HONDA CIVIC Si 2020, PURA ALEGRIA DE DIRIGIR (COM VÍDEO)

Quando o Honda Civic Si apareceu por aqui em 2007, fez furor. Além de ser produzido na fábrica Honda em Sumaré. SP, portanto teoricamente livre de problemas de assistência técnica e peças, foi alentador um carro de alto desempenho por essas plagas. Era um 4-portas com todas as suas vantagens mas sem o charme de um cupê de duas portas.

Via-se que tinha excelência de projeto. O motor K20A de 1.998 cm (86 x 86 mm como no GM família II 2-L, entregava 192 cv a 7.800 rpm (corte a 8.400 rpm) e 19,2 m·kgf a 6.100 rpm. A taxa de compressão de 11:1 permitia o funcionamento com gasolina comum, mas quando com premium de 98 octanas RON no tanque vinham 4 cv mais.O câmbio era manual de 6 marchas e trazia diferencial autobloqueante tipo Torsen. Feios a disco nas quatro rodas e pneus 215/45R17V, suspensão mais firme e com mais controle de rolagem completavam o “pacote de alegria” ao pôr a cavalaria toda para trabalhar num trecho com curvas de média e alta velocidade. Embora um motor bicudo pelos números apresentados, a tecnologia i-VTEC de “dois pares de comandos de válvulas num motor só” garantia a elasticidade. Abaixo de 5.500 rpm era um motor de temperamento normal.

Deixou de ser fabricado em 2011 e voltou, importado do Canadá, em outubro de 2014. A carroceria agora era cupê 2-portas e o motor passava a 2,4 litros de 206 cv a 7.000 rpm e 23,9 m·kgf a 4.400 rpm, com corte de rotação a 7.500 rpm. Ficou, de fato, mais comportado, mas continuou empolgante. Além do i-VTEC o comando de admissão passou a ter variador de fase.O coletor de escapamento continuava integrado ao cabeçote.

Antes de continuar a ler, assista ao vídeo, se preferir:

Outra mudança do motor maior foi a eliminação da árvore contrarrotativa de balanceamento, compensada por reestudo dos contrapesos do virabrequim, informou a Honda àquela altura. De fato, a suavidade do motor foi mantida.

Com a nova carroceria, o entre-eixos passou de 2.700 mm para 2.620 mm, mas o comprimento aumentou em 61 mm, indo para 4.550 mm. O Arnaldo Keller testou-o.

Porém em abril de 2018 houve nova grande mudança no motor, que passou o 1.489-cm³  turbo Earth Dreams do Civic, só que mais potente, de 173 cv a 5.500 rpm do sedã para 208 cv a 5.700 rpm mais  torque, que passou de 22,4 m·kgf de 1.700 a 5.500 rpm para 26,5 m·kgf de 2.100 a 5.000 rpm. A taxa de compressão baixou de 10,6: 1 para 10,3:1, mas a pressão de turbocarregamento subiu de 1,1 bar para 1,4 bar.

O lançamento foi no Autódromo Velo Città e o desempenho global mostrou-se excelente, já que só numa pista pode-se explorar bem os limites de qualquer carro. Em novembro o Civic Si com a nova motorização passou pelas mãos do AE, com o Josias Silveira.

Ano-modelo 2020

Ao recebermos a notícia oficial da Honda no começo de julho vi que houve três alterações no Si e tratamos de solicitar um para teste, desta vez fugindo do vermelho de todos os testes anteriores em favor de um branco Platinum, cor perolizada. O preço, R$ 179.900.

Essas alterações foram o Controle Aiivo de Som, que é amplificação do som do motor pelo sistema de áudio do carro, carregador de celular sem fio, e encurtamento do diferencial em 6%, de 4,105:1 para 4,352:1. Logicamente, oi essa mudança que me fez solicitar um Si para teste.

Como é sabido, a Honda não divulga dados de desempenho. Já tentei esclarecer, saber o motivo, porém em vão. A resposta é sempre a mesma, “norma da empresa” e ponto final. Mas a Honda chamou um grupo de jornalistas para mostrar Civic Si 2020 na pequena pista de testes da fábrica de Sumaré, SP, e realizou alguns testes tipo competição entre eles: aceleração 0-100 km/h, slalom e velocidade num pequeno circuito delimitado por cones.

No 0 a 100 km/h, medido com equipamento VBox baseado em GPS, o melhor tempo foi 7,3 segundos, obtido pelo jornalista Gustavo de Sá da revista Carro online. Portanto, o Si acelera bem para um luxuoso cupê esportivo de rua que pesa 1.321 kg.

Eu nunca havia dirigido qualquer versão Si na rua, desde que lançada em 2007, e realmente ela agrada a todos e em todos os sentidos. É feita com o prazer e alegria de dirigir como objetivo 1.  Como eu não tinha referência de uso dia a dia, ficou-me claro que o encurtamento do diferencial favoreceu as arrancadas da imobilidade pouco prejudicando a rotação em velocidades de viagem, que subiu de 2.850 rpm para 3.040 rpm e possibilita chegar à velocidade máxima (estimada pessimisticamente de 220 km/h em sexta a..5.570 rpm, com margem caso atinja velocidade maior, já que o corte de rotação é a 6.500 rpm.

Há o modo de condução Sport. acionável por botão no lado direito do console de túnel. O modo altera parâmetros de funcionamento dos amortecedores, relação pedal do acelerador-borboleta de aceleração, e reduz a assistência da direção.

Como dou máxima atenção ao diâmetro do volante de direção, achei-o maior do que antes, e a trena confirmou, 370 mm quando antes era 360 mm. A direção da versão continua um ponto alto, com relação média de 10,9:1 e 2,2 voltas entre batentes, além perfeita redução gradual da assistência e do centro bem definido. O motor de passo do sistema fica na caixa de direção.

O comando de câmbio é preciso “à Wolfsburg”, mas supera o da marca alemã pelos engates secos e agradavelmente audíveis, além da campeã das manoplas de alavanca, a esfera. Notável também a baixa carga do pedal de embreagem que não sacrifica a perna esquerda no anda e para urbano e também a ré sincronizada.

O comportamento que eu havia sentido há pouco mais de dois anos na pista do Velo Città, transposto para as vias normais, dá a certeza de que o carro nunca vai aprontar uma, independente do fato de ter controle de estabilidade. Eu adoraria dirigi-lo no molhado, mas São Pedro estava descansando nas três ocasiões em que dirigi um Si.

Um auxílio ao motorista dos mais úteis neste Civic de 10ª geração é o guarda-faixa da direita (lane watch), em que uma câmera no espelho direito mostra a situação na faixa da direita e um pouco para trás ao se dar seta direita, com a imagem exibida na tela do multimídia, ou então apertando botão na extremidade da alavanca da seta.

Em resumo

O Honda Civic Si é aquele carro que ao ser colocado na garagem dá vontade de sair de novo, que incita a aproveitá-lo em todo seu potencial e que valoriza os cada vez mais desprezados câmbio manual e carroceria de duas portas — até “acupezar” os suves vem sendo feito…. E que se encaixa numa das melhores definições de grã-turismo que conheço, um carro para levar um casal a algum lugar bem rápido.

Para quem já teve um cupê duas-portas e quer vivenciar a experiência de novo, ou nunca quis ou não pôde fazê-lo, ainda dá tempo.

BS

No elevador

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