O que fazer com milhões e milhões de veículos alimentados por combustíveis fósseis quando as futuras leis antipoluição proibirem os combustíveis derivados de petróleo? Carros, motocicletas, ônibus, caminhões, enfim, todos os meios de transporte hoje utilizados não poderão ser descartados e substituídos por veículos elétricos. Até os hoje “ambientalmente amigáveis” híbridos seriam impedidos de rodar.
Isso para não falar nos veículos de coleção e os esportivos que hoje enchem nossos olhos (e ouvidos) com os seus motores a combustão interna emitindo seu ronco tão apreciado por todos nós, auto
entusiastas. A solução parece ser o uso da chamada gasolina sintética ou eletrocombustível (eFuel), que poderá ser produzida de diversos modos. Hoje o mais promissor é a eletrólise.
De uma forma simplificada, o hidrogênio verde é gerado em usinas-piloto, por meio de eletrólise, que separa oxigênio e hidrogênio. Esse último é posteriormente misturado com dióxido de carbono capturado da atmosfera e gera metanol, o álcool metílico (o “nosso” álcool é o etílico). O processo de conversão, chamado em inglês de MTG (metanol para gasolina) converte o metanol em outro líquido fungível, de mesma espécie, qualidade e quantidade, no caso a gasolina sintética.
Posteriormente componentes adicionais são misturados para chegar a uma gasolina líquida com 98 octanas RON. O eFuel reduz as emissões de gases que causam o efeito estufa em 85%, numa primeira análise.
Hoje a produção é mais cara do que o combustível derivado do petróleo, mas isso tende a mudar. Já estão sendo testadas usinas movidas a vento, no sul do Chile, no projeto piloto denominado Haru Oni, numa região com excelentes condições de ambiente. Aqui no Brasil, no Ceará, será implantada uma usina para produção de hidrogênio verde. Uma área industrial no Porto de Pecém permitirá o processo de eletrólise usando energia renovável com zero emissão, aproveitando tanto a energia solar quanto a eólica.
A Porsche e a ExxonMobil estão testando conjuntamente a utilização desses combustíveis líquidos renováveis, de baixo carbono, nas mais rigorosas condições: as competições automobilísticas. Durante as temporadas de 2021 e 2022 da Porsche Mobil 1 Supercup os novos Porsche 911 GT3 Cup, baseados na geração 992, com seus motores seis-cilindros boxer, 4 litros e 517 cv, usarão a gasolina desenvolvida pela Esso Renewable Racing Fuels. As provas da Porsche Mobil 1 Supercup são preliminares das oito etapas europeias da Fórmula Um.
Os primeiros testes de bancada e coletas de dados datam do início de 2019. O software dos carros foi atualizado para o novo combustível e a potência dos 911 GT3 Cup não sofreu alteração. Os primeiros testes já estão sendo realizados em Zandvoort, na Holanda (foto de abertura).
Segundo Oliver Schwab, gerente de projetos da Porsche Mobil 1 Supercup, “o teste de novas tecnologias em corridas é uma tradição na Porsche desde o início. Estamos orgulhosos por assumir o pioneirismo nos eletrocombustíveis. A Supercup é a primeira série internacional de competições a usar combustíveis renováveis. Como nossas provas são realizadas junto às etapas da Fórmula 1, estaremos sendo vistos pela mídia, pelo público e pelas outras fábricas envolvidas nas competições”.
AB