Revendo meus arquivos, encontrei este causo compilado em 2011 e o escolhi para ser publicado esta semana. Fica realmente a dúvida se o amor pelo Fusca se transmite pelo DNA, às vezes de uma maneira totalmente inesperada.
Meu sobrinho Marcos desde pequeno gostava de Fuscas, mesmo não tendo tido muitos na família dele. Mas era um tal de querer Fuscas de brinquedo, apontar Fuscas na rua, em suma, algo que parecia estar no DNA do menino. Ele tinha muitos Fusquinhas de brinquedo e adorava enfileirá-los. Às vezes o chão da sala de sua casa ficava coberto de Fusquinhas.
Quando ele conheceu o Tio Alemão — eu! —, aí a empatia foi imediata, principalmente quando, ainda menino, foi passear de “Rosinha”, meu Fusca 1955 modelo 56.
O tempo passou, o menino virou adulto, casou-se e veio uma filha, a pequena e determinada Lilian. Mas com menina o Marcos não se motivou a “dar uma ajudinha à natureza” para que ele se tornasse uma Fuscamaniacazinha. Certamente ele deve ter pensado que menina brinca de boneca, não de Fusca.
Depois de dois anos a cegonha avisou que um menino estava a caminho. Bem, agora o papo era outro e o espírito Fuscamaníaco do Marcos entrou em efervescência. Ele e sua esposa Mariana iniciaram a decoração do quarto do menino, o Fernandinho. Ai a “bliztkrieg” Fuscamaniaca foi maciça. O quarto foi decorado com Fusquinhas até no bercinho. Parecido com o que um pai torcedor de um time de futebol faz com o quarto de seu filho. Já passa de um procedimento subliminar: foi lavagem cerebral mesmo!
Na verdade, o Tio Alemão não ficou de fora desta “blitzkrieg” (em tempo: guerra-relâmpago na língua de Goethe, no sentido de rapidez e intensidade) em sua viagem a Manaus em junho de 2010, ao passear pela feira de artesanato que é montada próximo ao Teatro Amazonas e ver uma plaquinha com Fusca que era personalizável na hora. Não deu outra: foi confeccionada uma placa para o quarto do Fernandinho.
Mas naquele ano Lilian começou a apresentar estranhos sintomas de Fuscamania. Inicialmente ela desenvolveu um interesse muito grande pelo DVD do último filme do Herbie, já devia tê-lo assistido mais de 20 vezes. Aí em seu terceiro aniversário ela exigiu que a decoração fosse baseada no Herbie.
Meu sobrinho tem um amigo que tinha um Fusca “comunitário” na cidade em que ele mora, no interior de São Paulo. O tal Fusca era emprestado para quem necessitasse de um carro e a manutenção era “compartilhada”, mas o Fusca estava necessitando urgentemente de uma reforminha mais ampla. Pois bem, o Marcos foi à casa do tal amigo e “convocou” o Fusca para participar da festa de aniversário da Lilian, que incluiria um passeio de Fusca, mas no finzinho do passeio o freio do valente Fusquinha decidiu fraquejar e foi mais seguro voltar a pé.
A volta de Fusca foi um dos presentes que a pequena Lilian tinha pedido:
Mas os amigos que usavam o tal Fusca estavam se cotizando e pretendiam fazer uma reforma, que incluiria a troca de cor. O carro seria branco, a cor de predileção do seu dono, além de ser reformado em sua parte mecânica e estética. Afinal de contas, ele merecia o carinho de todos.
A última informação sobre este Fusca, é que ele mudou de cidade com seus donos e agora passou para uma terceira pessoa. O que impediu minha intenção de publicar uma foto de como ele estaria hoje.
Voltando à família do Marcos, ainda era cedo para dizer se a lavagem cerebral feita com o Fernandinho tinha surtido algum resultado, pois ele ainda era muito pequenino. Mas no caso da Lilian ficou provada a herança genética, e mais ainda que tal herança independe de sexo. Um resultado surpreendente e interessante que mostra que a Fuscamania é genética. Isto não é inacreditável?
Não contente com a festinha de aniversário em casa, Lilian fez questão de que a comemoração fosse na escolinha e também tivesse o Herbie como tema, e assim foi:
Mas, na época, a vovó paterna segredou o seguinte: — O Fernandinho, atualmente com nove meses, dentre todos os brinquedos que tem, já demonstra um vivo interesse e preferência pelos Fusquinhas, mas só consegue brincar com eles quando a irmã não está por perto porque ela morre de ciúmes de todos os Fusquinhas que existem na casa, quer sejam os dela, quer sejam os dele. Ela se apossou de todos eles e Fernandinho, por enquanto, ainda não sabe reclamar e nem impor a sua vontade. Só sabe chorar quando o Fusquinha é arrancado de suas mãos pela irmã. Prevejo grandes “batalhas” pelos Fusquinhas, entre os dois irmãos, num futuro próximo…
Também naqueles dias, a mãe da Lilian enviou-me informações quentíssimas, na seguinte mensagem:
“Você não sabe da última…
O livro de cabeceira da Lilian é “Eu Amo Fusca I e II”. Desde ontem (2/02/2011), quando os dei para ela, ela não os larga. Saiu também uma matéria no jornal local sobre o Dia Mundial do Fusca, ela já a colocou numa pasta e circula com a matéria debaixo do braço. Uma fofa!
Mostramos a foto do “Rosinha”, na contracapa do livro, e dissemos a ela que vamos marcar um passeio. Ela está contando os dias.
Se vocês estiverem aí no Carnaval a gente já marca um dia. Acho que ela vai alucinar com a sua coleção de brinquedos de Fusca”.
O tempo passou, as crianças cresceram e a família continua unida. Pedi ao Marcos uma foto recente da família, ele me enviou algumas e escolhi esta:
Pois é, esta é uma história surpreendente, mas quem sabe existem outras semelhantes que você conheça. Se for o caso envie para nós no e-mail alexander.gromow@autoentusiastas.com.br
Um esclarecimento para nossos leitores do estrangeiro. Eu divulgo as matérias também em espanhol e inglês e nesta matéria eu uso a palavra “Fuscamaniaco”, que quer dizer “Vochomaníaco” e “Beetlemaniac” respectivamente. Ou seja, alguém que é aficionado pelo Fusca, Vocho ou Beetle.
Todas as fotos desta matéria foram enviadas pelo Marcos.
AG
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