Como de hábito, inicio a “ruminar” o que vou escrever para ao AUTOentusiastas na segunda-feira da semana em cujo sábado irei publicar o meu trabalho.Infelizmente, porém, já na terça-feira tomava conhecimento pela internet que o Congresso Nacional estava revisando o Código de Trânsito, com o propósito de modificá-lo e, mais, pretendia abrandá-lo em suas punições. Foi este detalhe que me assustou e me fez receoso, uma vez que, no exercício do cargo de Diretor de Trânsito no “falecido” Estado da Guanabara, declarava, apenas um mês após minha posse, que “É muito difícil se gerir o trânsito com as influências políticas e, desgraçadamente, é muito fácil usar o trânsito para fazer política.”
Este infausto acontecimento, onde se coloca “o lobo para tomar conta das ovelhas”, fez-me sair um pouco do “rumo base’ a fim de comentar este mal irreparável, em curto prazo.
Todos que me acompanham conhecem o conselho do lendário Diretor de Trânsito de Nova York, Henry Barnes, quando declarou, ainda na década de 1960: “É incompatível o “bom-mocismo” com uma administração eficiente de Trânsito”. Para não alarmar ainda mais o leitor, intitulei este artigo com a adaptação da gentil expressão da língua inglesa, quando do aviso de algo desagradável: “I am afraid.”
Não se pode, mais do que não se deve, entregar a solução de problemas técnicos a políticos profissionais. Vamos aguardar o que nos darão, torcendo para que não nos apresentem “um rato, em vez de um leão” (expressão latina: murem ostendit pro leone)
Voltando ao “rumo base” da nossa conversa sobre o acidente, vou enumerar hoje a excelente advertência do autor inglês engenheiro de tráfego especializado em acidentes de trânsito, J.J. Leeming publicado em seu livro, essencial para quem tenha que lidar com o assunto:”Road accidents, prevent or punish” (acidentes rodoviários, evitá-los ou puni-los)
Inteligentemente usa um conjunto de iniciais, cujas palavras identificam o universo onde o “pobre” do administrador do trânsito deve lidar e que são, na língua inglesa: E,E,E;L,L.L;P,P,P, ou seja: Engineering, Education, Enforcement; Lies, Lethargy, Laws; Prejudice, Pressure, Politics.
Ou seja, em nossa língua: Engenharia, Educação e Eficiência Policial. Estes por demais conhecidas as suas deficiências na condução de uma administração de trânsito eficiente.
Mentiras, Desinteresse e Leis ineficazes, quando presentes, principalmente a última, leis ineficazes, são obstáculos quase que irremovíveis.
Finalmente: Os Prejudicados, as Pressões dos Poderosos, e a Politicagem, os piores inimigos e, também, os mais atuantes para infernizar a nossa vida.
O autor conclui esta citação com uma conclusão desesperada e, podemos dizer, sem esperanças: Os Ps e os Ls juntos, atuam como assassinos.
Por causa de tudo que aqui escrevi é que ao escrever minhas memórias de cinco anos de Diretor de Trânsito, num volume de 769 páginas, dei o sugestivo título: “EU NA CONTRAMÃO”.
CF
Celso Franco escreve quinzenalmente aos sábados no AE sobre questões de trânsito.