Recentemente acompanhamos o GP da Bélgica de Formula 1 que teve a largada adiada e posteriormente a corrida foi encerrada após três voltas com o carro de segurança na pista,, e a principal razão foi a falta de visibilidade devido ao borrifo de água. Os pneus de F-1 têm capacidade de drenar até 80 litros de água por segundo, e como os carros não têm para-lamas, todo esse volume de água é transformado em borrifo, prejudicando a visibilidade dos carros que vem atrás.
Nos carros de corrida com superfícies aerodinâmicas para gerarem elevadas forças verticais descendentes (downforce), como aerofólio traseiro e extrator, a produção do borrifo é acentuada.
Hoje em dia é muito mais seguro dirigir em piso molhado do que no passado. Os fabricantes de pneus desenvolveram compostos de borracha e desenho de sulcos que minimizam a aquaplanagem, que é o perigoso efeito causado pela não eliminação do filme de água que se forma entre o pneu e o piso.
No Brasil a primavera é a estação do ano onde temos maior volume de água caindo dos céus, e com tantas rezas para que chova muito para encher os reservatórios e minimizar os riscos de racionamento e uma crise hídrica, este ano pode chover muito mais. Depois de um longo período de estiagem aqui pela região sudeste, finalmente chegaram as chuvas, e é hora de ter atenção redobrada. Seguem algumas dicas extraídas do website da Pirelli:
1 – Seja dócil
A primeira regra básica para dirigir no piso molhado é ser dócil e cauteloso com acelerador, freio e direção. Atualmente a maior parte dos carros novos já possuem controle de estabilidade e tração, é desaconselhável sua desativação. Se o carro não tem ESP (Electronic Stability Program, marca registrada Bosch ) ou ESC (Electronic Stability Control, nome genérico), ambos de mesmo significado, a dica é utilizar marchas mais altas do que o normal com câmbio manual ou deixar em D (Drive em modo normal) com câmbio automático Dessa forma haverá menor propensão a patinagem de rodas.
2 – Garanta boa visibilidade
Além da redução da capacidade de tração dos pneus, a visibilidade fica comprometida devido à chuva. Os limpadores de para-brisa devem estar em boas condições para limpar os efeitos da chuva e do spray dos outros carros e caminhões. O lavador do para-brisa deve estar abastecido com água, e se possível utilizar um pouco de detergente para ajudar a desengraxar os vidros.
Internamente é importante ligar o sistema de ventilação e ar-condicionado, caso seja equipado, para evitar o embaçamento dos vidros, e direcionar o fluxo para o para-brisa. O desembaçador do vidro traseiro pode ser ligado preventivamente, evitando prejuízos na visibilidade traseira.
3 – Atenção à sinalização
É sempre importante ter atenção com a sinalização, principalmente aquelas que indicam os perigos da pista escorregadia, tendo assim maior tempo para reação e antecipando-se aos perigos da via. Atenção redobrada com as lombadas e valetas que ficam invisíveis e podem ocultar maiores riscos de acidente e danos ao veículo.
4 – Evite águas profundas
Se é difícil identificar a profundidade do filme de água é melhor evitar a passagem ou fazê-la de modo cauteloso. Sob as águas pode haver buracos que podem danificar rodas e pneus, prejudicando a controlabilidade do veículo. Outro risco é a entrada de água pela tomada de ar frio da admissão, causando quebra do motor por calço hidráulico, além dos riscos de perda de contato no sistema elétrico.
5 – Atenção redobrada
Adotar um estilo de condução mais atento com velocidades moderadas, evitar distrações e manter as duas mãos firmemente ao volante. A distância para o carro da frente deve ser de aumentada para 5 segundos garantindo tempo de reação de frenagem pois a distância de parada será maior devido à condição atmosférica..
6 – Pista escorregadia
Após um longo período de estiagem, as primeiras gotas reagem com o asfalto deixando-o “ensaboado” e com baixo coeficiente de atrito, causando o efeito de viscoplanagem; condição em que os pneus têm dificuldade de proporcionar aderência, mesmo com uma fina lâmina de água.
7 – Esterce com cuidado
Mesmo com atenção e velocidade moderada as situações de perigo são alertadas com antecedência, mas ainda assim há o risco de o carro sair de frente ou traseira sobre o piso molhado. O instinto pode levar o motorista a fazer correções vigorosas no volante, mas isso deve ser evitado pois pode deixar a situação ainda pior. A resposta correta é esterçar com suavidade até perceber que o a aderência dos pneus dianteiros está reestabelecido.
Lembre-se do conselho de Jackie Stewart: a melhor maneira de sair de uma derrapagem é não entrar nela.
8 – Aprendendo a enfrentar uma aquaplanagem
Mesmo a 50 km/h, ao passar por poças d’água pode causar aquaplanagem. A água não é expelida rapidamente pelos sulcos dos pneus e faz o carro flutuar e perder direção. O desgaste irregular dos pneus, sulcos com menos de 3 milímetros de profundidade e pressões incorretas podem também contribuir para a aquaplanagem.
O comportamento correto é manter a calma, soltar o pedal do acelerador lentamente, segurar o volante firmemente, e se for necessário aplicar os freios com sutileza. Dessa maneira haverá uma transferência de peso para o eixo dianteiro, ajudando na recuperação do controle da direção.
Um ultimo conselho: mesmo os sistemas mais sofisticados de controle de estabilidade e tração não são melhores do que a pronta intervenção do motorista, sendo esta decisiva para enfrentar a situação.
GB