,1% de comerciais leves, em relação ao mesmo fevereiro de ’19. Houve um “boost” nas vendas diretas que saltou de 32,8% dos automóveis em janeiro, para 42,3% em fevereiro, o que acabou elevando o número total. Das 10 maiores marcas, seis delas tiveram queda no varejo, a Toyota ficou no zero a zero, VW cresceu 1%, Nissan 2% e Chevrolet 5% (ver quadro abaixo). Depois de um janeiro ruim, fechar o bimestre com -1% sobre ’19 não estava mal e apontava um ano promissor.
Porém, o otimismo do PIB de crescimento de 2,2-2,5% começava a arrefecer, vieram as primeiras revisões para baixo, por conta da demora em promover as reformas fiscal e administrativa, embates entre parlamento e executivo e um mundo esquisito lá fora. Conversei com alguns colegas do setor e já havia a sensação de que 2020 repetiria 2019 no total, ou talvez leve crescimento de baixos 3-5%, com algumas trocas de posição entre os players, quando os compradores correm atrás das novidades em detrimento daqueles sem lançamentos e com produtos envelhecendo.
Mas fevereiro teve o coronavírus que começou na China e em um mês a OMS (Organização Mundial de Saúde) o declarou como pandemia. Os efeitos no mundo e nas sociedades ainda estão para ser conhecidos, mas do outro lado do planeta já vimos alguns desastres. Vendas de veículos na China caíram 80% em fevereiro. A Itália foi o segundo país onde essa pandemia se espalhou e de ali para demais países da OCDE. O fator Brexit também aumenta a turbulência. Alguns fabricantes de autopeças europeus trabalham com prognósticos de 44% de queda naquele mercado na média dos próximos três meses. Os efeitos estão se mostrando muito mais devastadores que a crise de 2008, até então a maior de todas.
Enquanto escrevo esta coluna, assisto a uma sequência desastres sendo anunciados. O comércio de veículos ficará paralisado no mês de março em muitas capitais e cidades brasileiras e mundo afora. Produção também paralisada nos EUA, Canadá, países europeus e no Brasil. As consequências no setor de serviços são igualmente devastadoras, com emprego e renda fortemente afetados. Começáramos o ano bem e cheios de planos e agora temos de forçar o governo que se faça algo, estímulos econômicos anunciados que o mercado de capitais vem entendendo como insuficientes. A queda nas principais bolsas do mundo estão assustadoras.
RANKING DO MÊS E DO PRIMEIRO BIMESTRE
A GM seguiu mais líder que nunca graças ao ótimo desempenho da dupla Onix e Onix Plus, os dois modelos mais vendidos do mercado. Abocanhou 20% de participação entre os automóveis e 18,4% do total de leves, com 34.145 licenciamentos. E vem o novo Tracke (foto de abertura)r para impulsionar ainda mais as vendas da marca da gravata-borboleta. Sobre mesmo mês de ’19, a GM teve crescimento de 1,4%, mais ou menos em linha com o mercado.
A VW vem em segundo com 31.628 e um crescimento de 13% no bimestre e tem três modelos dentre os Top10 do ranking, respectivamente Gol, Polo e T-Cross, que liderou novamente o segmento de suves.
Fiat em 3º, Hyundai em 4º, Ford em 5º, Toyota, Renault, Jeep, Honda e Nissan fecham a lista dos dez primeiros. Notável o desempenho da CAOA Chery, em 11º e 56% de crescimento nos primeiros dois meses, ultrapassando as tradicionais Citroën, Peugeot e Mitsubishi no ranking.
Nos comerciais leves a dupla da Fiat Strada e Toro mantém seu predomínio, com 36% do total do segmento. A Strada nova já foi mostrada em fotos e deve reforçar a presença da marca italiana assim que estiver nas lojas.
O coronavírus também causou mudanças nos lançamentos. O novo Tracker ficou sem apresentação coletiva e não foi experimentado pelos jornalistas especializados, e a nova Strada provavelmente seguirá o mesmo caminho.
A pandemia chegou ao Brasil, fábricas anunciaram paralisação de produção e talvez tenhamos alguns lançamentos retardados.
Caberá a nós cidadãos brasileiros uma forte dose de conscientização e participação coletiva para conter o alastramento da doença Covid-19. Busquemos formas criativas de lidar com as dificuldades e até o mês que vem!
MAS