A curiosa e excelente coluna de Chico Lelis de quinta-feira última sobre os dois túneis que sumiram da subida da Imigrantes, trouxe-me à lembrança um fato lamentável, o limite de velocidade de 80 km/h.
Quando do projeto e construção do magnífico trecho falou-se muito que o limite seria de 110 km/h Mas ao ser inaugurado 20 anos atrás (17/12/2002) tratei logo de conhecer a novidade que significava ponto final à estranha e incômoda inversão de sentido de tráfego no trecho de serra nos fins de semana, em que o que era subida virava descida.
Havido sido noticiado na imprensa por ocasião da inauguração que o limite ali era 80 km/h. Portanto, no dia do “muito prazer em conhecê-la” não foi surpresa vir pelo Planalto a 120 km/h e ver a placa de 80 km/h ao começar a descer. Não foi surpresa, mas raiva e desgosto.
Traçado moderno com curvas de raio longo e declividade de 6% caracterizam uma rodovia segura. Por que então uma velocidade tão baixa? Logo vi o martírio que é manter 80 km/h ali.
Indignado, falei com a concessionária Ecovias, com um chefão de nome João Schleder, que teimou em dizer que aquele limite era correto, que com mais velocidade — testaram, disse — os freios aqueciam-se ao ponto de calotas de plástico se soltarem. Trocamos farpas, desafiei-o a me provar o que dizia, até me propus a fazermos um teste a 100 km/h, mas eu estava diante de uma pessoa de mentalidade retrógrada e minha tentativa em nada deu.
Pois bem, 100 km/h era a absurda velocidade-limite da subida quando utilizada para descida. (e continua para subida até hoje) Por que essa mesma velocidade não pode ser adotada numa rodovia mais moderna, de mesma declividade, inaugurada 26 anos depois?
A resposta só pode ser burrice combinada com tacanhice.
Descer a 80 km/h é velocidade tão baixa para as condições que ao tentar usar o controle de velocidade de cruzeiro o motor é acelerado numa macha inferior para manter essa velocidade. Só os carros com câmbio CVT conseguem manter a velocidade programada, uma marcha é “escolhida” para proporcionar freio-motor naquela velocidade com aquela gradiente de 6%. Constatei-o alguns anos atrás num Audi A4 com câmbio automático Multitronic, que é CVT.
Num evento de lançamento, percurso Capital-litoral, carros sem placa, desci a 100 km/h e 110 km/h mais facilmente do que a 80 km/h, uma vez que a essa velocidade a resistência aerodinâmica ainda é muito baixa. Com mais velocidade o vento relativo freia o carro.
Esse é um dos grande problemas do trânsito brasileiro, falta de conhecimento de automóvel e trânsito.
BS