Estamos na semana do Natal e já é uma tradição trazer um tema desta mágica época do ano para a nossa coluna. E desta vez acho que muitos irão se surpreender com o que será mostrador. É algo que eu tive a incrível sorte de poder apreciar por muitas vezes, e nunca me cansei de admirar esta incrível exposição particular.
O Jeff é um grande amigo de muitos anos, fomos colegas de empresa, desenvolvemos vários projetos internacionais em colaboração entre a filial americana e a brasileira da multinacional na qual trabalhávamos. Tempos depois, em minhas viagens de fim de ano para Orlando, Flórida, EUA, eu passei a participar do Christmas Supper, Almoço de Natal, tradicionalmente realizado no dia 25 de dezembro, como convidado especial da família do Jeff. Uma deferência muito grande, já que estes almoços são reservados para a família. Estivemos lá, eu e minha esposa, várias vezes.
Assim como temos muitos leitores e leitoras que colecionam mementos ligados à marca Volkswagen, o Jeff é um colecionador de Papais Noéis como poucos no mundo. O que vamos ver é uma fração do que ele expunha todos os anos num incrível trabalho de desembalar os itens e depois carinhosamente colocá-los na estante da sala e em vários outros locais de sua casa situada num aprazível condomínio fechado com campo de golfe particular, localizado próximo da cidade de Bradenton, a umas duas horas de viagem de Orlando em direção ao sul.
Eu sempre que podia encontrava itens para a coleção dele. Na foto de abertura aparecem dois que eu destaco abaixo. À esquerda o nosso personagem, um VW Fusca de plástico azul, “pilotado” por um simpático Papai Noel tocando uma sineta; adiante veremos uma foto dele com resolução melhor — sim, a coleção dele “tinha” que ter um Papai Noel andando de Fusca! À direita uma figura de Papai Noel, no centro da fotografia. Trata-se de um trabalho feito em argila por um discípulo do Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos, de Caruaru, Pernambuco, renomado ceramista popular e músico que deixou uma legião de ceramistas que deram continuidade ao seu trabalho) que foi feito sob encomenda.
Antes de continuar a explorar a coleção do Jeff vamos dar uma olhada em nosso personagem, que na foto abaixo aparece em companhia de outros dois exemplares, um vermelho e outro verde:
O mostruário mais importante é a estante da parede esquerda da sala de estar que abriga centenas de Papais Noéis! As fotos que se seguem desta estante e de seus detalhes são igualmente de 2008. A foto abaixo consiste de várias fotos que foram compostas para formar este panorama da estante:
Conforme o Jeff informou, a última contagem indicou 522 Papais Noéis! No que o Jeff complementou: “Desaceleramos muito a busca por itens novos nos últimos anos, pela falta de lugar para colocá-los em exposição nos finais de ano”.
Perguntei ao Jeff quando ele começou a coleção: “Foi em meados dos anos setenta com Papais Noéis com os corpos de papel machê e cabeças em porcelana, e daí em diante ela deslancho até a situação atual”.
A pergunta seguinte foi se havia algum Papai Noel com um significado especial para ele.”Não há realmente um único, há alguns que significam mais do que outros, como um quebra-nozes que o Sr. Schmatloch (um colega nosso de empresa que trabalhava na matriz na Alemanha) me deu que foi feito por seu irmão, e há aqueles de um amigo muito especial no Brasil, realmente como o feito de argila. Aqueles que recebi de outros significam mais do que aqueles que eu comprei”.
Abaixo mais dois exemplos dos itens que o tal “amigo muito especial do Brasil” trouxe em suas visitas a Bradenton. À esquerda um detalhe do nicho da estante principal que está na coluna da extrema direita, no quarto nicho de cima para baixo; trata-se de um Papai Noel de pano com barba de fios de lã, que foi comprado na cidade de Tiradentes, em Minas Gerais. Já o item da direita era um brinde da Copa do Mundo de Futebol, um Papai Noel com a camisa da seleção brasileira segurando uma bola.
Mas acho que um dos pontos altos das coisas brasileiras foi ter transformado o próprio Jeff num Papai Noel através de um quadro pintado por Silvia Farias em estilo Pop-Art:
Uma curiosidade que todos têm é saber qual é o item mais caro da coleção. “Acredito que seja o Papai Noel russo no trenó. É mostrado na imagem abaixo indicado pela flecha vermelha, na foto grande da estante ele está na prateleira superior à direita da TV. Minha irmã o comprou em uma loja de antiguidades no início dos anos 90”:
Para dar um pouco mais de detalhes dos nichos, como expostos em 2008, aí vão algumas fotografias, lembrando que a cada ano o Jeff elabora novas distribuições nos nichos:
Passando a porta de entrada da casa do Jeff, à direita de um pequeno corredor há a porta para a sala de jantar que é ladeada por duas séries de prateleiras de vidro, espaço para mais itens, como mostram as fotos abaixo:
Ainda na sala de jantar há uma bancada que fica abaixo de janelas e serve como espaço para uma linda Vila de Natal composta de casinhas em escala, cuidadosamente dispostas sobre um tapete que imita neve. As casinhas são iluminadas e pequenas árvores e figuras de pessoas na mesma escala das casas compõem uma linda atmosfera natalina.
Pedi ao Jeff que contasse a história da coleção de casinhas em estilo vitoriano dele, a Dickens Christmas Village (Vila de Natal Dickens), vista na foto acima:
“Tenho cinco casas originais. Elas foram compradas como um conjunto e estão na foto acima. O conjunto incluía a igreja, a livraria com telhado azul à direita da igreja, o segundo prédio do Green Grocer (mercearia) à esquerda da igreja, a padaria, não mostrada, e o Cobblestone Inn (estalagem), a casa com telhado vermelho na fileira atrás da igreja à direita próximo à árvore iluminada. O conjunto incluía três grupos de figuras: três pessoas cantando, duas pessoas próximas de um poste de luz e uma família, mãe, pai e filho. As casinhas são feitas de porcelana e vieram em uma embalagem de Isopor com uma capa de papelão. O conjunto inicial foi comprado em 1984 por US$ 125,00. Desde a primeira edição, muitas casinhas adicionais foram lançadas. Parece que há novas casinhas a cada ano. Elas ficaram muito mais detalhadas. Fui acrescentando casinhas e hoje tenho vinte casinhas, é um número limitado pela área em que elas são exibidas. Por volta de 2002, eu estava em uma loja de Natal e eles tinham um livro sobre as casinhas da ‘Dickens Christmas Village’. Eu perguntei ao balconista quanto o conjunto original custaria hoje em dia. Ele estimou US$ 750,00 com a embalagem original.”
Segue um vídeo (01:40) mostrando como a “Dickens Christmas Village” de 2008 foi cuidadosamente montada pelo Jeff:
Os detalhes natalinos se espalham pela casa, há um cuidado todo especial com a decoração como um todo, vamos ver alguns exemplos. À esquerda o Papai Noel sentado na borda do relógio da parede; ao centro uma mesinha com uma arvorezinha de Natal estilizada com três níveis de trenzinhos que andam, e à direita um Papai Noel pendurado no botão de regular o ar-condicionado:
Continuando no bate-papo com o Jeff perguntei-lhe quanto tempo levava para preparar todo este mostruário maravilhoso: “Cerca de duas semanas para tirá-los das prateleiras elevadas da garagem e colocar todas as coisas em seus lugares. Mesmo assim, eu faço uma pequena reorganização dia a dia, desse modo vejo o que acho que pode ser uma posição melhor para alguns dos itens.”
Aí chegou a vez de perguntar se ele tem um armazenamento especial para todos esses itens: “Nada de realmente especial, exceto pelas lâmpadas, que ficam guardadas num armário. Os outros itens são embalados e colocados em caixas de armazenamento de plástico e guardados na garagem. Quando nos mudamos para esta casa em julho de 2000, colocamos suportes adicionais fixados ao teto da garagem e colocamos compensados de meia polegada sob estes suportes, formando um espaço suspenso adequado para as caixas com os itens natalinos.”
Perguntei ao Jeff: os mostruários são enormes e há itens por toda a casa, até no banheiro! Como você concebe estes mostruários enormes com tantos itens? A resposta foi surpreendente: “Faço a disposição quase que apenas procurando espaço para ir colocando os itens. Eu meio que mantenho os quebra-nozes juntos, os anjos juntos, os bonecos de neve juntos e os Papais Noéis por toda parte.”
Sei que me arrisquei, mas acabei perguntado: você já pensou em abrir um museu para mostrar ao público todas essas peças lindas? A resposta veio firme: “Não, eu não pensei nisto. Não sei por quanto tempo mais vamos colocar estes itens todos para fora de suas embalagens. Mas eu terei que fazer isso por mais alguns anos, agora pelos bisnetos.”
Esta matéria foi feita num tempo muito curto e a colaboração do Jeff foi crucial para conferir ao trabalho um conteúdo de informação que eu acredito completam as dúvidas que a maioria de vocês teria.
O contato com o Jeff e com a Pat foi por e-mail e por um longo telefonema, parte para falar da matéria e parte para seguir a tradição de ligar para eles todos os fins de anos desejando um feliz Christmas Supper, e indefectivelmente o Jeff sempre diz que nossos lugares à mesa permanecem reservados. Tomara que possamos voltar uma vez para apreciar este lindo evento em família, nós como membros adotivos.
No final das contas temos a nossa “matéria natalina” seguindo a tradição.
Agora é tempo de desejar a todos Boas Festas e um Ano Novo que nos faça esquecer 2020! Agradeço a todos que dão o suporte a este trabalho lendo as matérias e as comentando. Desejo principalmente que todos continuem bem de saúde.
AG
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