Sem obedecer a nenhuma ordem, quer cronológica, quer alfabética, mas apenas seguindo o que me vinha à mente, escrevi este texto pensando em músicas que falam de carros para nós, que aqui escrevemos, e vocês, que gostam de ler o AE.
É claro que esqueci centenas — elas são milhares — de letras que falam de carros, mas se juntarmos todas as suas sugestões certamente chegaremos perto. Façam esse exercício e divirta-se com os amigos. Ao final do texto, coloco os vídeos para vocês ouvirem as músicas citadas.
Como Jorge Veiga, /Parei meu carro na praça Paris, no Rio de Janeiro. Eu e a Conceição/De repente, ouvi um boa noite!/ Era o Cosme e o Damião (dupla de soldados da polícia militar carioca nos anos 50). Dei marcha à ré no Chevrolet/Maestro Patané (Eduardo Carmelo Patané, maestro, compositor e violonista paulista), me dê o meu boné/ E como eles destacaram um papel amarelo para me multar, resolvi descer a rua Augusta a 120 por hora, deixando a turma toda do passeio para fora/F fiz curva em duas rodas sem usar a buzina, porque quem é da minha turma não tem medo/.
Depois, fiquei mais calmo e, como RC, /Deixei meu Cadillac no mecânico outro dia, peguei um calhambeque e parei na contramão/O guarda apitou. E o broto nem sequer me olhou/ E então vi o Fuscão Preto, feito de aço, com o Trio Parada Dura descendo pelas curvas da Estrada de Santos/. (era feriadão).
Então, como Raul, comprei um Corcel 73 (foto de abertura). E já que lembrei do Raul, (o Seixas, claro!), vou me atualizar, citando o MC Guime, com o seu Citroën, cantando as “minas” do pedaço e “Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën, Ai “nóis” convida, porque sabe que elas vêm. De transporte “nóis” tá bem, de Hornet ou 1100 Kawasaki, tem Bandit RR tem também”.
Pensando no Simonal e nos irmãos Valle, achei que haveria espaço, mesmo com os juros lá na estratosfera e um crédito encurtado pela inadimplência, para /A questão social industrial/Não permite e não quer/Que eu ande a pé/Na vitrine um Mustang cor de sangue”. Mas, com os descontos em vigor, talvez consiga como o pessoal do Mamonas Assassinas, embarcar numa Brasília Amarela, pelados, em direção a Santos.
Mas colocando força aqui, ,”Vem ni mim Dodge Ram Focker 280″, a mulherada louca, Israe,l Novaes (autor da letra) arrebenta”. Voltando aos esportivos, lembro de um tal Camaro Amarelo, letra de Munhoz e Mariano que diz “Agora eu fiquei doce igual caramelo ‘Tô tirando onda de Camaro amarelo”.
E que tal este pedido a Deus, pela Janis Joplin /Ó Senhor, você não vai me comprar uma Mercedes-Benz?/Todos meus amigos dirigem Porsches Eu preciso compensar/Trabalhei duro a vida toda. Sem ajuda dos meus amigos/Então Senhor, você não vai me comprar um Mercedes-Benz?? O original da letra: I’d like to do a song/Of a great social and poetical import It goes like this: Oh Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz? My friends all drive Porsches I must make amends ?Worked hard all my lifetime No help from my friends So Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz?).
E já que falamos em mulher, vamos ouvir Ivete Sangalo com seu “Carro Velho”, combinado? /Cheiro de pneu queimado/Carburador furado, coração dilacerado/Quero meu negão do lado/Cabelo penteado, no meu carro envenenado/Quer andar de carro velho, amor/Que venha/Pois eu sei que amar a pé, amor, é lenha”.
E, para finalizar com um espírito aventureiro, lembro aqui de A Cor do Som, com sua música. Eu sempre quis andar de Jeep: ?Eu sempre quis andar de Jeep/Andar descalço na lama, cantando na chuva/Deitando na grama, e rolar com você sujo de vida/Brincar no planeta fazendo travessuras/Vivendo aventuras como Búfalo Bill/E principalmente ser, e principalmente ser amigos dos índios, amigos dos índios do Brasil/.
E agora, para acabar mesmo, coloco a letra inteira da música que abriu este meu texto, já que foi a única que ouvi, e nunca esqueci, ao vivo, cantada por Jorge Veiga, no auditório da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que fui algumas vezes com meus pais, quando morei lá. /Parei meu carro na praça Paris, eu e a Conceição/De repente, ouvi um boa noite, eram o Cosme e o Damião/Destacaram um papel amarelo, que situação. É que, distraidamente, parei na contramão/Conversei o Cosme, dei um cigarro ao Damião/Expliquei aos bons soldados que mostrava o Pão de Açúcar à Conceição/Eles acharam graça e um me respondeu cheio de fé/Dura lex sed lex, nem que o senhor fosse o Café, (Café Filho era o presidente da República na época). /Dei marcha à ré, no Chevrolet, maestro Patané, me dê o meu boné/.
CL
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