Há poucos dias o leitor Mike Castro me sugeriu escrever uma matéria sobre carros que nunca dirigi e que gostaria. Achei boa a sugestão. Ele falou em dez, mas ao fazer minha lista deu 12. A ordem dos carros é alfabética e não de preferência.
Audi Quattro
Eu já estava na VW quando o Audi quattro (foto de abertura) já tinha presença marcante nos ralis do mundial no Gripo B. Nunca tive oportunidade de dirigir um. Suas características impressionavam, como o motor turbo de cinco cilindros, 2.144 cm³, 200 cv e 29 m·kgf, expressivos 40 anos atrás, e, principalmente, tração integral voltada para desempenho, até então própria de veículos para o fora de estrada. Numa arrancada não patinava rodas e contribuía para a aceleração 0-100 km/h em 7,5 s; atingia 220 km/h. Era um mundo novo para mim e que tinha o sabor especial de ser uma marca do grupo para o qual eu trabalhava. Quem sabe um dia consigo dirigir um do Museu da Audi?
Fiat Millecento
Foi o primeiro Fiat projetado depois da guerra e lançado em 1953; Logo chegou ao Rio de Janeiro e agradou em cheio. Era um três-volumes de quarto portas com as dianteiras abrindo para trás e tinha 3.900 mm de comprimento com entre-eixos de 2.340 mm, 1,460 mm de largura e 1.470 mm de altura. Carroceria monobloco, com motor dianteiro e tração traseira, Motor de 1.089 cm³, comando no bloco, 36 cv a 4.400 rpm, 6,1 m·kgf a 2.500 rpm; câmbio de 4 marchas na coluna. Ia de 0 a 100 km/h em 32,9 s e a velocidade máxima era de 116 km/h. Leve, 825 kg, pneus 5.20-14, suspensão dianteira independente com mola helicoidal, traseira eixo motriz rígido com feixe de molas semielípticas longitudinal. Eu o achava sensacional só de ver, ainda não tinha 12 anos. O Millecento fiou gravado na minha memória, dirigi-lo seria incrível.
Ford Prefect
Mesmo sendo um carro popular inglês do imediato pós-Segunda Guerra Mundial (1945), estranho com suas bitolas bem estreitas, apenas 1.143 mm, me atraía, apesar de nada dado a desempenho. Gostaria muito de dirigir um, mesmo que seu motor seja de 1.172 cm³, válvulas no bloco, 31 cv, câmbio de 3 marchas com alavanca no assoalho, suspensão dianteira e traseira por eixo motriz rígido com feixe de molas transversal, Pesa 837 kg, Aceleração, só há registro de 0-80 km/h em 22,8 s, velocidade máxima 105 km/h. De alguma maneira ele tinha um quê de atraente inexplicável. possivelmente por eu associá-lo à austeridade de Winston Churchill. quem eu já admirava. Sinto nunca ter dirigido um,
Jaguar E-type
Esse é um Jaguar que me dá muita vontade de conhecer na intimidade. É um carro que me seduz, me atrai. Preciso dirigir um, nem que vá a Belo Horizonte só para andar no do Boris Feldman.
Jaguar XK 120
Como eu o admirava!, tanto pelas linhas sensuais quanto pelo motor de seis cilindros em linha de duplo-comando de válvulas, o máximo para mim, ainda adolescente. Dirigi bastante o sedã Mk VII, com o mesmo motor, 3,4 litros de 160 hp/162 cv, mas queria mesmo era experimentar o XK. Nunca tive oportunidade.
Lotus Elite
Um grande atrativo do Lotus Elite, para mim, é ser obra de Colin Chapman. Falo do primeiro, o Type 14 de 1957. Baixo peso, 505 kg (a carroceria monobloco é de compósito de fibra de vidro) e motor Coventry-Climax de 1.216 cm³ de 76 cv, 4 marchas, tração traseira, relação peso-potência de 6,65 kg. Isso explica seu 0 a 100 km/h em 11,4 segundos e velocidade máxima de 180 km/h, ajudado pelo baixo Cx 0,29. Deve ser empolgante dirigi-lo numa boa estrada sinuosa.
Maserati 300S
Esse eu gostava só de ver nas revistas de automóveis. Mas quando vi Fangio correu com um numa prova na Quinta da Boa Vista, no Rio, e outra em Interlagos, — venceu ambas, — acendeu-se a paixão. Considero-o pináculo do design italiano. Escrevi matéria sobre ele e seu irmão de motor maior, 450S, V-8 de 4,5 litros, 400 cv, ante o 300S seis em linha de 3 litros de 245 cv. Como eu gostaria de dirigir um!
Mercedes-Benz 260 D
Um carro lançado em 1936 que tenho muita vontade de dirigir por ser o primeiro do mundo produzido em série com motor Diesel, um quatro-cilindros 2,5-litros de 45 cv a 3.000 rpm. A curiosidade está em ver, sentir, ouvir, como era o conjunto deste pioneiro. Já vi um de perto na Alemanha, sentei ao volante, e a vontade só aumentou.
MGA Twin Cam
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Sempre admirei os MG (o namorado de uma vizinha tinha um TD 1953), mas não seu desenho. Por isso, quando o MGA surgiu em 1955 (eu tinha 13 anos) gostei muito, tinha a cara do nosso tempo. Um ano depois foi lançado o MGA Twin Cam de 1,6 litro, duplo comando de válvulas, 108 cv. Minha admiração cresceu. Adoraria dirigir um,
Nissan 350Z
Já é do século 20 (2002) e sempre tive imensa vontade de conhecê-lo. A Nissan daqui tinha um, mas não consegui tê-lo emprestado para teste em 2008, quando criamos o AE. De configuração motor dianteiro e tração traseira, o motor é V-6 de 3,5 litros e 287 cv. Seu sucessor 370Z, de 2009, 3,7 litros e 328 cv, tem aceleração interina no câmbio manual de 6 marchas, o primeiro no mundo a tê-la, Gostaria de tê-lo experimentado também e ver como era o “punta-tacco automático.”.
Porsche 356 A
Só sentei algumas vezes, nunca dirigi. A curiosidade está tanto na baixa altura dos quadris — o ponto “H” —, em relação ao assoalho, quanto pelo carro como um todo, mas, principalmente a curiosidade de saber como será o carro desenvolvido por Ferry Porsche a partir de um VW sedã, embora seja monobloco. Um amigo aqui de São Paulo tinha um 1952, mas o motor quebrou e ele o vendeu como se encontrava. Uma pena eu não o ter dirigido.
Porsche 550
Esse é um velho sonho desde que comecei a ler revistas de automóveis, especialmente as europeias como Quattro Ruote por volta de meados dos anos 1950. O fato de um carro esporte de competição — seu nome de batismo é Porsche 1500 RS — o faz muito atraente para mim. O sonho ficou mais intenso depois que o Fernando Calmon dirigiu um do Museu da Porsche. Estive lá em 2015 para a comemoração dos 50 anos do 911, pedi para guiá-lo, claro, mas estava em reparos. Não desisti da realização deste sonho, não só pelo 550 em si, mas também por sentir o motor central-traseiro Tipo 547, o 1,5-L de duplo comando — “quatro comandos”, como é conhecido e reverenciado — projetado por Ernst Fuhrmann.
BS
(Atualizado em 19/04/21 às16h07, complemento de informação nas duas últimas frases)