Por segurança na largada, organizadores adotam largada em fila indiana, mas acidentes durante a prova reduzem o tempo de disputa e prejudicam as disputas.
A recorrência de acidentes nas largadas no circuito de Nova Santa Rita (RS) desde há muito é conhecida. No último fim de semana isso levou os organizadores do evento e os comissários da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) a adotar um procedimento de largada pouco usual: os carros andando em fila indiana atrás do Safety Car. Oficialmente solicitada pelas equipes da categoria, a atitude em nada contribuiu para consolidar a imagem de principal categoria do automobilismo brasileiro: se o autódromo não oferece segurança mínima, que seja melhorado ou evitado; se o autódromo é aprovado, cabe aos competidores atuar dentro das regras estabelecidas e aceitas.
Circuito nascido a partir de uma pista de arrancada, o autódromo do Velopark foi inaugurado com pompa, cerimônia e louvor dignos de uma obra que estabeleceria novos padrões de segurança, qualidade e instalações para o público. Infelizmente, o tempo mostrou que a realidade era bem diferente da expectativa por não levar em conta os hábitos dos seus principais clientes —o público gaúcho —, as receitas jamais chegaram aos níveis esperados. Ao proibir a prática do camping e do churrasco à beira da grade, o torcedor gaúcho não se animou a pagar preços mais altos no restaurante local e as receitas minguaram Com isso, o projeto final que inclui a proposta de um traçado com cerca de 4,7 km foi abandonado.
Pior, de tempos em tempos voltam a circular histórias que dão conta do encerramento das atividades esportivas no local. A primeira vítima desse plano de negócios mal implementado foi o kart: apesar de possuir pistas de altíssimo nível, o que inclui um oval inclinado único no País, a modalidade agora é praticada apenas como diversão do gênero indoor e após alguns anos de banir competições do campeonato gaúcho, os proprietários da pista estudam a possibilidade de rever essa proibição a partir do ano que vem.
Para o automobilismo a situação é pouco diferente: a pista tem áreas de escape inapropriadas em torno da reta de largada, particularmente no final desse trecho, e nesses locais a instalação de obstáculos para reduzir velocidade causou prejuízos sérios à mecânica dos carros, particularmente elementos da suspensão e transmissão. Em outras palavras, cabe rever as instalações e normas do circuito para que o público gaúcho (um dos mais entusiastas do automobilismo nacional), volte a prestigiar eventos nesse local e que as categorias mais importantes possam se apresentar lá sem restrições.
Equipes pediram fila indiana
O movimento para adotar a largada em fila indiana nasceu das equipes e dos pilotos, mas uma anunciada adesão por unanimidade não pode ser comprovada. Pior, a causa principal do movimento, eliminar situações que poderiam causar gastos extras decorrentes de acidentes, acabou se materializando por batidas em diversos outros locais, particularmente na entrada da reta dos boxes. Ali Valdeno Brito e Luciano Burti foram protagonistas de duas batidas que poderiam ter conseqüências mais graves. No caso de Valdeno o prejuízo maior coube a Marcos Gomes, que não conseguiu desviar do Chevrolet n°. 77 do paraibano.
Não se pode concluir que a culpa de tais acidentes é do circuito, mas certamente a idéia de abolir a largada lançada em duas filas poderia ter uma solução mais elaborada. Afinal, quando se recorda que a categoria cadete, destinada a jovens kartistas, pratica largada lançada mesmo sob chuva, a decisão adotada no Velopark arranha a imagem e a habilidade dos pilotos da Stock.
Falando em pilotos, merece comentário a atitude de Alceu Feldmann. Ao fazer o reabastecimento obrigatório na primeira corrida o piloto voltou à pista com o “tanquinho” (como é chamado o reservatório usado para reabastecer os Stock Car brasileiros) ainda preso no bocal do tanque do seu carro. Ao invés de voltar ao box na volta seguinte e resolver o problema, Feldmann seguiu na pista andando em zigue-zague e até raspando o “tanquinho” na murada do box na esperança de que a peça se soltasse do bocal. Sem dúvida não passou pela cabeça do piloto as conseqüências que ele poderia causar se o reservatório externo se soltasse e atingisse o carro dos seus adversários ou fosse lançado contra o público ou em direção ao pessoal de box.
O resultado das provas vencidas por Galid Osman e Ricardo Maurício e a classificação no campeonato você vê clicando aqui.
Mau contato entre Prost e Heidfeld dá vitória a Di Grassi na Fórmula E
A vitória do brasileiro Lucas Di Grassi na corrida inaugural da Fórmula E, categoria de monopostos propulsionados por motores elétricos, aconteceu de forma inesperada: a poucos metros da bandeirada de chegada, o francês Nicholas Prost jogou seu carro contra o do alemão Nick Heidfeld, acidente (clique aqui para ver o vídeo) eliminou ambos da competição disputada na madrugada de sexta para sábado (horário de Brasília), em Pequim. A punição dada ao francês foi considerada branda por muitos: o filho de Alain Prost perderá dez posições no grid de largada da próxima etapa do certame, marcada para o dia em 22 de novembro nas ruas de Putrajaya, na Malásia
Falando após a vitória, Di Grassi lembrou que esteve envolvido no desenvolvimento da Fórmula E desde a criação da categoria e que se aproveitou da experiência adquirida com os carros híbridos da Audi que pilota no Campeonato Mundial de Endurance, o WEC:
“Embora eu esteja familiar com o conceito por guiar o Audi R18 e-tron quattro do regulamento deste ano do Mundial de Endurance, isso tem um significado ainda maior na Fórmula E. Corremos em circuitos de rua no meio das cidades e nossos treinos livres, classificação e corrida se realizam em questão de algumas horas. Isso exige um trabalho de equipe perfeito e a eficiência na pilotagem e na condução de todas estas tarefas, e eu gosto disso.”
Além de Lucas, outros dois brasileiros participam da nova categoria: Nelsinho Piquet e Bruno Senna. O resultado final do GPe de Pequim foi o seguinte:
1) Lucas di Grassi (BRA), Audi-Sport Abt, 25 voltas
2) Franck Montagny (FRA), Andretti, a 2”867
3) Sam Bird (ING), Virgin, a 6”559
4) Charles Pic (FRA), Andretti, a 19”301
5) Karun Chandhok (IND), Mahindra, a 23”952
6) Jérôme D’Ambrosio (BEL), Dragon, a 31”664
7) Oriol Servià (ESP), Dragon, a 41”968
8) Stéphane Sarrazin (FRA), Venturi, a 43”896
9) Nelson A. Piquet (BRA), China, a 43”975
10) Daniel Abt (ALE), Audi-Sport Abt, a 1’2”507
WG