Será que só eu classifico os pneus dos carros de F-1 de vários compostos uma verdadeira demência? Pior, ser exigência do regulamento esportivo da categoria variar os tipos de composto durante a prova, por isso requerendo o trabalho de “estrategistas”? Tudo errado, em minha opinião.
De corrida de automóveis a F-1 passou a corrida de pneus & estrategistas. A finalidade precípua de ser velocidade o fator determinante de vitória ficou para trás. Só uma mente doentia para conceber tal aberração, companheira da tal de “asa móvel” — de móvel não tem nada, o que muda é seu desenho ao comando do piloto de modo a reduzir seu arrasto aerodinâmico, por isso corretamente chamada, em inglês, de Sistema de Redução de Arrasto, DRS sua sigla em inglês (Drag Reduction System).
Ou seja, o artificialismo hoje impera na F-1.
Longe de eu ter a atual neurose de “sustentabilidade”, “CO2” e “mudanças climáticas”, mas o fato é que produzir essa vasta quantidade de pneus de vários compostos (foto de abertura) para cada grande prêmio é um bom exemplo de desperdício de matéria-prima e energia elétrica.
A única variabilidade de pneus decente e sobretudo sensata é a seco, intermediário e molhado. Composto? O mesmo para todos o ano ano todo. Cada construtor que faça seu carro previsto para os pneus existentes, jamais o contrário. O asfalto das pistas é o mesmo para todos os competidores.
Vivenciei alguns anos da década 1980 o Campeonato Brasileiro de Marca e Pilotos quando dirigi competições na Volkswagen e os pneus da categoria eram apenas os Pirelli P7 175/50R13 lisos (slicks) para piso seco ou com sulcos para piso molhado. Era um cenário no qual todos viviam e muito bem.
A “estratégia” de pneus se resumia pôr no carro o melhor tipo para as condições da pista, por si só já é complicada o bastante em função do estado da pista no momento. Lembro-me de uma largada do GP do Brasil no autódromo de Jacarepaguá, com ameaça de chuva, e ao ver que Piquet havia decidido largar com slicks, avisei-o para largar de Wet (molhado) por conhecer a “manha” do autódromo, nuvens baixas no setor Sul serem certeza de chuva iminente. Foi a corrida começar e desabar um aguaceiro obrigando-o a ir ao boxe para trocá-los completada a primeira volta.
Não vejo nenhum motivo para na Fórmula 1 atual não ser igual. Ficar culpando uma equipe como a Ferrari por errar a “estratégia” de pneus no GP da Hungria, é tudo menos automobilismo raiz.
E quando vejo o locutor da tevê e a plateia vibrarem quando um carro ultrapassa outro no fim da reta, porque “abriu a asa”, me dá náusea.
BS
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