A picape F-150 da Ford é aquele tipo de veículo que você jura que não precisa ter — até tê-la. Ela é grande, bem grande. Bem alta e bem longa, parece que não vai caber em nenhum lugar, mas quando você começa a dirigi-la e experimentar todo seu conforto e principalmente a robustez, parece que todo pré-julgamento é jogado no lixo e os principais atributos ficam em evidência.

Os americanos adoram essa picape, tanto que é a mais vendida no mercado local há 41 anos. E não é apenas a picape mais vendida, é o veículo mais vendido. Superando os sedãs e principalmente os suves. Talvez a sua versatilidade e principalmente um país com estrutura para receber esses carrões ajudem nessa popularização. Por aqui, como já dissemos em outras matérias dessa picape, o consumidor brasileiro está ávido por consumir, tanto que as primeiras 500 unidades foram vendidas em uma hora e os pedidos não param de chegar nas concessionárias da marca.

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A avaliação nas pistas de asfalto e terra do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, em maio último, mostrou toda capacidade de tração desta grande picape, e nesta semana foi o momento de experimentar seu conforto e manobrabilidade pelas ruas e estradas no uso diário. Foram 1.100 quilômetros de avaliação em sete dias (já deu para notar que não ficou parada nem um dia na garagem).

A versão testada nesta semana foi a Platinum, topo de gama, que está anunciada no site da Ford por R$ 510 mil, e segundo informações colhidas junto a uma concessionária, tem fila de espera. Esta é mais uma prova que a Ford não saiu do Brasil, apenas deixou de fabricar os veículos compactos por aqui, focando em outro modelo de negócio.

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Desempenho e consumo

O motorista precisa ser muito dócil com o pedal do acelerador para não ultrapassar os restritos limites de velocidade que temos em nossas vias. Alcançar 50 km/h é questão de segundos, afinal o motor V-8 Coyote de 5 litros a gasolina acelera a picape de 2.517 kg da imobilidade a 100 km/h em 7,1 segundos. São 405 cv de potência máxima e 56,7 m—kgf de torque máximo que precisam ser bem administrados.

Através do seletor de modo de condução é possível escolher o modo ECO, para respostas mais lentas do pedal do acelerador e trocas de marchas em condições de maior economia de combustível. Ou o modo Sport, no qual a picape entrega toda sua energia com mais facilidade. Em modo esportivo parece que a picape fica leve na aceleração e o sistema de tração nas quatro rodas é ativado. Melhora não apenas o desempenho em aceleração, mas também deixa a picapona mais esperta nas curvas devido à tração complementar no eixo dianteiro.

A tração 4×4 reduzida e os modos de carga não foram testados nesta semana, pois já haviam sido bem experimentados no campo de provas de Tatuí, o lugar correto para esse tipo de avaliação.

O câmbio automático com engrenagens epicíclicas de 10 marchas é o mesmo utilizado no Mustang Mach1, e ainda em modo automático é possível selecionar as marchas mais baixas a ser usada, uma ótima opção para descidas de serra mais longas com o benefício do uso do freio-motor. O modo manual é ativado por um botão junto à alavanca seletora e as trocas são feitas pela tecla na lateral do pomo da alavanca.

Desempenho e capacidade de tração é tudo para uma picape desse porte, mas o consumo de combustível é um dado que mesmo os americanos dão muita importância na hora da compra. Nesta semana de testes o consumo acumulado foi de 7,5 km/l no uso geral, com grande parcela em estradas, mas ainda assim a picape foi utilizada em uso mais esportivo nas avaliações em Joaquim Egídio e na estrada dos Romeiros.

No trecho padrão entre São Paulo e Campinas pela rodovia dos Bandeirantes a 120 km/h, a média de consumo foi de 9,4 km/l com a picape sendo conduzida no modo Normal de condução. Um resultado bom para um veículo com 1.960 mm de altura e 2.089 mm de largura sem os espelhos.

Conforto e tecnologia

No primeiro momento parece difícil o acesso à cabine, mas ao se aproximar do veículo, com a posse da chave presencial, o estribo aparece e facilita a escalada a bordo. Tentar entrar na picape sem utilizar o estribo é certeza de procurar um fisioterapeuta no dia seguinte.

Sentado em qualquer das cinco posições o conforto é inquestionável e a visibilidade é muito boa. Antes de iniciar a rodagem ainda fica aquela impressão que não vai passar pelo portão de saída da concessionária ou que vai ocupar duas faixas da avenida. Mas após alguns minutos de condução essas dificuldades ficam para trás, e só resta o receio que algum motoqueiro bata a cabeça no enorme espelho retrovisor. Afinal, a largura de 2.439 mm entre os espelhos é maior que as diminutas faixas de rodagem das avenidas de São Paulo.

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Nem mesmo o entre eixos de 3.765 mm e o comprimento total de 5.880 mm são obstáculos para as manobras pelas ruas e avenidas. O único obstáculo foi localizar um elevador que pudéssemos levantar o veículo para nossa gravação do elevador. Não foi dessa vez que conseguimos cumprir com esse objetivo.

Mas a boa altura de 238 mm em relação ao solo permitiu explorar um pouco da tecnologia que está por baixo do veículo. O chassi é construído em aço e recebe a carroceria toda em alumínio apoiada em coxins de elastômero, enquanto a caçamba, também de alumínio é fixada diretamente ao chassi.

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Os sistemas de auxílio ao motorista trazem segurança ao uso. O controle de velocidade de cruzeiro adaptativo tem ajuste de distância do carro à frente, mas com aquela inconveniência de mesmo na menor distância ainda ser longe para o motorista, que adora andar na pista da esquerda, perceber que está bloqueando quem vem em velocidade superior. Os alertas de ponto cego nos retrovisores externos são indispensáveis, pois muitas vezes é difícil saber se já terminou a ultrapassagem para voltar à faixa da direita.

A central multimidia no centro do painel de instrumentos permite configurar alguns dos principais sistemas do veículo, e acompanhar o desempenho do motorista na condução ou monitorar os ângulos de trabalho da picape. A visualização e operação são perfeitas e o software deixa o sistema bem intuitivo. O pareamento para Android Auto e Apple CarPlay é feito sem fio e há carregador de bateria por indução no console. O sistema de câmera 360 graus é um grande auxílio nas situações mais difíceis de manobras.

Os bancos são muito confortáveis e as regulagens elétrica no banco do motorista podem ser memorizadas para até três usuários, mais uma facilidade para o dia a dia. O conforto dos bancos é complementado pelo sistema de refrigeração e aquecimento dos dianteiros, e apenas aquecimento no traseiro. Em viagens mais longa não foi sentido nenhuma fadiga do corpo e o sistema de áudio ficou encarregado de prover um bom som no interior da cabine.

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Todo esse conforto só é possível devido à calibração da suspensão do veículo. Na dianteira o sistema de braços triangulares superpostos tem curso de trabalho longo, facilitando a movimentação sobre as irregularidades do piso. Enquanto na traseira o eixo rígido utiliza feixe de mola semielípticas com lâmina mestre em aço carbono e segunda lâmina em material compósito. Para complementar há batentes de Celasto nos dois eixos, aumentando a capacidade de absorção em final de curso sem causar a devolutiva dos batentes de borracha.

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O sistema de direção com assistência elétrica possui o motor de passo junto à caixa do tipo pinhão e cremalheira, e a calibração deixa as manobras bem suaves em baixa velocidade, com progressão de esforço indexado à velocidade do veículo, de modo a dar boa segurança em altas velocidades.

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No sistema de freio de discos ventilados nas quatro rodas não parece que está se tentando parar um veículo do tamanho e peso da F-150. A modulação do pedal de freio é semelhante a outras picapes e o posicionamento da pedaleira é ajustável para que se obtenha o maior conforto e segurança ao dirigir.

Conclusão

Esta 14ª geração da Ford F-150 segue fazendo história mundo a fora, e agora também no Brasil. A picape que vendeu mais de 525 mil unidades em 2022 não dá mostras de querer perder essa liderança conquistada ao longo de tantos anos. E as inovações que são incorporadas a cada nova geração ou ano-modelo servem justamente para manter o desejo de posse a quem já teve uma, ou em quem ainda sonha.

GB