Giotto Bizzarrini, um dos mais importantes projetistas de carros esporte italianos, morreu de causa natural no sábado (13/5) aos 96 anos de idade. Formado em engenharia pela Universidade de Pisa em 1953, no ano seguinte foi trabalhar para a Alfa Romeo no setor de desenvolvimento e testes comandado por Carlo Chiti.
Jovem e apaixonado por automóvel, também assumiu a função de piloto de testes. “Era a vida que eu queria”, lembrou Giotto em depoimento. Três anos mais tarde foi surpreendido ao receber uma correspondência de próprio punho de Enzo Ferrari convidando-o para uma visita a Maranello, onde foi recebido pessoalmente pelo Commendatore.
Algumas semanas depois foi convidado para assumir o comando de desenvolvimento e testes da Ferrari. Em suas memórias, contou que ao chegar na fábrica de Maranello imediatamente mandaram ele testar o berlinetta 250 GT, com motor V-12 de mais de 300 cv, com a qual o belga Oliver Gendebien havia vencido o Giro di Sicilia. Bizzarrini lembrou que, até então, o carro mais potente que havia guiado tinha sido um Alfa Romeo de 1.900 cm3 de bem menos de 100 cv. Precisou da ajuda dos mecânicos, que estavam aquecendo o motor, para descobrir os macetes do carro e sair para a estrada. Quando voltou, o próprio Ferrari o estava aguardando.
Abordado pelo chefe, “como a máquina anda, meu jovem?” Bizzarrini não se furtou: “Fantástica, Commendatore, o motor é excepcional, mas acho que podemos melhorar a suspensão com amortecedores telescópicos e também usar caixa de direção de pinhão e cremalheira. Ao que Ferrari secamente respondeu: “Eu sei, por isso te contratei”.
Na Ferrari, Bizzarrini trabalhou no desenvolvimento de modelos de competição como o 250 Testarossa V-12 e o Testarossa 500 Mondial de 2 litros, além de várias versões de modelos de rua da linha Ferrari como o 250 GT SWB, 250 Spider California e o icônico 250 GTO.
Uma reclamação da equipe de engenharia, então comandada por Carlo Chiti, devido as interferências da esposa do Commendattore, Laura, nos trabalhos na fábrica provocou a demissão da equipe toda, inclusive Bizzarrini, que voltou para Livorno, sua cidade natal, e onde montou a empresa Autostar, um escritório de engenharia para projetar motores por encomenda.
Um dos primeiros clientes foi Ferruccio Lamborghini, que encomendou o motor V-12, de 3,5 litros e que foi instalado no protótipo Lamborghini 350 GTV, apresentado no Salão de Turim de 1963. No mesmo evento foi apresentado outro esportivo, o Iso Grifo com potente motor Chevrolet V-8 de 5,3 litros e 350 cv, com chassi projetado por Bizzarrini.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
Em 1964, ele se aventurou em virar construtor de modelos esportivos e fundou a Società Prototipi Bizzarrini, para construir o Bizzarrini 5300 GT Strada, também com o motor Chevrolet V-8 de 5,3 litros, mas com 365 cv e que alcançava velocidade de 280 km/h. Entretanto, em 1969 a empresa encerrou as atividades após 133 unidades produzidas.
Giotto Bizzarrini passou então a prestar serviços de consultoria para diversos fabricantes. No final de 2020, o kuwaitiano Rezam Mohamed Al Roumi, que comanda uma loja de carros de luxo em Londres, anunciou que havia fechado acordo com o engenheiro italiano para relançar a marca Bizzarrini com um superesportivo denominado Giotto.
R.I.P. Giotto Bizzarrini
RM