A GM vem retirando aos poucos a capa da nova Montana para mostrar os segredos da nova picape que é o principal lançamento da marca para esta virada de ano. Em termos de Chevrolet podemos dizer que é uma mudança de paradigmas, pois o carro será lançado oficialmente apenas no final de janeiro de 2023, mas neste início de dezembro já tivemos duas aparições do carro. A primeira foi através de vídeo apresentado no canal do YouTube do fabricante, onde as imagens definitivas, conteúdo das versões LTZ e Premier, e preços foram divulgados. Nessa data foi anunciada o início da pré-venda de duas mil unidades, que se esgotaram em questões de horas.
Anteriormente a GM já havia convidado alguns jornalistas para visitar o Campo de Provas em Indaiatuba, onde um veículo protótipo, totalmente camuflado, estava à disposição para ser tocado e admirado, mas nada de conteúdo, potência ou dimensões foi divulgado naquela data. O AE esteve presente e publicamos duas entrevistas: primeira, e segunda.
Nesta semana tivemos mais um capítulo da estratégia de Marketing da GM para apresentar o novo carro e ganhar visibilidade nas mídias. É a chamada mídia espontânea, e nós do AE engrossamos o caldo dessa divulgação por saber que o nosso leitor tem apetite dessas informações, e sempre procuramos oferecer algo a mais com seriedade, diversidade e isenção.
A antiga Montana deixou de ser fabricada no início do ano, portanto, a antecipação de imagens e informações da nova picape só afeta as vendas dos seus concorrentes diretos (Strada, Toro e Oroch), pois muitos consumidores podem preferir aguardar a chegada em fevereiro para conferir e decidir pela compra ou não do novo veículo.
Se preferir assista agora ao vídeo gravado no estúdio preparado pela GM para esta apresentação:
Aparência externa e conforto interno
O contato com a Montana sem camuflagens surpreendeu positivamente tanto pelo porte do veículo quanto pela beleza das suas linhas e harmonia de desenho da nova frente, que passa a ser o novo DNA da marca. É provável que o Spin e a S10 sejam os próximo produtos da marca a adotar esse estilo. Os comentários de que é uma cópia da picape Toro da Fiat são infundados, pois a GM já vem adotando esse novo conceito em outros veículos mundo afora.
O entre-eixos é visivelmente mais longo que o do Tracker (2.570 mm), podendo ultrapassar o Onix Plus (2.600 mm) que atualmente é o mais longo da plataforma GEM – Global Emergent Market (Mercado Global Emergente). Essa característica deixa a picape cabine dupla de 4.720 mm de comprimento total com aspecto alongado e proporciona melhor divisão do espaço interno, deixando o banco traseiro mais confortável que o dos seus principais concorrentes.
O espaço para as pernas no banco traseiro é adequado, levando em consideração que é uma picape, o que deixa o encosto do banco em posição mais vertical, mas é notoriamente melhor equacionado que Renault Oroch e Fiat Strada. Nos bancos dianteiros a acomodação e ergonomia é similar ao Tracker com boa visibilidade 360 graus e auxiliado para manobras de estacionamento pela câmera de ré e sensores.
A GM não divulga, mas certamente a nova Montana não foi desenvolvida olhando para a Toro, e sim para um subsegmento intermediário entre Strada e Toro, que seria ocupado hoje pela Renault Oroch, batizado pela GM de picape média-compacta. Os estudos iniciais de engenharia datados de 2016 já apontavam isso. O projeto esteve parado durante um ano por questões econômicas e divisão de cargas de trabalho nas engenharias da GM.
O projeto seria desenvolvido pela equipe da China, mas acabou voltando para as mãos dos engenheiros do Brasil, e dentro dos escritórios da engenharia da GM daqui já utilizam a expressão de que a nova Montana é o melhor veículo oriundo da plataforma GEM. E sem nenhum bairrismo, pode ser que seja mesmo. Falta andar com o carro para chancelar essa afirmação.
Capacidade de carga e caçamba
Se o objetivo é ser um veículo versátil que possa entregar algo a mais que um suve, a picape precisa ter boa capacidade de carga, bom volume na caçamba, e facilidade para acomodar todos os tipos de objetos. Foi pensando nisso que os engenheiros da área de acessórios da GM desenvolveram um kit de peças plásticas que permite personalizar a maneira de acomodar cargas na caçamba. A criatividade foi colocada em prática e o resultado é bem interessante, pois permite posicionar o acessório de diversas maneiras para facilitar a vida do usuário.
O protetor plástico da caçamba é outro item de série das versões de topo e conta com desenho funcional para acomodar separadores de carga. Há oito argolas para amarração de carga distribuídas nas laterais da caçamba, mas a meu ver as argolas inferiores ficariam melhor se estivessem no assoalho e não a meia altura.
A vedação de água foi outro desenvolvimento que seguramente tomou muito tempo dos engenheiros e a solução, pelo menos visualmente, parece bem eficiente. Já a vedação contra a poeira não parece totalmente resolvida. Ainda há fresta sem vedação no fechamento da tampa da caçamba, que seguramente será ponto de entrada de poeira. Principalmente aquela mais fina e densa que os veículos levantam ao trafegar por estradas de terra.
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A capacidade de carga deve estar em torno de 600-650 kg (a GM ainda não divulgou), o que representa 350 kg de 5 ocupantes mais 250 a 300 kg na caçamba. A suspensão traseira com eixo de torção e molas helicoidais é o mesmo conceito das duas gerações anteriores da Montana, e nesta nova geração vem equipada com batente de Cellasto® (nome comercial da BASF para espuma de poliuretano de alta compressibilidade)) de duplo estágio, permitindo que a suspensão seja suave em vazio, e mantenha bom desempenho com o aumento de carga. Esse batente trabalha como estágio adicional da mola, evitando que o veículo fique muito baixo de traseira ao ser carregado.
Visualmente identifiquei um batente longo no interior da mola helicoidal, e este batente é guiado por uma haste interna para evitar flambagem durante o curso de compressão. Pelo lado inferior, ao centro do assento de mola no eixo, há uma peça de apoio que serve como guia para a haste. Uma solução de engenharia bem estudada que ainda não havia visto em outros carros dessa categoria. Fica a curiosidade para o resultado dinâmico de todo esse desenvolvimento. A GM tem a fama de entregar carros de bom compromisso entre conforto e dirigibilidade, portanto não espero nada muito diferente neste. A conferir!
Novidade na propulsão
A nova Montana será a estreia do motor tricilindro 1,2-l turbo com câmbio manual de 6 marchas na plataforma GEM. Mas só deve aparecer nas versões de entrada LT ou LS que ainda não foram divulgadas. O volume principal deve ser a de câmbio automático, também de 6 marchas, com relações ajustadas para a maior capacidade de carga da picape em relação ao Tracker, visto que os pneus são os mesmos 215/55R17, pelo menos na versão de topo, e os pneus 215/60R16 devem ser os das demais versões.
O motor Ecotec 1,2-l turbocarregado utilizado no Tracker Premier entrega 132/133 cv a 5.500 rpm e 19,4/21,4 m·kgf a 2.000 rpm, e esse valores não devem sofrer alteração para aplicação na picape, porém uma calibração específica foi desenvolvida para dar a adequada dirigibilidade nessa utilização.
Conteúdo tecnológico conhecido
A central multimídia MyLink utilizada na nova picape é da última geração com Wi-Fi e internet 4G residente, espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio e disponibilidade de carregador por indução (sem fio) no console central. Ainda oferece atualização remota de sistemas eletrônicos do veículo e possibilidade de interação com o carro através do aplicativo myChevrolet.
Os sistemas de auxílio ao motorista e segurança contemplam o controle de velocidade de cruzeiro do tipo convencional, assistente de partida em aclives e faróis com acendimento por sensor crepuscular. O volante de direção tem ajuste de altura e distância e conta com assistência elétrica regressiva com a velocidade por meio de motor de passo na árvore de direção.
O computador de bordo apresenta as principais informações do veículo, incluindo o monitoramento da pressão dos pneus e indicador de vida útil do óleo do motor. A chave é do tipo presencial com partida por botão e o sistema de áudio inclui quatro alto-falantes e subwoofer da JBL.
Conclusão
Com a nova Montana exclusivamente em cabine dupla, a GM abandona o segmento de picapes compactas que são muito utilizadas nos pequenos negócios, deixando essa fatia do mercado para a Fiat Strada, que ainda tem a versão de cabine simples, e VW Saveiro, até que esta última apresente alguma remodelação nessa mesma linha.
Os preços anunciados de R$ 134.490 na versão LTZ e R$ 140.490 na Premier devem ter desconto para a modalidade Vendas Diretas utilizada por produtores rurais e PJs em geral. E as possíveis versões LS e LT certamente terão preços abaixo desse valor, o que coloca a nova Montana em boa posição no mercado.
GB
Obs.: Ficha técnica e lista de conteúdo completa só serão divulgados pela GM no final de janeiro 2023, data prevista para lançamento.