Faleceu esta manhã em Chicago, EUA onde vivia, Mark Hogan, presidente da General Motors do Brasil de dezembro de 1992 a maio de 1997. Nesta sexta-feira última sofreu um sério infarto que afetou seu cérebro, deixando o em condição crítica. Hoje (16/4) não resistiu e veio a falecer. Tinha 71 anos, completaria 72 no próximo dia 15 de maio.
Deixa esposa e três filhos, dois dos quais brasileiros, que o casal resolveu adotar.
Sua passagem à testa da filial brasileira da General Motors Corporation foi marcante. Relacionava-se admiravelmente bem com a imprensa e com a rede de concessionários Chevrolet. Era gentil e afável com seus comandados, nunca levantava a voz. Chico Lelis e Gerson Borini trabalhavam na GM durante sua administração.
Conheci-o na condição de jornalista da revista Autoesporte tão logo chegou ao Brasil, iniciando-se um sólido relacionamento profissional.
O lançamento do Corsa em fevereiro de 1994 foi comandado por Mark e foi dele a decisão de construir a fábrica de Gravataí, no Rio Grande do Sul. É onde seria fabricado um carro compacto que tinha nome-código Arara Azul (Blue Macaw em inglês, nada menos que o Celta, lançado em setembro de 2000, já sob comando de seu sucessor, o também americano Frederick Henderson.
Mark viu na então incipiente internet uma nova maneira de comercializar automóveis, e criou-a para vender o Celta. A GM foi a primeira fabricante no Brasil a usar a internet como ferramenta de vendas.
Depois da GM do Brasil Mark presidiu a canadense Magna International, fabricante de peças e componentes automobilísticos, até que, se não a maior, foi uma das grandes realizações deste notável profissional: passar a ocupar um lugar na mesa diretora da Toyota Motor Corporation, o primeiro não japonês nessa posição na gigante Toyota.
Mark Hogan deixa uma legião de amigos, entre eles Fernando Calmon, que escreve hoje cedo, antes de seu passamento:
Presidente da GM do Brasil entre 1992 e 1997, o americano Mark Hogan marcou sua administração como o mais “brasileiro” de todos os que já passaram pela empresa no País. Sempre mostrou uma especial admiração pelo País e seu povo.Foram cinco anos em que a marca Chevrolet se expandiu e se modernizou como nunca antes com o lançamento de modelos emblemáticos como Omega, Corsa, S10 e Celta, entre outros. além de ter determinado a construção da fábrica de Gravataí. Chegou ao Brasil com apenas 41 anos e se destacou pelo relacionamento tão cordial quanto eficiente com funcionários, concessionárias e imprensa.Hogan, uma pessoa afável e que jamais elevava o tom de voz, sempre atendeu os jornalistas com especial atenção. E quando estes insistiam em conversar sobre produtos e planos não se recusava a responder, nem mudava de assunto. Os gerentes brasileiros da companhia suavam frio quando as suas respostas iam um pouco além do que estava liberado para falar.Naquele tempo não havia o que se chama hoje de pensar fora da caixa. Mas, o Mark se destacou justamente por isso, além de sua competência como administrador e líder. Um exemplo foi quando entrou para visitar uma concessionária em São Paulo e uma criança de seis ou sete anos ouviu que se tratava do presidente da GM. Ele se aproximou, agachou em frente da menina e ao cumprimentá-la soube que seus pais nunca a tinham levado para ver uma prova de Stock Car.Uns 15 dias depois havia uma etapa em Interlagos e Hogan convidou a garota e os pais para assistir à corrida do paddock. Coube ao piloto Fabio Souto Mayor adaptar o seu Opala para que a pequena fã pudesse dar uma voltinha em câmera lenta pela pista. Não restou dúvida de que ali tinha o dedo do executivo.
Ele também era apaixonado pelo Carnaval brasileiro. Tanto que tocava tamborim na Escola de Samba Portela e mesmo após voltar aos EUA retornou ao País algumas vezes para desfilar como integrante da bateria. Desempenhava com tanta garra que chegava quase a sangrar os dedos. Por isso recebeu uma homenagem da Portela como Tamborim de Ouro.
Hogan também demonstrou uma ligação afetiva ímpar com o Brasil. Ele já tinha um menino, mas decidiu adotar, em conjunto com sua esposa, um casal brasileiro de crianças negras ao final de sua gestão em São Caetano do Sul, SP).
Mark atualmente enfrenta um problema de saúde de gravidade extrema em Chicago, onde mora. Depois da GM, presidiu a canadense Magna International e passou à mesa diretora da Toyota.
FC