Coluna 3314 13.agosto.2014 rnasser@autoentusiastas.com.br
A Mercedes inicia vender a 5a. versão do seu Classe C. É o recordista da marca, vendendo 2,2 milhões de unidades. No Brasil puxa vendas e com ele, ora importado, e os futuramente produzidos em Iracemápolis, SP, 2016, quer liderar o mercado Premium, onde atuam Audi, BMW e Ford Fusion. O novo C tem inspiração no Classe S, nova referência mundial em conteúdo tecnológico, e integra o desafio mundial da gestão Dieter Zetsche, chefe mundial da Mercedes. Ano passado retomou a liderança no poderoso mercado dos EUA.
É projeto com princípio, meio e fim, instigando atrevimento para renovar os produtos e lançar novos, como a linha CLA e seu desdobramento GLA, utilitário esportivo a ser também nacionalizado, e ampliar a rede de revendedores.
Como é
A Coluna já descreveu o C. “Desta vez não há Pé de Boi”, explicou o diretor da Mercedes automóveis Dimitris Psillakis. A referência é de VW sedã 1200, entre 1965 e 1967, marcado por acabamento de franciscano residente em Esparta. E para quem sabe, sinaliza, as versões desequipadas, como a Classe C modelo 180, 4ª. geração e em últimas unidades, não terão vez.
Versões assemelhadas em conteúdo, bem fornido, bem cuidado, bancos modernos, painel e console com uso de alumínio ou madeira, implementado nas quatro versões para atender o leque de exigências dos compradores. Revestimento em couro ártico, sintético, exceto nas versões 250, com o natural.
Construtivamente o automóvel cresceu: 9 cm, 8 cm em entreeixos, 4 em largura — quase um Classe E das gerações passadas —, e incluiu dieta de materiais com intenso uso de alumínio — 50% da carroceria. Suspensões, pára-lamas frontais, capô, teto, portas. Por isto, apesar de maior, baixou 60 kg em peso. Em aerodinâmica reduziu o coeficiente de resistência ao ar, Cx 0,24. Na prática, poderosos em torque e a caixa automática com sete marchas, motores rodam em baixas rotações, com baixo consumo de gasálcool.
Internamente, diversidade de composições de cores e materiais, o controle da caixa de marchas é por alavanquinha na coluna de direção. Na posição D, as marchas se sucedem automática e maciamente, ou trocadas pelo motorista através de borboletas sob o volante. Há, ainda, escolha do tipo de regulagem para condução, desde a maneira econômica à esportiva+. A opção, por botão no console, lembrando os utilizados para Alfa Romeo, muda a programação eletrônica de motor — pareceu-me maior emissão sonora —, câmbio, amortecedores e freios.
Nestes há 11 programas eletrônicos, ABS, EBD, ESP… e novidade como frear a roda traseira interna dentro das curvas para melhorar a estabilidade. Padrão como equipamento, junto com a tela de 7”— os 250 tem-na em 8,4”—, e o Touchpad, trapizonga eletrônica no console, próxima à rodinha, fácil de operar como um smartphone, recebendo letras e números, pareando telefone, selecionando agenda.
Faróis em LEDs adaptáveis às condições do tempo, de direção, iluminação ambiente e condições em cinco funções: luz de curva dinâmica, de esquina, de estrada, farol alto adaptativo e luz de neblina ampliada.
No motor a injeção direta, nos cilindros, usa aspersão em até cinco jatos de combustível e até quatro descargas nas velas em cada ciclo, para reduzir emissões poluentes. Para isto e para economia, todas as versões contam com o sistema Stop/Start. O carro desliga sozinho quando parado e pega para sair.
O freio de estacionamento, o de mão, é elétrico.
Presidente da Mercedes no Brasil, Phillip Schirmer está particularmente feliz: esteve no Brasil em 1992 e comandou a operação de criar mercado aos importados. Na Alemanha participou dos atos de coragem para modificar os produtos, tirando sua caretice, dando atrevimento para conquistar clientes jovens. Agora no Brasil enfrenta novo desafio: brindar a Mercedes na liderança, incluindo fazer nova fábrica e mudar a óptica aplicada á marca, baixando custos de revisões, fazendo contratos para extensão de garantia.
Quanto custam
Reposicionamento
Como fica o novo Classe C relativamente aos outros produtos? Assim:
Em setembro, picape Duster
Demorou, e o desenvolvimento foi majoritariamente romeno, desprezando a expertise brasileira, maior mercado e experiência mundial com picapes derivados de automóveis. Mas em setembro, ao Salão de Paris, a variante esportivo-cargueira aparecerá. Virá com a marca de origem, Dacia, assumida pela Renault e mercado ascendente iniciado com o Logan, de quem deriva.
Usa a base do utilitário esportivo Duster, e as fotos apresentadas pelo bom sítio argentino Autoblog mostram o picape sem disfarces e em placa de testes. Tudo indica é a forma final.
Por análise superficial é miscela internacional. Linhas frontais lembram os Fiat Tempra, a caçamba sugere geração anterior do picape Chevrolet Montana, o VW Saveiro, e certa influência do duro estilo soviético. Espera-se, para o mercado brasileiro, onde está em desenvolvimento final para ser mostrada no Salão do Automóvel, receba acertos para diferenciá-la do exemplar da foto.
A traseira elevada indica a pretensão de ser a de maior capacidade volumétrica do setor. E a capacidade de carga será, possivelmente, superior à dos concorrentes do setor: líder Fiat Strada, moldador do mercado; VW Saveiro com novo motor 1,6 16V, Chevrolet Montana. Peugeot Hoggar caiu do telhado.
Será construído pela Renault no Brasil, e terá versões 4×2, 4×4, e possíveis cabines estendida e dupla, motores 1,6 e 2,0. Opção diesel pode ser pensada.
Como registro, a Renault desenvolve outro projeto de picape, maior, para concorrer no segmento onde ninguém bate a GM e seu S10.
Pebble Beach, a praia dos antigos famosos
Domingo, o evento mais famoso do mundo para a atividade antigomobilística, o Pebble Beach Concours d’Élegance. Prainha do mesmo nome, entre Carmel e Monterey, Califórnia. Reúne o topo em veículos e história em quatro e duas rodas, e ampliou o negócio, fazendo exposição, lançamento de carros novos, elegante feira de peças e automobilia, livros. É o pico da semana em torno do automóvel antigo, com leilões, passeios, corridas, exposições de marcas variadas, muitas atividades no tema. Nesta edição, lançamento de livro sobre carrozziere Jacques Saoutchik, de biografia rica — fuga da Rússia, prisão, sucesso na construção de carrocerias especiais, passagem por duas guerras mundiais, a crise de 1929 … 1.100 páginas, três volumes, US$ 500 edição normal, US$ 1.100 capa em couro.
E atrações como o checo Tatra — trazido do país de origem, um par de Hispano-Suiza construídos para o banqueiro Anthony Gustav de Rothschild por curiosa empresa, a Fernandez Darrin, montada em farra pelo banqueiro Gino Fernandes e o designer construtor estadunidense Howard Darrin. De encontro fortuito em exposição de automóveis antigos, no Parc des Princes, em Paris, 1932 — à época os europeus já cultivavam o colecionismo de automóveis, associaram-se e criaram a Fernandez & Darrin Coachwork às margens do rio Sena. O par, de mesmo dono e da mesma origem é um destes encontros de difícil repetição.
Outra presença é o curioso Ferrari 225 Export Vignale Spyder, encomenda do argentino Angel Maiocchi ao construtor italiano. Vignale esculpiu os pára-lamas
dianteiros e criou as extremidades indutoras do Período Ponton, marcado pelos extremos bem definidos na década de 1950. Na Argentina foi batizada Niña Bonita.
O automóvel foi-se na razia de exportações que empobreceram culturalmente a América do Sul na década de 1980.
RODA-A-RODA
Fim – A Fiat, após 115 anos, deixou o domicílio legal em Turim, Itália. Fundida com a Chrysler na Fiat Chrysler Automobiles, alojada sob a holandesa Fiat Chrysler Automobile NV — equivalente à LLC dos EUA, aproximadamente à Limitada do Código Comercial brasileiro. Empresa familiar controladora dos negócios.
Global – Terá registro holandês, operação em Londres, Inglaterra, e ações na Bolsa de Nova York, EUA. É a internacionalização empurrada pela globalização.
Punição – Direção de Segurança de Tráfego Rodoviário nos EUA, a NHTSA, multou a Hyundai Motor Co. em US$ 17,35M por não dar-lhe ciência imediata de problema de corrosão nos modelos Genesis 2009 a 2012.
Menos – GM dos EUA suspendeu a produção dos Cadillac ATS e CTS por três semanas. Excesso de estoque ante queda de vendas em 21%. É o menor dos problemas da empresa, às voltas com o maior recall do mundo e a comprovação de fraude em depoimentos de executivos quanto à economia na chave de ignição causando incontados acidentes e mortes.
De novo – Fraude permite anular todos os acordos, incrementar as ações propostas, motivar quem não se habilitou a ir à justiça. Custos imprevisíveis para indenizações, capazes de abalar a empresa. Em 2008, chegante ao poder, Barack Obama salvou-a. Agora, mal nas pesquisas, difícil haver bis.
Para baixo – A falta de direção na economia da Venezuela fez despencar os níveis de emprego e produção no setor. O ex-terceiro maior produtor da América do Sul, mês passado montou apenas 876 veículos – o Brasil, mesmo mês, o pior dos recentes julhos fez 252,6 mil. Na prática menos de uma hora da produção brasileira.
Ré – Problemas da Venezuela vêm da estrutura, do feliz fazer componentes superficiais, como o Brasil fez ao fim dos anos 1940. Momento atual, economia desgovernada, o governo retém dólares e não permite importações. Conta simples, sem peças não há carros nem empregos. Hoje na Venezuela dólar câmbio negro vale 10x o oficial.
Para cima – Audi Brasil ignora retração, mantém números superiores às prometidas 1.000 unidades mês. Jörg Hofmann, presidente, atribui vendas à variedade e novidades em produto, ampliação da rede de revendedores, investimento em publicidade e marketing.
Hermanos – Alfistas que vão à Argentina em outubro para assistir à Autoclásica, devem aproveitar o período e se abastecer nas Lencerias — lojas com complementos de arrumação masculina. Em especial, lenços. A Centro Modena, importador da marca, aproveitou a presença de um Alfa Romeo 4C como Safety Car no autódromo de Rio Hondo, fez pré-lançamento e anunciou importar sete unidades no primeiro trimestre de 2015.
Paixão – Quatro estão vendidas a colecionadores de Alfa na Argentina. Aqui, sem perspectivas, pois a adaptação ao uso de álcool e ás estradas e ruas brasileiras tem custos inviabilizadores. Los Hermanos pagarão US$ 280 mil no 4C. A Alfa se estrutura para voltar ao mercado vizinho. Já tem cinco revendedores cobrindo o país. Aqui? …
Flex – BMW dá passo interessante e amplia oferta de motores flex nos alemães vendidos no Brasil: 328i, X1 sDrive20i e 125i M Sport. Começa com a linha2015 onde o 328i custa R$ 134.950.
À frente – Cria novo parâmetro no setor ao apresentar o primeiro motor turbo a utilizar a capacidade flex. Ultrapassa VW, Peugeot e Renault com produtos com tal adjutório, porém sem desenvolver tecnologia ao uso do álcool. No caso, esforço entre as BMW do Brasil, Alemanha e a Bosch. Potência e torque idênticos em ambos os combustíveis.
Ka+ , o Plus – Modificando a política de mostrar partes do novo, de novo, Ka, Ford exibiu, junto da versão hatch, o sedã. É marcado com o símbolo da adição, o “+”. A empresa lê em inglês, e o baiano de Camaçari é chamado Plus. Inclui-se na previsão de preços e postura de marketing: bem equipado, porém preço elevado para dar lucro e ficar longe da disputa pela base do mercado.
Preços – Proposta da Ford parece enquadrar-se na política atual dos fabricantes – margem de lucro em lugar de número de vendas. Custam:
Takaro – Preços elevados no produto em si, e nas diferenças de cilindrada e de duas para 4 portas, idênticos R$ 5.000 e R$ 2.500, respectivamente. No mercado outras marcas têm menor distância. Deve ser parte da política de sobrevivência num mercado de comportamento imprevisível. Cria margem maior para pedidos de descontos pelos compradores.
Largada – Dia 29 Chery apresentará sua fábrica em Jacareí, — 70 km a leste de São Paulo. Primeira chinesa no país, quer produzir 150 mil unidades anuais dos modelos Celer e QQ.
Na veia – Phillip Schiemer, presidente da Mercedes, mandou montar estande, preparou caminhão da marca à função, fez palestra sobre gestão e liderança na Agenda Confenar, encontro nacional das revendas Ambev e seus transportadores. Entidades acreditam em expansão de negócios e o executivo foi promover marca e produtos.
Maisnaus – BMW inicia montar com as facilidades industriais e tributárias da Zona Franca de Manaus, novo modelo R 1200 GS Adventure, no segmento Big Trail. Começa com versão superior, a Trophy.
Ensaio – Abriu pré-inscrição, tipo sondagem do mercado, a R$ 69.900 e 78.900. Dois cilindros opostos, 1.170 cm³, 125 cv. Versão superior, cinco tipos de ajustes eletrônicos envolvendo motor, cargas dos amortecedores, controle de tração e freios. Mais? www.edicaolimitadags.com.br
Lucro – Yamaha Motor Co, matriz japonesa da marca, informa lucro de US$ 480M no primeiro semestre, graças a aumento de vendas em 7,6% em todos os segmentos abordados pela empresa, puxados por motocicletas e motores para barcos. No Japão a empresa também atua nos segmentos de maquinário industrial e robótica.
Moto – Grupo Segurador BB e Mapfre, com o Cesvi Brasil, tabularam 360 acidentes com motos no país. Concluíram, 73% das mortes foi causada pelos próprios motociclistas, 11% colisão com automóveis; 7% com caminhões. 6% animais na via; buracos e sinalização, 1%. Não informou se o levantamento foi feito com apuração ou apenas visualização dos laudos.
Missão – Com foco na preocupante situação de ser o Brasil o quarto país em mortes no trânsito, ceifando enorme quantidade de jovens entre 20 e 29 anos, a Michelin de pneus implanta o projeto Best Driver. Programa educacional, com apoio de 15 universidades onde, a partir de dados de comportamento de jovens, monitores e simuladores testarão a performance dos estudantes.
Gente – Alessandra Souza, desafio. OOOO Era de marketing e vendas automóveis na Mercedes, agora supervisora para relacionamento com a imprensa do setor. OOOO Paulo Gaba Jr, missão. OOOO Novo presidente da Federação Nacional das Locadoras de Veículos – evolução da ABLA. OOOO Buscará sedimentar a entidade, cobrar colaboração institucional dos associados em seus estados. OOOO
RN
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