É evidente que todo adensamento populacional traz problemas de toda ordem, e com o trânsito, ou mobilidade, é igual. Por isso cabe à autoridade de trânsito a adotar todos os meios, toda a tecnologia, toda a lógica, para minimizar os efeitos do grande volume de tráfego, e que não é de hoje.
Celso Franco, especialista no assunto, e que temos os prazer de tê-lo no AE a cada quinze dias, fala muito em “utilização racional das vias” e prega o transporte solidário como uma das maneiras de resolver a questão do espaço finito. Sua tese é correta, mas longe de ser prática.
É desnecessário ser especialista no assunto trânsito para constatar que há muito por fazer para se obter a almejada fluidez do tráfego, a que proporcione uma mobilidade razoável neste cenário de adensamento populacional e veicular, em que nada ou muito pouco é feito. O elenco de providências é grande, e entre elas está na eliminação dos trombos que tanto prejudicam a circulação.
• O controle semafórico no Brasil pode-se dizer que é uma piada de mau gosto. Com tanta evolução da informática é inadmissível o funcionamento dos semáforos como é hoje.
• Adotar a mudança de vermelho para verde precedida do amarelo, já falado aqui, a exemplo da Alemanha, Suíça e Argentina.
• Adotar em todos os cruzamentos a indicação da via transversal em posição elevada, já existente em vários cruzamentos em São Paulo, que permita aos motoristas avistar de longe o nome da via transversal em vez de trafegar devagar procurando o nome da rua que procura.
• Manter marcação de faixas tanto de pedestres quanto as de rolamento em perfeitas condições, o mesmo para qualquer placa de sinalização.
• Trânsito tem quer monitorado por todos os meios, idealmente por vista aérea em tempo real. Se por helicópteros é uma operação dispendiosa, hoje temos o recurso dos drones. Dessa forma, congestionamentos e suas causas podem ser facilmente avistados e providências imediatas, tomadas. Se em vias sem semáforos como as expressas, o tráfego para, causa tem. Jamais pode se “excesso de veículos”.
• Vias têm que ser necessariamente livres de obstáculos, em especial os artificiais, os dejetos viários chamados lombadas, sem esquecer outra praga (comum em São Paulo) chamada valeta.
• Velocidades têm que ser realistas, naturais para as vias. O que se vê hoje é um atentado à fluidez e um desrespeito ao cidadão, imposição de mentes doentias.
• Adotar velocidades mínimas para todas as vias, direito da autoridade de trânsito sobre elas (está no CTB), sobrepondo-se à regra geral de velocidade mínima ser igual a metade da máxima.
• A largura das faixas de rolamento tem que obedecer as normas do Contran claras a respeito. Mais estreitas do que o estipulado constituem autênticos trombos na circulação. (Foto de abertura)
• Faixas de rolamento da extrema direita não podem simplesmente desaparecer, situação vista com frequência.
• Numerar as faixas de rolamento crescendo a partir da direita e não da esquerda, como se aqui a mão fosse esquerda em vez de direita.
• Eliminar minirrotatórias em vias de sentido único por imporem a mudança de duas faixas para uma de modo a se poder percorrer a minirrotatória de faixa única, grande causa de retenções.
• É imperativo o policiamento de trânsito móvel por policiais conduzindo veículos de quatro ou duas rodas visando eliminar qualquer anormalidade encontrada.
• Fazer cumprir a obrigatoriedade de mínimo de transparência dos vidros de condução — para-brisa e laterais dianteiros — com medidores de transmitância luminosa, desconsiderando completamente as falsas chancelas aplicadas às películas.
• Proibir qualquer veículo de tração animal ou humana (como carroceiros) em vias de grande movimento
• Permitir o trânsito de bicicletas somente em vias de até 40 km/h de velocidade-limite (dentro do conceito de velocidade realista).
Como se vê, são providências exequíveis, nenhuma mirabolante, mas que farão toda a diferença na mobilidade urbana e, por que não, rodoviária.
BS