Os promotores do GP da Grã-Bretanha seguem buscando um caminho para escapar do labirinto de normas que envolve o protocolo de isolamento para combater o Covid-19 no Reino Unido e garantir que Silverstone (foto de abertura) faça parte do calendário deste ano. Pelas leis que entram em vigor no dia 8 de junho, quem desembarcar no território formado por Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales deverá respeitar um período de 14 dias de quarentena, situação que inviabiliza a realização da prova que pode ocorrer no dia 26 de junho. O orimeiro-ministro Boris Johnson se mostra simpático a interceder em favor de isenções a integrantes do circo da F-1 e já se fala em postergar a realização da prova para dar tempo a negociações.
Ainda que não haja um calendário oficial para 2020, dá-se como fato consumado que a temporada começará em Spielberg, na Áustria, com provas nos dias 5 e 12 de julho. Inicialmente Silverstone repetiria essa programação nos dias 26 de julho e 2 de agosto, sempre em eventos de dois dias e sem público nas arquibancadas. A aplicação da quarentena de 14 dias em solo britânico inviabiliza qualquer possibilidade de realizar uma corrida nesse território, o que motiva a negociação de um período reduzido para cinco dias aplicável a profissionais envolvidos com esportes de protagonismo mundial. Além da F-1, a comunidade do críquete, esporte que é paixão inglesa comparável ao rugby e ao futebol, também está envolvido nessa negociação.
A importância da indústria do automobilismo para a economia britânica, em particular na Inglaterra, é um fator que pode contribuir para um final feliz nessa história: há dados que indicam que o setor emprega aproximadamente 50 mil pessoas em cerca de 4.400 empresas e tem faturamento anual em torno de £ 14 bilhões, algo em torno de R$ 90 bilhões. Parte considerável desse montante envolve pesquisa e desenvolvimento e 87% dessas companhias são exportadoras de bens e serviços. Na F-1, por exemplo, 70% das equipes têm sede ou base operacional na Inglaterra, mais especificamente no entorno de Silverstone.
Esse quadro ajuda a entender o fato de Boris Johnson ter recomendado, segundo nota publicada pelo jornal The Times, ontem, a seu ministros e secretários trabalhar em favor de uma quarentena mais curta para esportistas e olhar com carinho para o GP britânico. Ao anunciar as diretrizes da quarentena que entra em vigor na Inglaterra no próximo dia 8 (quem desembarcar na Grã-Bretanha a partir desse dia será obrigado a informar um endereço onde ficará em quarentena de duas semanas sob pena de multa equivalente a R$ 6.650,00), a ministra do Interior Priti Patel abriu exceções apenas para motoristas de caminhões, pessoal médico envolvido no combate ao coronavírus e residentes na República da Irlanda, Channel Islands e Ilha de Man. Diante desse quadro, Stuart Pringle, administrador de Silverstone, admite que o GP da Grã Bretanha poderá se realizar algumas semanas mais tarde. A princípio as duas datas seriam preenchidas por corridas na Alemanha e na Hungria.
Calendário brasileiro com datas condicionais
Promotores e organizadores do automobilismo brasileiro estão trabalhando com datas condicionais para reiniciar as disputas da temporada 2020. Provas de kart em Belo Horizonte, Birigui e Itu foram anunciadas nos últimos dias, sendo que as últimas duas ainda dependem da liberação das autoridades paulistas. Os responsáveis pela Stock Car admitem o domingo 5 de julho como possível abertura do campeonato no circuito Velo Città. Todos os envolvidos na promoção desses eventos alegam que é fundamental trabalhar com datas condicionais devido à participação de pilotos de vários estados.
De acordo com Cláudio Wilson Vieira, presidente do Interlagos Motor Clube, “sessenta por cento do grid de nossas competições de kart é composto por pilotos de outros estados, o que nos obriga a considerar datas com boa dose de manobra para adaptações de logística e transporte dos participantes. Em momento algum admitimos a possibilidade de correr sem condições ideais de segurança.”
WG
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