Fernando Alonso (foto de abertura) surpreendeu ao anunciar que permanece na equipe Aston Martin até, no mínimo, a temporada de 2026. A decisão repercutiu no mercado de pilotos da categoria e implica no seu retorno à Honda, fabricante duramente criticado pelo espanhol nos tempos em que era piloto da McLaren, então equipe ligada à marca japonesa. A Honda será provedora de motores da Aston Martin a partir de 2026.
Nome em condições de preencher a vaga que Lewis Hamilton abre na Mercedes ao final da temporada e, similarmente, ser chamado para substituir Sergio Pérez na Red Bull, a decisão do bicampeão mundial de 2005/2006 impacta fortemente no valor de mercado de outros pilotos, particularmente seu compatriota Carlos Sainz.
É fato consumado que a chegada de Fernando Alonso à equipe Aston Martin teve consequências positivas maiores do que as provocadas por seu antecessor, Sebastian Vettel, ex-companheiro de equipe de Lance Stroll, cujo pai é o proprietário do time inglês que há anos é ligado à Mercedes-Benz, não conseguiu brilhar a bordo dos monopostos pintados no tradicional British Racing Green. No ano passado o espanhol de Oviedo se destacou na metade inicial da temporada, quando esteve perto de conseguir a primeira vitória da sua atual escuderia. Na segunda fase do campeonato, porém, seu carro não evoluiu como os da Red Bull, Ferrari, Mercedes e McLaren e seu desempenho foi afetado.
Pesando prós e contras, sua decisão de permanecer na Aston Martin por mais dois anos sugere algumas conclusões. No que toca aos motivos que o mantém no time baseado em Silverstone, pode-se enxergar um reforço no quadro técnico, o que inclui o aliciamento do britânico Adrian Newey, há anos o mago dos projetistas da geração atual, e vários dos seus discípulos. No lado oposto, a Red Bull parece ter optado por não desagradar a Max Verstappen: o holandês declarou recentemente que, mesmo tendo contrato assinado até 2028, não sabe se estará no grid de 2025. Diante dessa incerteza — ou ameaça, faça sua escolha, leitor — e da briga interna pelo poder do time de Milton Keynes, Christian Horner preferiu não arriscar. A decisão respinga no futuro de Sergio Pérez, ainda sem contrato para o ano que vem. Com relação à Mercedes, outra possibilidade que interessava a Alonso, o espanhol pode ter notado alguma preferência de Toto Wolff em promover o italiano Kimi Antonelli como companheiro de equipe de George Russell em 2025. Antonelli atualmente com 17 anos (25/08/2006) disputa a temporada de F-2, onde competem os brasileiros Enzo Fittipaldi e Gabriel Bortoleto.
Fittipaldi e Bortoleto são nomes que esperam em breve juntar-se a Felipe Drugovich (atual piloto de testes da Aston Martin) que completa o trio de brasileiros mais perto de estrear na F-1. Entre os nomes que lideram a lista de candidatos a assumir posições de destaque já em 2025 Carlos Sainz é o grande favorito, cortesia de sua atuação na atual temporada. Sabedor que seu lugar será ocupado por Lewis Hamilton, o madrilenho liberou-se das amarras de ser o escudeiro de Charles Leclerc e em três das quatro provas já disputadas este ano foi superior ao monegasco. Leclerc só foi o melhor ferrarista na Arábia Saudita, quando Sainz foi substituído pelo inglês Oliver Bearman por causa de uma apendicite. Red Bull, Mercedes e até mesmo a Sauber (Audi a partir de 2026) são as possibilidades consideradas por ele. Outra vaga interessante e que deverá ser aberta em breve é a de Daniel Ricciardo na equipe B da Red Bull.
Não bastasse o clima quente no mercado de pilotos, o ambiente entre as equipes colabora para o aquecimento global do ecossistema da F-1. Em meio a um programa de reestruturação que já dura duas temporadas sem apresentar resultados positivos, especula-se que a Renault estaria considerando vender a equipe Alpine a quem se dispusesse a continuar usando os motores por ela produzidos em Viry-Chatillon.
O nome mais cotado para essa oportunidade é a família Andretti, que recentemente inaugurou uma sede na Inglaterra dedicada a operar equipes de F-3 e F-2, as categorias de acesso à F-1. De acordo com Michael Andretti, o executivo maior do time americano, a proposta dessa operação “é fomentar a formação de pilotos estadunidenses em condições de chegar à categoria principal”.
WG
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