Praticamente indiferente ao anúncio da contratação de Adrian Newey pela equipe Aston Martin — algo esperado há tempo desde que. Ferrari considerou altas demais suas exigências para se juntar à Scuderia — a F-1 volta à ativa neste fim de semana com a disputa do GP do Azerbaijão (foto de abertura). Mais um dos projetos desenhados pelo alemão Hermann Tilk, o circuito instalado nas ruas da capital Baku é um dos mais peculiares da temporada da Fórmula 1: mistura retas longas, curvas de quarteirão — aquelas de 90º —, e outras mais lentas e bem estreitas, que podem ter apenas 7 metros de largura, algo longe de ser o ideal para carros que medem 2 metros de largura.
Não bastasse esse conjunto de características incomum, a corrida deste ano traz um novo complicador para definir a estratégia da prova que terá 51 voltas pelo circuito de 6.003 metros: normalmente realizada no primeiro semestre, evento deste ano ocorre numa época muito mais quente. Desgaste dos pneus, arrefecimento dos motores e discos de freio ganham importância na definição das estratégias para a corrida.
Entre as equipes segue a disputa pela liderança do Campeonato Mundial: no de Construtores a McLaren está a apenas oito pontos da líder, e outrora dominante, Red Bull, que tem 446. A sequência de maus resultados da última poderá ser interrompida no fim de semana: o mexicano Sergio Pérez, que até agora soma 143 pontos desse total, sempre anda bem em Baku.
Já na classificação dos Pilotos a situação é diferente: Max Verstappen lidera com 303 pontos, contra 241 de Lando Norris, ainda o piloto com maiores chances de impedir que o piloto holandês conquiste ao seu quarto título consecutivo.
A McLaren tem somado mais pontos graças ao desempenho equilibrado dos seus dois pilotos, ao contrário do que acontece com a Red Bull. Ocorre que na disputa entre os pilotos o time identificado como papaia — por causa da similitude da cor dos seus carros com a fruta —, até agora manteve Lando Norris e o australiano Oscar Piastri com o mesmo status, gerando uma disputa que já tirou pontos importantes do piloto inglês. Se por um lado o título de Construtores gera uma recompensa financeira maior no que diz respeito à premiação, o título de Pilotos remete a maior prestígio e, consequentemente, maior potencial publicitário, o que mais reverte em faturamento. A crítica especializada europeia é unânime em condenar a postura da McLaren em não privilegiar Norris na luta pelo título, algo que pode mudar a partir deste fim de semana.
Antiga demanda pavimentou acordo entre Newey e Lawrence
Adrian Newey começou sua carreira na F-1 como assistente de Harwey Postelthwaite na equipe Fittipaldi que, na época, vivia seu período mais crítico. Desde então ele passou pela March, Haas (Indy e F-1), Leyton House, Williams, McLaren e Red Bull, sempre conquistando títulos: foram 12 de Construtores junto a essas equipes e 13 de Pilotos: Nigel Mansell (1992), Alain Prost (1993), Damon Hill (1996), Jacques Villeneuve (1997) — todos na Williams, Mika Häkkinen (1998/99, na McLaren), Sebastian Vettel (2010 a 2013) e Max Verstappen (2021 a 2022), ambos com a Red Bull. Além disso venceu entre os construtores em 1994 com a Williams. De longe é um índice inigualado e que tem tudo para durar por décadas.
A conquista dos serviços de Adrian Newey parece ter sido vencida pela Aston Martin pelo motivo que o levou a se mudar da Williams para a McLaren: na época, sua saída teria sido determinada pela recusa de Frank Williams em torná-lo sócio da equipe. Desta vez, o engenheiro inglês nascido, em 26 de dezembro de 1958, aceitou o convite graças ao salário de 30 milhões de libras esterlinas anuais (R$ 220 milhões) e uma participação acionária na equipe, cuja porcentagem não foi revelada. Além disso ele assume o cargo de sócio administrador técnico. É esperado que a contribuição de Newey à Aston Martin não ficará restrita à conquista de títulos mundiais: ele certamente participará de projetos especiais como o desenvolvimento do Aston Martin Walkyrie, um supercarro que deverá participar das temporadas 2025 e 2026 dos campeonatos IMSA e WEC para esse tipo de carro.
Oficialmente Newey inicia seu trabalho na Aston Martin no dia 1º de março de 2025, mas poucos acreditam que sua contribuição ao time já começou de maneira discreta. Pelas normas da F-1, a transferência de técnicos e engenheiros entre equipes deve respeitar um período de carência, conhecido em “gardening leave”, medida que evitaria o vazamento de projetos avançados entre as partes envolvidas.
Williams investe em novos engenheiros
A equipe Williams segue evidenciando seu processo de retornar à condição de uma das principais equipes da F-1 e acaba de anunciar a criação da Komatsu-Williams Engineering Academy, iniciativa global para revelar novos talentos nessa área. O projeto é desenvolvido em conjunto com o programa F-1 in Schools, que já teve a participação de escolas brasileiras, e abre 10 vagas para estudantes com o mínimo de 16 anos. A seleção será feita aos alunos que participarem do processo seletivo dessa entidade, marcado para novembro na Arábia Saudita.
F-3 com novo carro em 2025
Categoria que inicia a etapa final rumo à tão sonhada F-1, a F-3 FIA utilizará um novo carro no triênio 2025-20527. Projetado e construído pela Dallara, o monoposto será propulsionado pelo o motor Mecachrome V-6 3,4-litros de 380 cv a 8.000 rpm, utilizando combustível 100% sustentável fabricado pela Aramco e pneus de aro 16”. A aerodinâmica do modelo foi criada com foco em facilitar ultrapassagens e o cockpit foi redesenhado para oferecer melhor ergonomia. Cada equipe inscrita na temporada 2025 receberá o primeiro carro em dezembro e outros dois em meados de janeiro.
WG
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