Os tempos atuais não estão fáceis para os entusiastas dos carros e motos. Durante a quarentena uma das coisas que mais sinto falta é da liberdade para passear de moto com tranquilidade. Nos papos com amigos e alguns editores do AE surgiu o assunto de como comecei a andar de moto e também sobre scooters. Tirando as motos de trilha que usava para andar no sítio do meu pai, lembro-me com muito carinho da minha primeira experiência nas ruas. Era um Jog, aqueles famosos cinquentinhas dois-tempos — basicamente um scooter simplificado.
Por incrível que pareça, na época era possível alugar um deles, mesmo do baixo dos meus 16 anos, para passear pela belíssima cidade de Águas de São Pedro, SP. Para mim era um sonho se tornando realidade e virou o passeio que fazia todo final de semana em que meus pais permitiam.
Logo neste primeiro contato ficou claro para mim a praticidade deste tipo de veículo. Bastando apenas acelerar e frear, a transição de uma bicicleta para um Jog era quase que imediata. Era muito mais simples do que qualquer moto 125. Porém, logo depois que os Jogs saíram de linha as opções de scooters eram raras. Levou muito tempo, mas pouco a pouco o brasileiro foi perdendo o preconceito contra scooters e o mercado cresceu.
Nunca tivemos tantas opções por aqui como hoje em dia. Depois de criar a base do mercado com modelos menores e mais baratos, o momento agora é dos modelos intermediários. São scooters que podem rodar na cidade com mais potência e por isso pegar também estrada no fim de semana.
Vou comentar sobre alguns destes modelos. A prova deste crescimento é que só no início de 2020 já houve dois lançamentos.
Honda SH 300i
Usando o mesmo nome da sua versão 125, o SH 300i tem um visual clássico com rodas aro 16 e assoalho plano. O grande para-brisa é muito útil na estrada, porém é comum ver o modelo sem ele por quem usa mais o veículo na cidade. As rodas maiores garantem uma melhor estabilidade perante os buracos e asfalto degradado. Os freios são ABS em ambas as rodas e a chave é do tipo acionada por proximidade. Seu motor é de 25,9 cv a 7.500 rpm com torque de 2,7 m·kgf a 5.000 rpm. Seu preço público sugerido é de R$ 20.990 — existe também a versão Sport com acabamentos diferentes. Tive oportunidade de rodar com ele e me chamaram atenção os freios ABS, o bom acabamento e, principalmente, o conforto dos bancos.
Yamaha X-Max 250 ABS
Talvez um dos mais aguardados lançamentos da marca nos últimos tempos, o XMax é visto como o degrau de cima para quem tem um NMax. Seu visual é bem esportivo com faróis duplos, painel bem completo, além do controle de tração que é inédito no segmento. Ainda não pude andar com este modelo, mas meus colegas da imprensa elogiaram principalmente as suspensões e o espaço sob o banco para dois capacetes. A chave também é acionada por presença e os freios têm ABS, assim como os demais scooters mostrados aqui. O motor de 250 cm³ entrega 22,8 cv e 2,5 m·kgf de torque. O preço público sugerido é de R$ 23.900, sem frete.
Dafra Citycom HD 300 ABS
A Dafra foi uma das primeiras fabricantes que apostou neste segmento. Antes deles tínhamos apenas o Suzuki Burgman 400, que já tinha um porte de scooter maior. Com o Citycom 300i e posteriormente uma versão S, ele se tornou figura fácil em grandes cidades. Lançado este ano, o Citycom HD 300 usa o mesmo nome e motor de seu “irmão” (que continua na linha), porém com outro visual mais clássico e menor peso (172 kg). A bateria também foi relocada para aumentar o espaço sob o banco. Eu pude viajar bastante com o primeiro Citycom e o banco, junto com as rodas 16, foram os destaques positivos. O preço público sugerido é de R$ 21.490 e seu motor de 278,3 cm³ entrega 27,6 cv de 8.000 rpm com torque de 2,6 m·kgf 6.000 rpm.
Kymco Downtown 300i ABS
Com porte e estilo de scooter maior, o Downtown se destaca pela dianteira com grandes faróis duplos. Dos modelos mostrados aqui é o com maior potência declarada de 29,7 cv e 3,07 m·kgf de torque. O preço sugerido é de R$ 24.900, sem frete. A bolha frontal e grande capacidade sob o banco (34 litros) mostram que ele também está apto para longas viagens. Ainda dentro da marca existe a versão People GTI 300 ABS, porém com menos espaço sob o banco e visual clássico.
Com as vendas aumentando e o novos lançamentos no setor, fica claro que o scooter tem muito a crescer. Os motivos são muitos, desde não molhar os pés ao passar numa poça, passando pela praticidade do porta-objetos sob o banco e mesmo pela facilidade de pilotagem.
Talvez se a qualidade de nossa vias fosse melhor teríamos números ainda mais expressivos. O próximo passo natural é que tenhamos também no futuro mais opções também no andar de cima com motores de maior cilindrada.
LR