Quando uma equipe sobe de patamar, os obstáculos tornam-se mais difíceis, combinação de circunstâncias que surpreende para o bom e para o ruim. No Grande Prêmio de Mônaco (foto de abertura) um erro estratégico da Aston Martin custou a sua maior chance de vitória frente à inequívoca superioridade atual da Red Bull e Max Verstappen. Para a até então apagada Alpine, a cobrança de Laurent Rossi, o presidente da Renault, colocou a Alpine de volta nos trilhos que o time francês percorreu no ano passado para chegar ao quarto lugar no Campeonato de Construtores.
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Uma das melhores estratégias já vistas em disputas estilo Davi contra Golias em prova do Mundial de F-1 foi a sua vitória sobre Nigel Mansell em Mônaco 1992. Após o antológico triunfo Senna me explicou como derrotou o inglês: “A única chance que eu tinha era ficar o mais próximo dele para aproveitar um possível problema mecânico ou erro dele.”
Foi o que aconteceu: Mansell liderou as primeiras 70 voltas da prova, até que na 71ª ele foi obrigado a parar por causa de um pneu traseiro. O tempo gasto para chegar até chegar ao box, recolocar seu carro em condições de prosseguir e voltar à pista foi suficiente para Senna assumir a liderança nas 8 voltas restantes.
“Os pneus do meu carro estavam praticamente acabados e a cada saída de curva as rodas patinavam somo se eu estivesse pilotando um dragster. Me mantive no meio da pista e consegui vencer e quebrar a invencibilidade do Mansell, que tinha vencido as cinco provas disputadas até então”, completou o brasileiro.
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No GP monesgasco deste ano eu esperava que Alonso adotasse uma estratégia similar, mas não foi bem isso que aconteceu. O espanhol largou com pneus mais duros, clara mensagem de que ele e a Aston Martin apostavam em aproveitar o pit stop de Verstappen — ele usava pneus médios, menos duráveis — para assumir a liderança e abrir uma vantagem segura para a obrigatória troca desse equipamento. Não foi o que se viu: a diferença para entre ambos chegou à casa dos 13″308 segundos na volta 53, quando Verstappen fez sua parada obrigatório e voltou à pista com pneus intermediários.
Na volta 54 o espanhol parou para trocar pneus e aí a Aston Martin sofreu a principal derrota do final de semana: instalou pneus click de composto médio quando a concorrência já andava de intermediários. A primeira derrota, bem mais branda, foi perder a pole position por 8,4 centésimos de segundo. Como bem lembrou Gary Anderson, engenheiro que se consagrou com o Jordan 191:
“Você pode ter todas as previsões meteorológicas do mundo, mas precisa levar em conta o que está acontecendo ao seu redor. Mônaco é isolado pelas montanhas e tem um microclima próprio. Assim o que está acontecendo naquela pequena enseada pode ser bem diferente do que acontece a alguns quilômetros dali. Nessa altura, o melhor indicador é a opinião do piloto.”
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A comunicação entre Alonso e a equipe nas voltas anteriores deixou claro que a equipe optou por instalar pneus slick em seu carro embora o espanhol questionasse o que os adversários estavam usando. O fato de Alonso retornar aos boxes na volta seguinte confirma a teoria de Anderson. Na mesma volta 55 Verstappen parou para sua troca de pneus obrigatória, seu carro recebeu pneus de chuva e a vitória ficou mais perto em meio a um e outro momento de suspense, cortesia da pista molhada.
Resultado esperado a caminho, a briga de Esteban Ocon e Lewis Hamilton pelo terceiro lugar chamou a atenção de todos. As equipes de ambos viviam um fim de semana digno de recomeço. Em Miami, o presidente da Renault (à qual a Alpine é subordinada) deu um verdadeiro ultimato aos seus representantes ao mencionar que a persistir uma campanha bem abaixo das expectativas, todo o projeto de F-1 poderia ser cancelado. O efeito foi imediato: Ocon e Gasly chegaram à Q-3, a sessão da prova de classificação que determina os 10 primeiros lugares no grid de largada. Na corrida Esteban ficou em terceiro e Pierre terminou em sétimo, tendo ocupado o terceiro lugar por algumas voltas. É preciso melhorar ainda mais esse padrão de competitividade para, pelo menos, repetir o quarto lugar entre os Construtores conquistado no ano passado.
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Após insistir demasiadamente em um projeto que afastou a equipe da briga por vitórias desde o início de 2022, a Mercedes modificou radicalmente as carenagens laterais dos seus carros e Lewis Hamilton alinhou em sexto e George Russell, em oitavo. Na corrida o heptacampeão foi consistente e tirou proveito dos erros de Carlos Sainz e George Russell em uma atuação comedida: ao notar que não alcançaria Ocon, resignou-se a cruzar a linha de chegada em quarto lugar, 17 segundos à frente de Russell.
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A dificuldade cada vez maior de ultrapassar em Monaco é consequência do tamanho atual dos carros de F-1 e da impossibilidade de se alargar o traçado citadino mais tradicional do mundo. Há tempos especula-se sobre possíveis alterações no percurso de 3.337 metros, porém nenhuma delas foi levada adiante. O fato de o Principado ter desenvolvido a prática de avançar seu território sobre o mar poderia ser utilizada para criar pontos de ultrapassagem no setor ao longo do cais. A ideia é defendida por Christian Horner, o capitão da Red Bull: “Tenho certeza que com a criatividade que existe e a quantidade de terra que eles estão reivindicando aqui, deve haver a oportunidade de se obter uma zona de frenagem maior. Criar um cotovelo seria maravilhoso.”
A conferir.
O resultado completo do GP de Mônaco você encontra aqui.
WG
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