A Nissan oferece 4 versões da picape média Frontier 4×4 em seu catálogo de produtos, todas com motor 2,3-L turbodiesel, sendo uma com câmbio manual e motor amansado para 160 cv, e as demais com motor biturbo de 190 cv e câmbio automático de 7 marchas. A versão topo de gama, LE, tem a exclusividade de oferecer teto solar nesse segmento, enquanto a versão Attack, testada nesta semana, é bem despojada em termos de conteúdo tecnológico, buscando assim oferecer um melhor preço.
Frontier S Manual 4×4 – R$ 181.400
Frontier Attack Automática 4×4 – R$ 205.000 (versão testada)
Frontier XE Automática 4×4 – R$ 221.330
Frontier LE Automática 4×4 – R$ 245.600
Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado na região da Curva AE em Araçariguama, SP:
Trem de força
O motor Diesel 2,3-L biturbo e injeção direta de combustível através do tradicional sistema common rail (galeria única servindo os quatro cilindros) tem comando de válvulas único, acionado por corrente, para as 4 válvulas por cilindro. Entrega 190 cv a 3.750 rpm com torque máximo de 45,9 m·kgf de 1.500 rpm a 2.500 rpm. Há certa demora em a turbina embalar, prejudicando as retomadas em baixas velocidades, deixando o veículo lerdo nessa condição. À medida que a rotação cresce essa sensação fica para trás e a picape fica mais esperta na aceleração.
O câmbio automático com trens de engrenagens epicíclicas tem 7 marchas e possibilidade de condução no modo Drive ou Manual sequencial com trocas através da própria alavanca. O escalonamento é bom e os engates são precisos e sem trancos ou hesitação. Fica devendo o controle de neutro para um maior conforto e menor consumo nos trajetos urbanos.
Consumo de combustível é um ponto a destacar, pois apesar do valor homologado junto ao Inmetro ser de 8,9 km/l no ciclo urbano e 10,5 km/,l no rodoviário, nas viagens mais longas que realizei entre São Paulo e Campinas, e entre Campinas e Curva AE para gravação do vídeo, o consumo esteve sempre na casa dos 12,5 km/l. Ao longo da semana de testes, combinando uso rodoviário, um pouco de cidade e de fora de estrada o acumulado ficou em 9,7 km/l. O tanque de 80 litros proporciona bom alcance, da ordem de até 1.000 quilômetros.
Da mesma maneira que o consumo de combustível agradou, o ruído interno na cabine também surpreende positivamente. Não é notado nenhum pico de ruído em acelerações e o nível geral para velocidades de cruzeiro permite ótima conversação entre os passageiros. Ponto positivo para o trabalho dos engenheiros da Nissan no Japão, México, EUA, Argentina, Brasil e Tailândia que trabalharam em conjunto neste projeto.
Calibrado para conforto
A Nissan Frontier traz a inovação da suspensão traseira com molas helicoidais em picapes com construção de cabine sobre chassi. A principal vantagem é a ausência dos indesejáveis ruídos oriundos dos feixes de molas, semielípticas, bem como localização mais precisa do eixo traseiro por meio de cinco braços em vez de pelas molas. Essa solução,, inclusive,, tornou desnecessário montar os amortecedores traseiros com inclinações opostas por lado destinadas a mitigar o saltitar das rodas traseiras nas arrancadas fortes.
Permite também maior liberdade aos engenheiros de calibração de suspensão para trabalhar com molas de constante elástica progressiva com cargas mais suaves na condição vazio. Com essa estratégia a absorção de impactos pelo eixo traseiro fica mais suave, e o potencial de maior rolagem da carroceria foi controlado com a utilização de barra antirrolagem também no eixo traseiro. É um arranjo similar ao utilizado nos suves com esse tipo de arquitetura.
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Com esse maior conforto de rodagem do eixo traseiro, a calibração do eixo dianteiro foi no mesmo caminho, porém sem a utilização de constante elástica progressiva nas molas helicoidais a solução foi adotar uma carga mais suave e barra antirrolagem de maior diâmetro. Com essa solução nota-se rolagem lateral bem controlada de todo veículo e frequente atuação do batente de compressão da suspensão dianteira devido ao maior curso de trabalho de toda suspensão. Não chega a ficar desconfortável, pois as cargas de distensão do amortecedor conseguem segurar a energia de abertura da suspensão, evitando um balanço maior.
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A suspensão bem ajustada para o conforto e os coxins da cabine, motor e câmbio no mesmo conceito, o que se nota é o aparecimento do front end shake (movimento oscilatório vertical da frente do veículo). Os coxins com menor carga de amortecimento permitem maior amplitude de trabalho de todo conjunto, que é excitado pelos movimentos da suspensão ao passar sobre piso irregular. Esse efeito em conjunto traz esse desconforto momentâneo, sendo uma condição de escolha que os engenheiros têm que fazer na fase de calibração, e a escolha neste caso foi pelo maior conforto geral.
Para levar nota máxima no conforto ficou faltando sistema de direção com assistência elétrica, pois o antiquado sistema hidráulico deixa a operação muito pesada para uso urbano, e tem retorno prejudicado, e para o fora de estrada a desmultiplicação do sistema exige mais esterço, afinal são 3,4 voltas de batente a batente. Neste caso a calibração deu preferência ao melhor ajuste de esforço para uso rodoviário.
A utilização de pneus 255/70R16 Bridgestone Dueler A/T montados em rodas de liga de alumínio com pintura escurecida deixaram a picape com rodagem silenciosa no asfalto e na terra, além de permitir melhor absorção de impactos pela boa altura dos flancos do pneu. No estepe, montado sob o piso da caçamba, é utilizada roda de aço com pneu na mesma medida, uma preocupação a menos para quem está no uso fora de estrada. Fica o alerta de um seguidor do Instagram que notou a dificuldade de calibrar o estepe nesse tipo de montagem, pois é necessário baixar o pneu para tal — uma provável situação já vivenciada por todo usuário de picape média.
Estilo marcante
A utilização de faixas adesivas em preto fosco no centro e lateral capô contrastam com as faixas e inscritos em cinza das laterais, com destaque para o nome da versão, Attack, e para a tração 4×4. Apenas um friso cromado aparece na parte inferior das janelas laterais, e o preto fosco e brilhante é bem distribuído na grade, estribos, espelhos retrovisores, “santantônio”(arco de proteção) e barras longitudinais do teto. Capota marítima, também em cor preta, complementa o visual escurecido da picape.
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Ponto negativo para a operação da capota marítima, pois tem má vedação de poeira e devido ao sistema de fixação é impossível retirá-la com facilidade. A simples necessidade de transportar uma bicicleta na enorme caçamba, foi uma tarefa dificílima. A caçamba tem apenas 4 argolas para fixação de carga, duas de cada lado, e todas ficam na parte alta, impossibilitando fixação de cargas baixas. Os engenheiros da Nissan deveriam repensar a instalação desse sistema, principalmente na interface com o “santantônio”.
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Na caçamba, além da falta de argolas melhor posicionadas, senti falta do protetor de caçamba., equipamento que deveria ser de série em picapes desse tipo de uso. E a tampa é desprovida de qualquer sistema auxiliar de operação, deixando todo o peso nas mãos do usuário.
A harmonia visual da picape é obtida com a união da cabine com a caçamba em linha inclinada, a linha de cintura ascendente na janela traseira e o contorno dos para-lamas em estampado de alto relevo, eliminando a necessidade de molduras plásticas que trariam maior custo e dificuldades de limpeza e manutenção.
Interior adequado
O espaço interno, tanto nos bancos dianteiros quanto traseiros é bem adequado para o tipo de veículo. Na traseira há espaço suficiente para as pernas e pés, mas com o desconforto do assoalho mais alto deixar a parte frontal da coxa sem apoio. Mas isso é igual em todas picapes desse segmento. Ainda na traseira é possível ficar bem acomodado apesar da inclinação do encosto do banco poder ser maior (é 23º), mas tem-se o conforto de saídas de ar climatizado. O revestimento dos bancos em tecido colabora para o bom nível de ruído interno.
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Banco dianteiro com ajuste de altura ajuda a mitigar a falta de ajuste de distância do volante, e o ajuste de altura do volante permite encontrar a melhor posição de dirigir. Uma vantagem é que a distância do volante aos pedais é maior na Frontier do que em outras picapes, permitindo melhor acomodação para pessoas com minha estatura (1,81 m).
O acesso aos controles está bem pensado, eliminando a necessidade de ginásticas para acessar os comandos. Exceção feita ao pequeno quadro de interruptores localizado à esquerda da coluna de direção, pois tem visão dificultada pelo volante.
A Nissan peca ao colocar comando de um-toque para descer apenas na janela do motorista e não há um toque para subir em nenhuma.
A central multimídia tem capacidade de espelhamento de celular via Android Auto e Apple CarPlay ainda utilizando cabo para conexão, e apresenta a vantagem dos botões físicos e ajuste de volume por botão giratório. Os comandos principais são replicados no volante multifuncional, assim como um computador de bordo com tela em TFT no centro do quadro de instrumentos é operado através de teclas no volante.
Conclusão
A Frontier Attack tem o estilo despojado e conteúdo simplificado com boa capacidade de utilização fora de estrada através da tração 4×4 normal e reduzida, comandada através de seletor no console central. Nessa simplificação para buscar um melhor preço público a Nissan removeu o controle de velocidade de cruzeiro, a meu ver um grande erro para um veículo que tem capacidade e conforto para longas viagens.
A liderança do mercado de picapes médias é bem disputada entre Toyota e Chevrolet, com crescimento contínuo de participação de mercado pela Ford Ranger e declínio da VW pelo envelhecimento e falta de atualização no projeto Amarok. A Nissan Frontier, juntamente com Mitsubishi L200 acabam tendo um papel secundário nessa disputa de mercado.
Volume de vendas acumulado em 2020 no segmento de picapes médias:
Toyota Hilux – 32.394
Chevrolet S10 – 26.639
Ford Ranger – 19.833
Volkswagen Amarok – 10.617
Mitsubishi L200 – 9.480
Nissan Frontier – 8.077
GB
FICHA TÉCNICA NISSAN FRONTIER ATTACK 2021 | |
MOTOR | |
Designação | YS23 |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro longitudinal, comando único no cabeçote acionado por corrente, 16 válvulas, biturbo com interresfriador, injeção direta tipo common rail |
Diâmetro x curso (mm) | 85 x 101,3 |
Cilindrada (cm³) | 2.298 |
Potência máxima (cv/rpm) | 190/3.750 |
Torque máximo (m·kgf/rpm) | 45,9/1.500 a 2.500 |
Taxa de compressão (:1) | 15,4 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Câmbio automático epicíclico de 7 marchas com reduzida e modo sequencial pela alavanca seletora |
Tração | 4×4 temporária com bloqueio mecânico do diferencial traseiro |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,886; 2ª 3,169; 3ª 2, 027; 4ª 1,411; 5ª direta; 6ª 0, 864; 7ª 0,774; ré 4,041 |
Relação da reduzida (:1) | n.d. |
Relação dos diferenciais (:1) | 3,357 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/n.d. |
Controle | ABS com distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistente a frenagens de emergência |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, triângulos superpostos, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo rígido, quatro elementos de localização longitudinal, localização transversal por barral Panhard, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica |
Voltas entre batentes | 3,4 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 12,4 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 16 pol. |
Pneus | 255/70R16 – Bridgestone Dueler H/T |
Estepe | Roda de aço estampado com pneu na mesma medida |
PESOS (kg) | |
em ordem de marcha | 2.075 |
Carga útil | 1.040 |
Peso bruto total | 3.115 |
Peso rebocável sem freio/com freio | 750/n.d, |
CARROCERIA | |
Tipo | Cabine dupla montada sobre chassi, 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 5.264 |
Largura | 1.850 |
Altura | 1.855 |
Distância entre eixos | 3.150 |
Bitolas (D/T) | 1.570/1.570 |
Comprimento da caçamba | 1.519 |
Largura da caçamba | 1.560 |
Largura da caçamba entre caixas de roda | 1.130 |
Altura da caçamba | 473 |
Distância mínima do solo (mm) | 230 |
Ângulo do encosto do banco traseiro (º) | 23º |
ÂNGULIOS DE ESTRADA | |
Ângulo de ataque (º) | 30,3 |
Ângulo de saída (º) | 27,4 |
Ângulo de rampa (º) | 23,2 |
CAPACIDADES | |
Caçamba (L) | 1.054 |
Tanque de combustível (L) | 80 |
DESEMPENHO | |
Aceleração de 0 a 100 km/h (s) | 11,3 |
Velocidade máxima (km/h) | 180 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade (km/l) | 9,2 |
Estrada (km/l) | 10,5 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 7ª (km/h) | 53,7 |
Rotação a 120 km/h em 7ª (rpm) | 2.230 |
Rotação à velocidade máx. em 6ª (rpm) | 3.730 |
EQUIPAMENTOS NISSAN FRONTIER ATTACK 2021 |
CONFORTO E COMOCIDADE |
Abertura da tampa de combustível por acionamento interno |
Alças de teto e nas colunas dianteiras |
Banco do motorista com regulagem de altura |
Banco traseiro rebatível |
Console central com descansa-braço |
Console de teto com porta-óculos |
Espelho retrovisor interno prismático dia-noite |
Ganchos internos na caçamba para fixação de carga (“Nissan C-Channel”) |
Limpador de para-brisa com controle intermitente ajustável |
Luz de cortesia com temporizador |
Luz de Leitura |
Painel multifuncional colorido de 5 polegadas |
Para-brisa com proteção UV |
Retrovisores externos com ajustes e rebatimento elétrico |
Saídas de ar-condicionado para o banco traseiro |
Tomada 12 V (2) console central (1) painel acima do rádio |
Travamento e destravamento das portas via chave |
Vidros elétricos nas quatro portas com função um-toque para descer apenas o do motorista |
Volante multifuncional com iluminação dos botões e regulagem de altura |
APARÊNCIA |
Estribo slateraisl |
Alarme com sistema imobilizador de motor |
Auxilio de partida em aclives |
Bolsas infláveis frontais |
Câmera de ré |
Cintos de segurança dianteiros de três pontos com limitador de carga e ajuste de altura |
Controle de descida |
Controle de estabilidade e tração |
Diferencial traseiro de deslizamento limitado |
Faróis de neblina |
Freios ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistência à frenagem de emergência |
Gancho para reboque dianteiro e traseiro |
Moldura da porta cromada |
Para-choque dianteiro na cor do veículo |
Protetor de cárter de motor e câmbio |
Rack de teto |
SEGURANÇA |
Terceira luz de freio de LED |
Trava de segurança para crianças nas portas traseiras |
ENTRETENIMENTO |
Antena de teto |
Nissan “Mullti-App” com rádio AM/FM, CD player com mostrador colorido de 6,2 polegadas, função RDS, entrada auxiliar para mp3 player e conector USB |
Sistema de som com 4 alto-falantes e 2 tweeters |