Leia a parte 1 dessa história, e a parte 2. A tecnologia Lubrimat veio primeiro no DKW-Vemag Fissore, em 1964. Só no seguinte seria estendida à Vemaguet e ao Belcar, série especial Rio que comemorava quatro séculos da fundação da cidade do Rio de Janeiro. Finalmente, os proprietários não precisavam mais se preocupar em adicionar óleo lubrificante à gasolina: o sistema fazia isso automaticamente, dosando o óleo de acordo com a carga imposta ao motor pela pressão do acelerador, e sua rotação.. Economizava-se mais combustível, poluía-se menos o ar e a vida dos motoristas se tornava mais fácil: segundo a Vemag podia-se rodar rodar até 1.000 km com apenas 1 litro de óleo., enquanto antes, para essa mesma distância e tomando por base o consumo médio de 11,6 km/l, gastava-se 2,1 litros.
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Os carros, camioneta Vemaguet e sedã Belcar, também passavam por várias melhorias: novos frisos e cores, novos estofamentos de napa em duas cores e novas regulagens de inclinação do encosto dianteiro, limpadores de para-brisa maiores, lentes das setas na cor âmbar, mais mantas acústicas para melhorar o nível de silêncio a bordo e um novo filtro de ar do motor, agora tubular e banhado a óleo. O feixe de molas traseiro, embreagem e freios, receberam calibrações mais voltadas ao conforto e segurança.
A sucessora da Caiçara, que durou até 1964, chegou também em 1965: era a DKW-Vemag Pracinha, uma clara alusão ao seu uso profissional,na mão dos motoristas de táxi. Essa versão, ainda mais despojada que a antecessora, já integrava o primeiro programa de carros populares do governo brasileiro, que incluiu o VW Fusca Pé-de-Boi, o Simca Profissional e Renault Teimoso (leia mais sobre eles aqui).
As evoluções não paravam, e já em 1966 vieram novas forrações multigomos dos bancos, volante (em formato de cálice), para choques atualizados (de lâmina única, sem adornos). O painel também recebia algumas mudanças de acabamento e posição dos instrumentos. Eram novidades que também estreavam no Belcar.
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O último suspiro da Vemaguet e do Belcar veio no começo de 1967. Uma nova dianteira, exclusiva para o mercado brasileiro, exibia linhas mais baixas, quatro faróis e uma enorme grade lâminas horizontais. Diziam os especialistas da época que era um design de gosto para lá de duvidoso, que não combinava com a carroceria quadradona e longa da Vemaguet e tampouco do Belcar. O motivo das mudanças era alinhar a estética de todos os produtos da marca no mercado nacional: essa frente surgiu primeiro no sedã Fissore, modelo mais luxuoso da Vemag, projetado e desenvolvido por italianos.
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A ideia de deixar todos os modelos com a mesma “cara” foi boa, mas a execução, nem tanto. Ao mesmo tempo, a camioneta mostrava com orgulho as novidades do alternador no lugar do dínamo, do inédito sistema elétrico de 12 volts e, a partir de setembro, das mudanças do motor de 981 cm³, que recebeu o sufixo “S”, também vindo do Fissore. Com maior taxa de compressão (8:1 ante 7,5:1), novo filtro de ar (o motor “respirava” mais) e janelas de admissão e escapamento alteradas em altura, chegaram a 50 cv (mais 6 cv) mantendo o torque de 8,5 m·kgf. A Vemaguet “1000 S” já era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 25 segundos e atingir 125 km/h.
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A Vemag brasileira vivia tempos difíceis em meados dos anos 1960, com prejuízos, vendas em baixa, pátios cheios de carros 0-km, problemas operacionais e administrativos. Em agosto de 1966 a Vemag passava para as mãos da Volkswagen, mas a produção do DKW-Vemag continuou, inclusive tendo havido ano-modelo 1967, como vimos acima. Isso sem contar que, em 1965, a VW alemã havia adquiriu o controle acionário da Auto Union, então pertencente à Daimler-Benz desde 1958, complicando bastante a vida da Vemag aqui no Brasil. Os carros em produção não tinham mais evoluções vindas da Europa, e os novos projetos não eram licenciados para produção nacional. Lá no Velho Continente, já existia o DKW F-102 com motor tricilindro dois-tempos, de 1.175 cm³, 60 cv e 10,5 m· kgf, com mais potência em baixas rotações que o de 981 cm³ devido ao seu maior torque.
No processo de troca da ,mãos da Auto Union, a marca DKW deixou de existir e a VW fez ressurgir a marca Audi por meio de sua nova subsidiária Audi AG, com o Audi 72 com o famoso emblema da Auto Union, o dos quatro anéis entrelaçados.. O motor era uma 4-cilindros de 1,7 litro com comando no bloco,, 72 cv
Sobrou muito pouco para fazer pela Vemag, que estava sozinha, sem apadrinhamento no exterior. Como consequência, encerrou a produção de Belcar, Vemaguet e Fissore. em novembro 1967. O Candango teve sua produção encerrada bem antes, em 1963. Números apontam para pouco mais de 109 mil carros produzidos no total, dos quais a metade era do utilitário familiar Universal/Caiçara/Pracinha/Vemaguet (cerca de 55 mil unidades). Infelizmente o futuro não mostrava bons presságios para os motores de dois tempos, tanto no consumo quanto na emissão de poluentes. Assim, acabou o “Decavê” no Brasil, dois anos após seu fim na Alemanha!
DM
A coluna “Perfume de carro” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.