O maravilhoso mundo das duas rodas é muito diversificado. São várias categorias de motos feitas para cada tipo de uso. Porém, uma delas se destaca por estar sempre à frente em inovação, tecnologia, desempenho além de contar com uma concorrência muito acirrada. Este mercado é o das motos superesportivas. Ano após ano são lançados modelos cada vez mais rápidos, mais leves e mais potentes frente aos principais concorrentes. Fomos convidados para conhecer mais nova superesportiva da Ducati, a Panigale V4S modelo 2023.
Lembro que quando comecei neste mercado em 2009 com cursos de pilotagem e andando bastante em motos esportivas, a sensação era que estávamos no limite do peso-potência com motos de 180 cv e pesando 205 kg. Eram modelos ariscos na aceleração e nos quais que era preciso muito conhecimento e perícia para efetivamente ter bons tempos de volta. Agora em 2023 a atual Ducati Panigale V4S conta com 215,5 cv para apenas 195 kg. Porém com o uso da tecnologia ela é mais rápida e ao mesmo tempo mais fácil de pilotar que suas antecessoras.
Panigale V4 S modelo 2023
Durante a apresentação para a imprensa a Ducati destacou seu conhecimento no MotoGP para melhorar sua esportiva na aerodinâmica e, principalmente, em eletrônica. A suspensão eletronicamente ajustável ganhou 5 mm de curso na dianteira. O banco do piloto agora está com a parte traseira mais plana e com acabamento em duas cores. Ainda na ergonomia o tanque de combustível (17 litros) está mais fino na parte final junto ao banco, permitindo um melhor encaixe das pernas. O motor rende 1,5 cv a mais de potência que a geração anterior, além de novas calibrações para os sistemas eletrônicos.
As “asas” dianteiras estão mais finas e compactas porém gerando 37 kg de carga vertical na dianteira da moto a 300 km/h. Se você acha exagero saiba que uma moto desta chega a 300 km/h em quarta marcha. Em velocidades tão altas é muito importante ter o pneu dianteiro bem estável contra o asfalto. As novas saídas de ar na carenagem também permitem uma temperatura mais baixa do motor mesmo em situações de pista. A velocidade máxima aumentou em 5 km/h.
A primeira segunda e sexta marchas foram alongadas para melhor uso em circuitos. Os quatro modos de pilotagem alteram diversos parâmetros para cada cenário, até mesmo o freio-motor pode ser alterado individualmente marcha por marcha. O pacote eletrônico é um dos mais completos usando um sistema de medição inercial de seis eixos contanto com os seguintes módulos:
ABS Cornering EVO (Freios ABS com atuação em curvas)
Ducati Traction Control EVO 3 (Controle eletrônico de tração)
Ducati Slide Control (Controle eletrônico de derrapadas)
Ducati Wheelie Control EVO (Controle eletrônico de empinada)
Ducati Power Launch (Controle eletrônico de largada)
Ducati Quick Shift up/down EVO 2 (Trocas de marcha subir/reduzir sem o uso da embreagem)
Engine Brake Control EVO (Controle eletrônico de atuação do freio-motor)
Ducati Electronic Suspension EVO (Controle eletrônico dinâmico de ajuste de suspensões)
Antes do teste de fato somos levados para a pista com as motos enfileiradas, para recebemos as últimas instruções e conhecer melhora a nova V4S. Ainda que beleza seja algo subjetivo é difícil negar o quão bonita essa moto ficou. Uma excelente combinação de asas menores e o logotipo em preto, escapamento centralizado, rodas forjadas e novas saídas de ar desde a carenagem inferior. Mesmo parada a motocicleta deixa claro que foi feita para andar rápido.
Primeiras impressões na pista
Nosso primeiro contato foi na pista Fazenda Capuava em Indaiatuba, SP. É um autódromo particular que eu já conhecia. Foram poucas voltas porém o suficiente para saber o que uma moto desta pode fazer. A posição de pilotagem realmente me deixou melhor posicionando com excelente encaixe entre homem e máquina. A entrega de potência de médias rotações é muito boa porém em alta é que o motor V4 mostra seu real potencial. As trocas de marcha também são rápidas e precisas tanto no aumento quanto na redução. A primeira marcha mais longa também se mostrou uma escolha acertada podendo ser usada por mais tempo em curvas de baixa do circuito.
Em poucas voltas parecia que a Capuava que eu conhecia estava mais curta e com a próxima curva chegando cada vez mais rápido. Com pneu traseiro esportivo 200/60 R17 a confiança de frear mais tarde e acelerar mais cedo só aumentava. Imagino o que uma motocicleta desta pode fazer em um circuito maior como Interlagos. O painel em cores mostrava diversas opções e regulagens que ainda poderiam ser feitas porém ficarão para uma outra oportunidade com mais tempo.
Conclusão
Ao final do dia fica claro como os avanços tecnológicos fizeram bem para as motos esportivas. Com os novos controles eletrônicos é possível aproveitar mais da motocicleta com muita segurança. Sempre indico para todos um curso de pilotagem antes de acelerar qualquer moto desta categoria. E atualmente são poucos pilotos que vão conseguir extrair seu desempenho ao máximo. Porém ao mesmo tempo nunca estiveram tão acessíveis para quem quer aprender.
Como opcional para uso em pista ainda é possível trocar o escapamento para uma redução de 6 kg de peso e um aumento de potência para 228 cv — uma relação peso potência de 0,85 kg/cv . Outro acessório é um sistema de GPS integrado ao painel para marcar os tempos de volta. Enfim se você gosta de design italiano, acelerar forte em circuitos a V4S é uma máquina de adrenalina.
Já disponível nas concessionárias da marca, a Panigale V4S é vendida apenas na tradicional cor vermelha (Ducati Red) e o preço público sugerido de R$ 162.900. A garantia oferecida é de 2 anos sem limite de quilometragem.
LR
FICHA TÉCNICA DUCATI PANIGALE V4S | |
MOTOR | |
Descrição | 4 cilindros em V a 90º, transversal, duplo comando de válvulas, corrente, atuação indireta por alavanca-dedo, corrente, 4 válvulas por cilindro, árvore contrarrotativa para anulação do efeito giroscópico do motor, injeção no duto e arrefecimento a líquido |
Cilindrada (cm³) | 1.103 |
Diâmetro e curso (mm) | 81 x 53,5 |
Taxa de compressão (:1) | 14 |
Potência (cv/rpm) | 215,5 / 13.000 |
Torque (m·kgf/rpm) | 12,4 / 9.500 |
Corte de rotação (rpm) | n.d |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão (V) | 12 |
Bateria (A·h) | 10 |
Alternador (V/W) | n.d / n.d |
TRANSMISSÃO | 6 marchas com transmissão secundária por corrente |
Relações das marchas (:1) | 1ª 2,40; 2ª 2,00; 3ª 1,73; 4ª 1,52; 5ª 1,36; 6ª 1,22 |
Relação primária (:1) | 1,80 |
Relação secundária (:1) | 2,56 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Öhlins NPX25/30 de 43mm eletronicamente ajustável com 124,4 mm de curso |
Traseira | Monobraço com ajuste eletrônico Öhlins TTX 36 e 129,5 mm de curso |
FREIOS | |
Dianteiro (Ø mm) | Disco duplo Brembo Stylema 4 pistões com fixação radial / 330 |
Traseiro (Ø mm) | Disco único Brembo com 2 pistões / 245 |
Controle | ABS em ambas as rodas com atuação em curvas, controle de tração, 4 modos de pilotagem, quickshifter, controle de empinada, controle eletrônico de freio motor |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio forjado 17 dianteira e 17 na traseira |
Pneus | Pirelli Diablo Supercorsa SP V3; Dianteiro 120/70 R17 e traseiro 200/60 R17 |
CONSTRUÇÃO | Monobloco em alumínio |
Ângulo do garfo (º) | 24,5 |
Avanço (mm) | 100 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | n.d |
Largura | n.d |
Altura | n.d |
Distância entre eixos | 1.468 |
Distância mínima do solo | n.d |
Altura do banco ao solo (mm) | 848 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso seco/em ordem de marcha (kg) | 174 / 195,5 |
Carga útil (kg) | n.d |
Tanque de combustível (L) | 17 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 3,4 |
Velocidade máxima (km/h) | 299+ |