Porta-malas – Existe um padrão internacional para se medir o volume do porta-malas, possibilitando que se compare a capacidade (em litros) de vários modelos. Mas tem uma marca (francesa) que levou a sério a medição em “litros” e anuncia a capacidade do porta-malas de seus modelos aferidos com… água. Em geral, o que se carrega numa viagem são malas, sacolas e pacotes. Água, só se for de caminhão-pipa…
Peso – Para não fugir do tema, uma fábrica anunciou que a capacidade de carga de sua picape era de 700 kg. Que é, na verdade, a carga útil do veículo. A agência de publicidade se esqueceu da necessidade de pelo menos uma pessoa na cabine, atrás do volante. Ou já vislumbrava o carro autônomo?
Estepe – Chegou quase ao final o estoque na fábrica de rodas e pneus para a linha de montagem. Para não interromper a produção, a fábrica decide montar os carros sem estepe, e levá-los para o pátio até chegarem mais rodas e pneus. Quando chega o lote seguinte, alguém percebe que os pneus são de outra marca. “Pode montar!”, grita o gerente de produção, se lixando para o freguês que, quando precisar do estepe, vai usar marcas e padrões diferentes nos dois lados do eixo…
Asiáticos – Por falar em pneus, algumas fábricas estão usando marcas asiáticas. Por que não, se oferecem mesma qualidade e custam menos? O problema vem depois, quando o dono do carro precisar repor um deles ou todo o jogo: vai ter dor de cabeça, pois não são encontrados com facilidade no mercado, aliás, as vezes em loja nenhuma, só na concessionária. Que aproveita para enfiar a mão com gosto no bolso da vítima.
Joelho – Fábrica inclui, entre as “vantagens” de seu carro, o 7º airbag, que protege os joelhos do motorista. Deveria ficar quieta, pois ele só é necessário para remendar um projeto malfeito: se a parte frontal do carro foi bem estruturada, não há necessidade de mais esta bolsa inflável.
Juro “zero” – Se você acha que Papai Noel, cegonha e almoço grátis existem, então acredita também no financiamento do carro zero sem juros. É evidente que estarão embutidos nas taxas, no desconto que deixou de ser praticado, ou na perda de alguma oferta para quem paga à vista.
Autonomia – No caso do elétrico, ele pode até rodar de fato os 400 km anunciados com uma carga de bateria, mas desde que não se ligue faróis nem ar condicionado, nem tenha que subir o morro, ou que a precariedade de eletropostos nas estradas não force o motorista a parar para abastecer mantendo carga mínima de 15 ou 20%…
R$ 1,00 por dia – O freguês tem receio de comprar o carro pela (má) fama que conquistou no mercado devido ao elevado custo das revisões obrigatórias. A fábrica, preocupada em perder vendas, anuncia um plano de revisões a preço fixo, especificando o valor de cada uma, de acordo com a quilometragem. O freguês acredita até levar o carro para a revisão, que deveria mesmo custar cerca de R$ 30 por mês. Mas aí vem a conversa para boi dormir do “consultor técnico”, que se vale de sofisticada lábia para aplicar a empurroterapia e dobrar ou triplicar o valor. E tome limpeza de bico injetor, do corpo da borboleta, do tanque de combustível, lubrificação da suspensão e das maçanetas…
Potência – Ao lançar a versão esportiva da gama, fábrica alemã queria porque queria anunciar o “mais potente do mercado”. E se valeu de um artifício “mercadológico”, declarando potência de 193 cv. Apenas 1 cv mais que seu concorrente japonês, que declarava 192 cv. A mágica germânica: seu motor só oferecia todo aquele haras se o carro fosse abastecido com gasolina premium, encontrada apenas em alguns raros postos. Enquanto os cavalos japoneses se contentavam com a mais comum das comuns…
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.