Como estamos na Semana Nacional do Trânsito, cabe falar sobre os acidentes que tanto matam ou deixam sequelas graves. Como editor-chefe do AE, eu havia lido há alguns dias a excelente matéria do Gerson publicada hoje, na qual ele foi de uma precisão cirúrgica no apontar as irresponsabilidade dos órgãos que tratam do nosso letal trânsito.
Há um consenso no âmago desse órgãos e de muita que velocidade mata, mas a coisa toda vai bem além disso. Envolve a conhecida peça que fica entre o banco e o volante e também, importante mencionar, da que fica montada num banco com um guidão à frente.
Quando o prefeito Fernando Haddad assumiu o cargo em 1/1/2013, um dos seus primeiros atos foi reduzir o limite de velocidade da pista expressa das marginais (foto de abertura) de 90 km/h para 70 km/h. A indignação foi geral. Na corrida para a Prefeitura paulistana em 2017, o candidato João Dória Jr. prometeu, se eleito, restabelecer o limite anterior. Foi eleito no primeiro turno (primeira vez na história da cidade) e cumpriu logo o prometido. Vozes contrárias previram uma “carnificina” nas duas marginais da cidade. Passados seis anos a tal carnificina simplesmente não aconteceu.
O que tenho assistido ultimamente de vídeos de acidentes de motocicleta á aterrador. Ver pessoas morrendo é sempre uma imagem terrível.
O grande problema associado à velocidade é a falta de julgamento das condições onde se trafega. Como numa rodovia em perfeito estado e em dia ensolarado em que. não se deve andar em velocidade elevada sem certeza de que pista está livre numa curva ou depois dela. A falta desse cuidado resultou numa tragédia anos atrás quando um grupo em motos de alta cilindrada se deparou com o trânsito parado no meio de uma curva da via Anhanguera. Muitos morreram por terem dado chance ao azar.
Num vídeo que me mandaram a gravação mostra uma moto em alta velocidade num rodovia de mão dupla com o empolgante som de motor de alta cilindrada potente. Há um corte e em seguida a moto aparece “guardada” num Corsa pelo lado direito, motociclista e motorista mortos. A dinâmica desse pavoroso acidente provavelmente foi o carro sair de um acesso lateral e seu motorista não avaliar a velocidade dia moto — nem podia.
Todos os vídeos de acidentes com motos invariavelmente mostram-nas em velocidade incompatível com o meio. Como um numa avenida de mão dupla um caminhão dobra à esquerda para entrar num terreno que parecia ser um canteiro de obras e uma moto em flagrante velocidade excessiva para as condições o atinge no lado direito.
Tenho impressão que muitos motociclistas e motoristas perderam o instinto mais forte dos seres vivos, o de sobrevivência, em se faz tudo para não morrer. A velocidade com que muitos motociclistas trafegam0, no “corredor” entre filas de veículo levam-me a essa impressão.
Cruzamentos
Há tempo digo inexistir cruzamento que NÃO seja perigoso, todos exigem cautela. Por isso a matéria do Gerson vai ao encontro de um grande erro praticado pelas autoridades de trânsito, colocar avisos de advertência em certos cruzamentos tipo “Cruzamento perigoso, cruze com cuidado” — como se não existisse perigo em outros.
No dia 21 desta semana fui de Uber ao evento da Renault — E-Tech Days —no Parque do Ibirapuera para não me preocupar com estacionamento. Ao pretender voltar para casa, vi que a empresa de logística a serviço da Renault estava levando um jornalista do Sul para o hotel em Moema, onde moro, e peguei carona no van. Moema é um bairro reticulado e o que não falta é cruzamento. Pois seu motorista, ao se aproximar de um, diminuía a velocidade e após uma varredura direita-esquerda-direita, mesmo com sinal verde, passava pelo cruzamento. Quando o parabenizei — Paulo, calculo 55~60 anos de idade — ele disse ter sido motorista de diretoria de uma grande empresa e recebeu treinamento completo de direção defensiva.
Até o próximo domingo!
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.