O Parlamento da União Europeia (foto de abertura) concordou em revisar as propostas com relação às normas de emissões Euro 7, programado para entrar em vigor na comunidade em julho de 2025. Os eurodeputados votaram a favor de uma versão flexibilizada das normas, solicitada recentemente por um grupo de países-membros e também pelos fabricantes de veículos.
Conforme divulgado no site da revista alemã Auto Motor und Sport, a nova versão da Euro 7 significará que os automóveis de passageiros devem ficar sujeitos aos requisitos de emissões previstos na atual Euro 6, em vez de impor objetivos drasticamente mais rigorosos e obrigar a instalação de nova e dispendiosa tecnologia, que implicaria em aumento de custos.
A norma Euro 7 estava programada para ser aplicada em todos os veículos comercializados e emplacados na UE a partir de julho de 2025. A EU7, como também é conhecida, será o estágio final da regulamentação da UE sobre emissões dos motores de combustão interna e daqueles usados nas propulsões híbridas, antes da venda de veículos com qualquer tipo de motor a combustão ser proibida a partir de 2035.
Contudo, na sequência da votação parlamentar, será definido agora prazo mais longo para sua aplicação. A Acea, a associação dos fabricantes europeus de automóveis, considerou o resultado realista e viável, mas os verdes e as associações ambientais queixam-se de que os valores-limite para material particulado e nitrogênio, em particular, são demasiadamente altos.
Com maioria de democratas-cristãos, liberais e eurocríticos, o Parlamento da UE votou a favor da proposta de revisão das normas de emissões Euro 7. Com 329 votos a favor da proposta de flexibilização, 230 contra e 41 abstenções, os novos limites serão impostos de maneira mais lenta do que a Comissão da UE e o governo alemão exigiam sob pressão dos Verdes.
O deputado checo Alexander Vondra, membro da Comissão do Ambiente, afirmou à Auto Motor und Sport: “Acho que conseguimos encontrar uma solução de compromisso e equilíbrio entre os objetivos ambientais e os interesses vitais dos fabricantes. Seria contraproducente prosseguir em uma política ambiental que prejudica tanto a indústria quanto os cidadãos.”
O eurodeputado também destacou que a decisão foi servir aos interesses de todos os envolvidos “ficando longe de posições extremas”. Por sinal, a República Checa, juntamente com França, Itália, Polônia, Bulgária, Romênia, Hungria e a Eslováquia, assinou o documento destinado a convencer os outros países da UE a aderirem ao relaxamento da EU7.
Segundo a Agência Reuters, a fabricante checa Škoda, que pertence ao Grupo VW, anunciou que teria de cortar cerca de 3.000 empregos se a norma Euro 7 fosse implantada conforme estava planejada. “O nosso objetivo é tornar as condições do Euro 7 realistas e alcançáveis”, disse o Ministro dos Transportes checo, Martin Kupka.
Para a diretora-geral da Acea, Sigrid de Vries, “o Euro 7 representaria um investimento significativo para os fabricantes de veículos. Além disso, a atual proposta do EU7 não é o caminho correto, pois terá impacto ambiental extremamente baixo, com custo tremendamente elevado para a indústria que já investiu muitos recursos para cumprir a Euro 6.”
Um dos artigos mais controversos na proposta original do Euro 7 se refere ao conceito de ‘orçamento de emissões’ destinado a limpar as emissões provocadas pelo motor, na partida a frio, de sete poluentes, incluindo CO, NOx, THC, NH3 e também partículas, que o carro deve cumprir ao longo dos 10 primeiros quilômetros rodando após entrar em funcionamento.
Conforme informações repassadas para a imprensa por técnicos da Mahle Powertrain, isso iria exigir a adoção de novos catalisadores aquecidos eletricamente, como estavam previstos na proposta EU7 de equipamento obrigatório em veículos a gasolina e híbridos a partir de 2025, mas que atrasam o procedimento de partida em até 30 segundos.
Trata-se de um aquecedor elétrico acoplado a um pequeno ventilador, semelhante ao secador de cabelo, que empurra ar quente para dentro do núcleo do catalisador para elevar sua temperatura até ele alcançar o correto funcionamento operacional, procedimento que, segundo os técnicos da Mahle, pode levar de 20 a 30 segundos.
De acordo com estimativas da União Europeia, o equipamento deve elevar o custo por veículo em cerca de 575 euros (3 mil reais), mas esse valor não levou em conta os custos de projeto e desenvolvimento, além da produção. Na estimativa da Acea, isso pode aumentar o preço final dos carros em mais de três vezes do valor estipulado pelos burocratas da UE.
Com a decisão do Conselho de Ministros da UE e a votação no Parlamento, os planos do governo alemão para reforçar significativamente as normas de emissões foram claramente rejeitados. No final, até que o motor de combustão seja finalmente eliminado, a atual norma Euro 6 deverá apenas ser “refinada” e os métodos de medição, ajustados.
Para a indústria automobilística europeia, isso significa grande economia no desenvolvimento de novos motores e sistemas de purificação de gases de escapamento. Recentemente, devido aos custos previstos no EU7, surgiram muitas especulações sobre a descontinuação de vários modelos pequenos e microcarros porque não seriam viáveis economicamente.
RM