Se o leitor ou leitora acha que o ideal é um mundo sem ruído, falando de automóveis, experimente entrar numa câmara anecoica (foto), onde não há ruído algum. Tais câmaras existem, por exemplo, nos centros de desenvolvimento de veículos justamente para avaliar ruídos neles. A sensação que se tem nelas é estranha e, sobretudo, muito desagradável. Chega a ser enlouquecedor.
Não é preciso ir longe. É como quando um elevador está com o revestimento temporário para proteção das superfícies quando transporta objetos, como móveis, nas mudanças: é longe de ser uma câmara anecoica, mas tem efeito parecido com uma assim que se entra nele. Falta algo, é estranho.
Uma grande discussão hoje, com a volta dos carros elétricos, é até que ponto constituem ameaça a quem está próximo, como pedestres, por não emitirem ruído como os veículos automotores de motor convencional, a combustão. Algumas formas de ruído artificial vêm sendo engendradas para contornar esse problema que é mais sério do que se pensa.
Mas isso em baixas velocidades, porque rodando em velocidades normais, mais altas, os pneus se fazem notar com seu ruído de rolagem, acentuado ultimamente com a borracha contendo sílica para reduzir a resistência ao rolamento visando reduzir o consumo de combustível. O próprio motor elétrico produz ruído magnético, um zunido, quando está gerando potência. Quem nunca o notou vindo do alternador?
O ruído excessivo
Por outro lado, o ruído excessivo é altamente incômodo, independente de causar danos à saúde. Por isso os limites de ruído são regulamentados no mundo todo, inclusive no Brasil.
Por incrível que pareça existiu um fonte de ruído que foi cessando com o tempo e teve motivo: o fim de produção do Fusca em 1986. Não que fosse ruidoso, mas porque havia a mania nacional, verdadeira praga, de substituir os dois tubos de escapamento dotados de manta absorvedora de ruído, por retos, simples, ou simplesmente removê-las do dos tubos originais. Até hoje fico surpreso quando vejo um Fusca com os dois tubos originais rodando sem emitir ruído excessivo. Felizmente no “Itamar” há catalisador no sistema de escapamento, o que ajuda a diminuir ainda mais o ruído.
O fato é que há muitos donos de automóveis que modificam o escapamento e o barulho é infernal. Como se isso lhes proporcionasse prazer, indicação nítida de seu egoísmo. Em motocicletas, então, nem se fala. Colocam escapamento direto, um absurdo total. O pior é que rodam desse modo impunemente, não existe nenhuma fiscalização senão nas blitzes, hoje facilmente evitadas com a facilidade de comunicação.
E além do ruído excessivo existe outra praga, que é o ruído desnecessário, como acelerar as motos de 125/150 cm³ até o corte, esteja o escapamento original ou não, e o uso da buzina como sirene, esse pior ainda.
Há muitos caminhões, geralmente mais antigos, em que a válvula de prioridade para descarregar a pressão do turbocarregador quando o acelerador é aliviado a cada troca de marcha,, emite intencionalmente um grito. Como isso incomoda! É o tipo do barulho desnecessário.
Falta de educação combinada com falta de policiamento só pode resultar num trânsito tenso e desagradável.
BS