Dizem que sete é conta de mentiroso. por isso vão aqui sete “fake news” do setor:
Validade do pneu
É quase inacreditável que uma empresa tradicional, sólida, respeitada e famosa como a Pirelli tenha emitido um release, supostamente a partir de uma informação de um seu engenheiro (que eu conheço bem e admiro) de sua área técnica. Exatamente ao comentar as “falácias” do 1º de abril, diz que “Uma inspeção regular e cuidados adequados podem prolongar a vida útil do pneu indefinidamente”. Como assim, “cara-pálida”? Quer dizer que o composto de borracha não envelhece nem se oxida e dura dezenas de anos?
Passageiro “preso”
Na semana passada viralizou um vídeo de uma prancha que foi socorrer um Tesla parado no acostamento sem bateria. E seu dono sem poder sair pois as portas “só se abrem eletricamente”. Mentira: logo depois circulou outro mostrando uma alavanquinha emergencial para abri-las no caso de “pane seca”. Carro elétrico tem presença garantida no futuro, pois, na pior das hipóteses, seu motor tem mais de 90% de eficiência, enquanto a máquina a combustão joga 60% a 70% de energia do combustível no lixo. Claro que há obstáculos, porém não se justifica toda essa orquestração contra elétricos. Aliás, transição sempre gerou protestos: foi assim no início do século XX quando se substituiu por energia elétrica o gás da iluminação pública no Rio de Janeiro…
Loura perigosa
Nem todas as cervejas “sem álcool” protegem o motorista do bafômetro. Algumas contêm 0,3% a 0,4% de álcool e, se ingeridas em grande quantidade (comum entre “cervejeiros”) há o risco de se detectar um nível etílico no ar expelido dos pulmões não permitido pela “Lei Seca”. Algumas marcas cumprem o prometido, sem nenhum teor de álcool. Convém prestar atenção às especificações do rótulo da “loura gelada”.
Ventilador na farofa
Voltando ao carro elétrico, há uma disparidade completa quando se trata do alcance (vulgo autonomia), ou seja, quantos km ele roda com uma recarga completa da bateria. Como não há um padrão global estabelecido, existem os europeus (WLTP, NEDC) e o americano (EPA). Aí surgiu o Inmetro e decidiu ligar o ventilador na farofa dos elétricos e criou o padrão brasileiro que reduz o alcance pelo WLTP em cerca de 30%. Carro que rodava 500 km na ficha técnica caiu para 350 km. Nenhum corresponde à verdade: o do fabricante só chega lá no plano, com ar condicionado desligado, temperatura ambiente razoável (nada de inverno ou verão rigorosos) e bateria não muito usada. Já o valor do Inmetro é muito pessimista e o carro sempre supera o valor da “etiqueta”.
“Tranco”
A imprensa dita especializada, com raras exceções, não tem especialização alguma e fala uma besteira atrás da outra. Recentemente, um dos portais mais famosos publicou que carro automático pega no “tranco”. Deve ter gente que acreditou e está tentando até hoje: ao contrário do câmbio manual, o automático não tem embreagem mas um conversor de torque. E este só funciona acionado pelo motor. Então, desligado, ele não transmite o movimento das rodas para o motor e não tem ”tranco” nenhum…
“Pinóquio”
Quando a fábrica não quer investir num modelo mas precisa atualizá-lo, recorre ao “face-lift” (plástica). Um bisturi na frente, outro atrás, muda o painel e “vamos lá”. Mas exagera na publicidade e o chama de “Novo”, “New” e outros do gênero. É o caso da VW do Brasil com suas picapes: em 2023 fez jus ao nosso “Pinóquio de Ouro” (do meu portal Auto Papo) com a “Nova” Saveiro. E é candidata este ano com a “Nova” Amarok, uma plástica da antiga pois não quis pagar (como na África) para se utilizar da nova plataforma da Ford Ranger. E tome mais alguns anos da velha Amarok até ficar pronto o novo projeto que traz da China.
Aditivo
Como diz o jornalista Bob Sharp, tem décadas que paira um carma sobre nossos combustíveis. Sobe octanagem, baixa octanagem, tem gasolina amarela e azul. O etanol tem o tóxico e mortal metanol, o diesel tem o maldito biodiesel e vai por aí… Dá para escrever um livro sobre esta maldição cujo capítulo mais recente é o governo querer aprovar lei para que a gasolina passe a conter 35% de etanol. Até o álcool do Proálcool mudou de nome, passou a etanol em 2010. Não me esqueço de um anúncio da Petrobrás com um VW Brasília que encosta para abastecer e se transforma num Ferrari. E o da Shell que jogava V-Power no aquário e os peixinhos quase levantavam voo. Como se aditivo fosse mesmo capaz de aumentar o desempenho do automóvel. Em resumo, é tanta mentira que não dá para acreditar sequer na gasolina aditivada, por falta de padronização e não ser fiscalizada (melhor mesmo abastecer com a comum e jogar um frasquinho do aditivo no tanque…)
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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