Faltando uma semana para o verdadeiro início do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2022, as dez equipes inscritas nesta temporada iniciam quinta-feira uma nova sessão de três dias de testes no autódromo de Yas Marina¨(foto de abertura), onde será disputado o GP do Bahrein, dia 20. O paddock barenita poderá estar parcialmente desfalcado por causa de um problema logístico que afeta a equipe Haas, onde o brasileiro Pietro Fittipaldi foi escalado para substituir o russo Nikita Mazepin, afastado do time americano junto com o principal patrocinador da escuderia, a Uralkali, empresa de fertilizantes de seu pai. o avião cargueiro escalado para transportar o material teve uma pane e até ontem não se tinha conhecimento de uma solução alternativa.
O cenário acima mostra como está ainda mais complicado o ambiente na equipe estadunidense. Há tempos circulam rumores que Gene Haas está considerando vender a operação, possibilidade que se tornou maior quando Dmitry Arkadlevich Mazepin, proprietário da Uralchem, decidiu garantir a presença do seu filho no time na temporada passada. O fato de ser um dos oligarcas próximos a Vladimir Putin gerou uma situação insustentável para Haas: em represália à invasão russa na Ucrânia, os Estados Unidos bloquearam praticamente toda e qualquer operação financeira com a Rússia; em tal circunstância não se podia esperar que o empresário americano agisse de outra maneira.
O desligamento de Nikita Mazepin não é assunto inédito: essa possibilidade foi cogitada na temporada passada e gerou alguns factoides para criar uma saída honrosa. Após vários acidentes nas primeiras provas do ano passado circulou a notícia de que o piloto poderia se afastar da F-1 para cumprir suas obrigações com o serviço militar russo. O tema perdeu impacto, certamente com algum reforço financeiro, e Nikita cumpriu a temporada sem deixar de criar situações que prejudicaram especialmente o seu companheiro de equipe, o alemão Mick Schumacher, e por tabela a própria escuderia.
Pietro Fittipaldi está ligado à Haas há várias temporadas e tem apoio de Günther Steiner, italiano de ascendência alemã que comanda a equipe e é homem de confiança de Gene Haas, que também tem o brasileiro em alta conta. Ocorre que a operação de um time de F-1 é uma atividade cara e, portanto, cria condições para negociações amplas e, não raramente, complicada. Nesse quadro as chances de o neto de Emerson assumir a posição de companheiro de Mick Schumacher são prejudicadas: ainda que Steiner tenha afirmado que a equipe tem condições financeiras para cobrir o orçamento de 2022, a chegada de um piloto com patrocinadores forte cria um obstáculo extra para ele.
Os dois primeiros nomes considerados para a vaga foram os dos experientes Nico Hulkenberg e Antonio GIovinazzi. O primeiro tem a seu favor a experiência, mas exigiria um bom salário e seria o segundo alemão na equipe, algo não interessante comercialmente. O italiano é piloto Ferrari, o que em princípio poderia alterar a favor da Haas as vantagens obtidas com a presença de Schumacher, que também é protegido da Scuderia. O fato de estar contratado para disputar a F-E pode atrapalhar essas negociações.
De acordo com Andrew Benson, colunista da BBC para a F-1, os nomes de dois egressos da F-2 estariam na lista de compras de Steiner e Haas: o australiano Oscar Piastri (atual campeão da categoria) e o indiano Jehan Daruvala.
A vantagem de ambos sobre Pietro é que os dois vêm competindo regularmente nas últimas temporadas, enquanto o brasileiro concentrou-se em trabalhos no simulador. O fato de ter substituído Romain Grosjean nas últimas duas etapas de 2021 pode ajudar a compensar a falta de apoio financeiro, algo que sua ligação com a Família Slim, controladora da Claro, poderia atenuar.
Tarso Marques na Nascar
Piloto com larga experiência internacional — incluindo a F-1 e a F-Indy —, o brasileiro Tarso Marques abre um novo capítulo em sua carreira e vai disputar oito provas da Nascar Cup nesta temporada, a primeira delas no dia 3 de julho, na etapa Kwik Trip 250, no circuito de Road America. Marques foi contratado pele Team Stange Racing e vai defender as cores da Dignity Gold, empresa de segurança digital e que opera o token DIGau, lastreado em ouro. A Stange Racing tem sede em Chicago e após anos de associação com a Toyota inscreverá um Ford Mustang para o brasileiro nas provas da Nascar. O acordo inclui outros projetos que vão explorar o conhecimento de Marques fora das pistas. Nos últimos anos ele se firmou como construtor de motos e automóveis customizadas e venceu vários concursos internacionais do setor.
WG
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