O diretor da prova, o australiano Michael Masi, acertou ou errou ao autorizar os retardatários entre o líder Lewis Hamilton e Max Verstappen ultrapassar o safety car (carro de segurança) durante as cinco voltas finais do GP de Abu Dhabi, última etapa do campeonato mundial de F-1 de 2021? Ele acertou.
O safety car (SC) não foi pensado pera prejudicar competidores, embora prejudique o líder no caso de este ter aberto boa dianteira sobre o seu seguidor; é inevitável. A finalidade precípua do SC é definida pelo seu nome. Sua intervenção, embora indesejável do ponto de vista do esporte, jamais pode ser questionada.
Masi acertou também ao determinar que a intervenção do SC cessasse, fosse para os boxes naquela volta, a 57ª de 58, e não na seguinte (o que significaria fim prova sob bandeira amarela), direito que lhe é assegurado pelo Art. 15.3 do Código Desportivo Internacional, que prevalece sobre os artigos 48.12 e 48.13 do regulamento esportivo da F-1 sobre o uso do SC, mas aos quais, especialmente o último — é possível recolher o SC na mesma volta e não só na seguinte se não houver ameaça à segurança — , ao qual ele se ateve na íntegra. Portanto, Michael Masi não errou, acertou.
Até aqui estou considerando as questão sob ponto de vista do regulamento esportivo da F-1, mas há mais a considerar.
Muitos acham que Masi favoreceu Verstappen “manipulando” o resultado da corrida e, por conseguinte, o do campeonato. Errado. Toda corrida só termina quando a bandeira quadriculada é exibida para o primeiro carro que cruzar a linha de chegada ou quando a prova é interrompida com bandeira vermelha e não houve reinício. Problemas em carros de corrida na última volta acontecem. Tudo de errado pode acontecer nela.
Outro aspecto a considerar é ter começado uma disputa limpa entre Hamilton e Verstappen e que não foi “fato consumado” o holandês ultrapassar o inglês nos 5.281 metros finais. A perseguição levou cerca de metade, talvez um pouco mais, dessa distância, o que mostra que a diferença de composto e estado dos pneus dos dois carros não teve o peso que muitos atribuem. Verstappen manobrou a ultrapassagem com seu conhecido estilo, arrojo combinado com habilidade.
Há quem, como eu, agradeça ao Michael Masi por ter tomado a decisão de impedir, legalmente, que uma prova decisiva de campeonato terminasse placidamente sob luz amarela, com ou sem SC.
BS