Pode-se conviver com algumas delas,com reservas, que são:
Conservação na faixa – Foi numa emergência e, naturalmente, não tive tempo de acionar a seta (foto de abertura). Dei um golpe no volante para a direita e me desviei de uma criança mais à frente, na beirada do asfalto, com um patinete. O carro chegou próximo à outra faixa. mas o sistema eletrônico deu um tranco de volta. Tive que dar outro para a direita e evitei o acidente. Por pouco…Esse “auxílio” ao motorista, dispenso.
Pneu run flat – Foi projetado para o carro, em caso de furo, poder continuar rodando mesmo vazio, o que inquestionavelmente tem sua vantagem. O problema são as nossas crateras asfálticas, que não raro o destroem, não há conserto nesse caso e o rodar vazio tem limite de distância e velocidade. Portanto, resolve, mas em parte. É ótimo em vias e rodovias do Primeiro Mundo; aqui em Pindorama é inviável.. Reclamações levaram as importadoras s acrescentar um estepe, mais macaco e chave de roda, no porta-malas, com a contrapartida de ter sua capacidade reduzida.
Nitrogênio – É caro e disponível apenas em poucos postos. É mais indicado para pneus de carros de corrida, pois a pressão não sobe com o aumento da temperatura devido à ausência de umidade que existe no ar ambiente.. Nos carros normais, é também garantia contra deterioração da borracha no caso de compressores de ar eventualmente defeituosos jogarem óleo misturado com ar para dentro do pneu. Mas o nitrogênio tem o inconveniente de não poder ser misturado com ar comum por significar jogar dinheiro fora.
Suve – Novo queridinho do mercado, com algumas poucas vantagens e inúmeras desvantagens. Vai na contramão da história, pois é grande, pesado, consome e polui muito, é difícil de manobrar e tem centro de gravidade elevado, que exige controles eletrônicos para não tombar ou capotar. E o pior: comprovado estatisticamente matar muito mais que o automóvel.
Chave presencial – Prático, mas pode criar problemas e transtornar a vida do motorista. Tem o que sai do carro (motor ligado) com ela no bolso. A mulher, filho ou motorista seguem com o carro. Que roda até ser desligado. Aí, não liga mais.. Mas foi resolvido: ao deixar o carro com a chave no bolsosem desligar o motor, soa um alarme. Há também o caso de o motorista sair do carro sem desligar o motor. Nos EUA, teve um que deixou o carro à noite na garagem (incorporada à casa), foi dormir com o motor ligado….e desmaiou! Mas se já não tem, deverá haver estratégia para evitar isso, como o motor desligar automaticamente depois de determinado tempo.
Start/Stop – Maravilha: desliga o motor quando o carro para. Liga na hora de andar. No trânsito urbano, reduz consumo e emissões. Bom para o bolso e para o meio ambiente. Mas, como eu praticamente só ando em estradas, e tenho aflição, desativo-o…
Comandos do rádio – Ahhh…que saudade daqueles dois botõezinhos circulares nos dois lados do rádio! Hoje está tudo magistralmente incorporado ao sistema de som, conectividade e infotenimento, e tem carro que chega para teste que eu até desisto de sintonizar a rádio de minha preferência.
Correia dentada – Nada mais confiável que árvores de comando de válvulas acionadas por vigorosas correntes metálicas, como nas bicicletas…. Aí, com desculpa de reduzir do ruído (mas, na verdade, por uma questão de custo), lá veio a correia dentada. De borracha, tem limite de quilometragem mas, muitas vezes arrebenta antes dele. “A culpa é da região em que o carro é usado, com muito pó de minério ou poeira” ou outra desculpa qualquer. E ainda dá margem ao abuso de empurrar a troca (quase sempre desnecessariamente) também o tensor/rolamento. Nobre exceção: a correia dos motores Ford são banhadas a óleo e só pedem troca aos 240 mil km, embora nos motores VW, a seco, só requeiram troca a cada 120 mil km ou 4,5 anos. E nos motores Ford citados, se for usado óleo lubrificante diferente do recomendado, há risco de deterioração da correia. Mas há de se convir que faz quase meio século (47 anos, Chevette, 1973) que estamos às voltas com correia dentada e não há a epidemia de problemas com elas que se imagina. Fora que corrente não é isenta de problema, como aumentar a folga entre os elos e alterar o ponto de sincronização, ou ficar ruidosa. E se a corrente é boa solução para bicicletas, em certas motos foi substituída pela correia dentada…
Parafernália eletrônica – Juro que me sinto aliviado quando saio de um automóvel supermoderno, carregado de eletrônica, e assumo um mais antiguinho, simples, nada mirabolante nem pasteurizado: nada de comandos por voz nem ajustes na tela tátil. Não liga sozinho os faróis nem os limpadores de para-brisa. Gostoso de dirigir. Dá uma escorregadinha na curva, mas… e daí?
Elétrico – Sim, eu sei que é o futuro do automóvel — embora na verdade seja renascimento, já existiram muitos carros elétricos nas décadas de 1910 e 1920 — que é a melhor solução ambiental (será mesmo?). Baixo custo de manutenção e do km rodado (se o preço do quilowatt·hora não disparar com a demanda). Mas só serei adepto dele quando a recarga da bateria for rápida e largamente disponível. Até então, adoro os híbridos plug-in: Dá para ir e voltar ao trabalho diariamente só no modo elétrico. Mas se a bateria esgotar-se no meio do caminho, o velho motor a combustão está lá, a postos.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
Mais Boris? autopapo.com.br