Coluna 0915 25.fev.2015 rnasser@autoentusiastas.com.br
Salão de Genebra, mostra anual, antiga, está na 85a edição, em país de pequena e pontual produção de veículos. É exercício de criatividade, sobrevivência, e nos últimos anos tomou o caminho mercadológico de ser palco para apresentação de novas tecnologias para combustíveis alternativos. Assim, não compete com Paris, França, e Frankfurt, Alemanha, maiores em extensão, presença, e capacidade de influência ao amplo mercado europeu, e de realização alternada. Em Genebra maioria dos visitantes é natural. A público entre 5 a 15 de março.
Neste ano, previstos 700 mil visitantes verão nos 220 estandes 900 veículos, mais de uma centena de lançamentos, e pelo menos uma demonstração de viabilidade de novo veículo elétrico, o QUANTiNO, como nova tecnologia eletroveicular. Antes apenas permitida a veículos pequenos e de baixa velocidade e autonomia, como os carrinhos de golfe, consegue somar grandezas inconciliáveis pelos processos atuais: baixo consumo, elevado desempenho. Seus quatro motores de 25 kW — equivalendo a, juntos, 136 cv —, permitem atingir 200 km/h e superar 1.000 km de autonomia.
A morfologia é de automóvel, quatro lugares, tamanho de um VW Gol, e marcantes rodas de 22 polegadas.
A ser verdade o divulgado pela construtora nanoFlowCell AG, apesar de atrativo, deve ser visto apenas como efeito-demonstração de nova tecnologia, capaz de reescrever toda a motorização hoje empregada nos veículos elétricos ou híbridos.
Novidade midiática, o novo Ferrari 488 GTB, espécie de 2a edição do modelo Italia, marcado por pequenas mudanças estéticas, como maiores entradas de ar frontais. Motor reduzido a 3,9 litros, V-8 a 90 graus, dois turbos, 670 cv, câmbio de dupla embreagem, sete marchas.
Possibilidade material, o conceito Kia Sportspace. Totalmente novo, projetado na Alemanha. Na prática a proposta está mais próxima a grand routier, como os franceses dizem os carros estradeiros, capazes de bem andar e fazê-lo com conforto, firmeza e estabilidade no rodar. No caso, aerodinâmica, confortáveis quatro lugares, espaço para bagagens. O Sportspace supera a fase do conceito e pode se transformar em produto a curto prazo. Na mostra e da prima Hyundai, o novo ix35. Não deverá vir ao Brasil. Aqui se montam a avó, Tucson, e a mãe, também dita ix35.
Outra atração será a volta da marca Borgward, uma das mais importantes da Alemanha no pós-guerra, e de fim nebuloso — falência declarada apesar de ter patrimônio e recursos superiores às cobranças. Volta com Christian, neto do fundador Carl Borgward, e a sede é na Suíça. Marcante em solidez, rendimento e bom design, fez sucesso na década de 1950 com os Isabella, sedã 2-portas, Coupé TS e a camioneta Combi. Quase foi feito no Brasil. Genebra viu, em 1949, o Borgward Hansa 1500, primeiro produto inteiramente novo após a razia industrial sofrida pelos alemães na II Guerra Mundial. A apresentação do modelo redivivo, no mesmo Salão, é para fortificar os laços com o passado.
Abril, os Chery nacionais
Enfim, após a festiva inauguração em agosto, Chery inicia fabricar no país. Inicialmente modelos Celer, hatch e sedã, motor 1,5. Envio aos 70 revendedores em março, lançamento e vendas em abril.
Os meses de 2014 foram de funcionamento em marcha-lenta industrial para afinar mão de obra, processos, máquinas, e contornar a convivência entre culturas tão díspares quanto a local e a chinesa. Também, de definir gabarito de relacionamento com a mão de obra contratada localmente, em especial ex-funcionários da General Motors, com maior vivência sindical, e a tumultuada cultura da região. Por conta dela a General Motors, a pouca distância, em São José dos Campos, tem minguado a produção, cortado empregos e, recentemente, optou fazer motores em Santa Catarina e a próxima geração de carros pequenos na Argentina, para evitar interrupções e greves.
No período a empresa produziu 123 unidades de veículos em pré-série, para testes locais e não serão vendidos ao público, mas destinados a frota de serviço e a executivos da marca.
A fábrica da Chery, de capital totalmente chinês e sem sócio brasileiro, foi construída em Jacareí, a 70 quilômetros a leste de São Paulo, cidade-chave para distribuição, na Via Dutra e Via Dom Pedro I.
A Chery lidera vendas dos chineses no Brasil e intenta, com a atividade industrial, fazer 25 mil unidades em 2015. Para comparação futura, hoje os preços das unidades importadas são R$ 35.900 para o hatch e R$ 2 mil mais pelo sedã. Conteúdo, preço e condições de venda serão fundamentais para o futuro da marca.
Alfa, Brasil, 2017
Discurso de Sergio Marchionne, chefe da FCA, que juntou Fiat e Chrysler, aos acionistas, encerrou esperanças de produção de Alfa Romeo na grande fábrica a ser inaugurada pela empresa em Goiana, PE. Marchionne apresentou o plano de produtos, e nele os Alfa Romeo foram o tema de relevo, especialmente pelo ultrapassar da previsão de investimento de US$ 5B para a revitalização da marca. Agora tratada como reserva de história, cultura e paixão, carros da marca voltarão a utilizar tração traseira e/ou nas quatro rodas. E a produção de veículos e motores será na Itália.
Especulava-se no Brasil a possibilidade de o próximo sedã Fiat ser o Viaggio, ora produzido na China, sobre plataforma dividida com o americano Dodge Dart, e apta a receber motorização Alfa. Mas as declarações enterraram a possibilidade, assim como fazer o modelo Giulietta sobre a plataforma do Punto, como ocorre na Itália.
2017?
Alfa terá início da retomada dia 24 de junho com sedã médio, sem nome oficial, mas tratado mundialmente como Giulia, nome mítico para a marca. Após, até 2018 serão mais sete veículos.
Entretanto, Carlos Eugênio Dutra, diretor de Planejamento e Estratégia de Produto da FCA Latin America, cortou o barato e as esperanças de alfistas nacionais em adonar-se do novo modelo. Segundo o executivo, toda a dedicação da parte Fiat no Brasil está na grande fábrica ora implantada, e nos investimentos em tempo, talentos e recursos para os novos produtos Jeep e Fiat. Assim, por cautela, e tendo em vista a definição interna sobre a distribuição dos Alfa por inexistente rede separada de Fiat, Chrysler ou Jeep, Alfa Romeo no Brasil é assunto para 2017.
Mini Fiat em um ano
Fonte acreditada da divisão Fiat levantou a pesada e negra cortina vedando informações sobre seu novo carro de entrada no mercado. Ainda sem nome, mas criado para ser o menor da linha, é um dos oito produtos em desenvolvimento pela marca. Lançamento em março de 2016.
Mesmo executivo disse, com satisfação, a equipe de planejamento conseguiu atingir o objetivo do projeto: ter o veículo, com os legais ABS e bolsas de ar, capaz de ser aprovado em testes de impacto, pelos mesmos R$ 22 mil praticado pelo antigo Mille, descontinuado por não absorver tais equipamentos, e em fim de vida, em dezembro de 2013.
Redução de custos por projeto, plataforma, método de armação da carroceria, melhor estrutura com menos vincos, pontos de solda e operações industriais permitiram reduzir o custo de produção ao objetivo.
Motorização possivelmente o 1-L de quatro cilindros da casa. Ao contrário do divulgado por algumas fontes, a marca Fiat não dispõe de motor dessa cilindrada em três cilindros.
RODA-A-RODA
Enfim, – Crescimento das vendas na China e recuperação na Europa permitiu à PSA, holding reunindo Peugeot e Citroën, após três anos ter lucro no exercício de 2014: 63 milhões de euros. Carlos Tavares, português, ex-vice da Renault e agora número 1 da PSA disse, resultados andam à frente do projeto de reestruturação. Uma surpresa.
Aqui – Previsão de Tavares aos investidores contraria projeções locais das vendas em 2015 bisarem ou crescer pouco relativamente a 2014. Calcula queda de 10% na América Latina – onde Brasil é metade do mercado.
Mercado – Audi experimenta no pequeno e contado mercado uruguaio automóvel com o sedã de entrada da marca: A3 Sedan simplificado, pequeno motor 1,2 TFSI, franciscano câmbio automático de 5 marchas.
Reflexo – Carro brilhando à noite é proposta da Nissan para identificar o Leaf, seu modelo elétrico. A idéia, para chamar a atenção da presença da frota ecológica, parte de spray Starpah desenvolvido pelo inventor Hamish Scott.
Segredo – A tinta absorve raios ultravioleta durante o dia, para brilhar entre oito e dez horas à noite, e coerentemente utiliza componentes naturais. Tem enorme duração, projetada em 25 anos. Por isto não espere tê-la em seu carro — a indústria de tintas nunca se interessaria em produzir algo tão duradouro.
Impulso – Lexus, marca de luxo da Toyota, reposicionou os preços do luxuoso hatch híbrido CT200H. Reposicionar, em linguagem de gente, significa reduzir, baixar. No caso, de R$ 134 mil para R$ 127 mil, e de R$ 154 mil a R$ 149.500 na versão Luxury. Vender carro híbrido em país sem incentivo ao uso é exercício institucional.
Questão – Próximos dias solução ou arrepio comercial com o México, com quem o país administra programa de quotas para importação e exportação. Problema é exportarmos pouco e importarmos muito. Acima da cota os carros mexicanos devem pagar o desmesurado imposto de importação de 35%. Daí, México não quer mais esta regra, postergada, e em seu lugar o livre comércio. Exportamos pouco por não sermos competitivos.
Festa – Subaru, cujos veículos se caracterizam por motor de cilindros contrapostos e transmissão com tração permanente nas quatro rodas, comemora 15 milhões de motores e 14 milhões de transmissões fabricados.
Mais um – HR-V, novo SAV da Honda será apresentado entre 10 e 12 de março. Não é um jipinho, como alguns jornalistas insistem rotular, mas um monovolume com tração apenas nas rodas dianteiras. Diferença entre concorrentes será charme visual, mais para automóvel, menos para veículo de trabalho, cuidados internos, a excepcional multicombinação com os bancos. Motor 1,8, 140 cv, mesmo do Civic, apesar da plataforma utilizada ser do Fit.
Sobe – Banco Volkswagen oferece até 15 de março condições especiais para vender motos Ducati, do grupo: 30% de entrada, 23 prestações contidas e última na metade do preço total. Após comprador pode quitar o financiamento ou usar a parte paga como entrada de Ducati nova.
Desce – Bramont, montadora de veículos na Zona Franca de Manaus, suspendeu montagem das motos Benelli.
Mahindra – Marca indiana, montada pela mesma Bramont, deteve operações. Já ocorreu antes e voltou tibiamente. Não se sabe se retomará ou sairá do negócio.
Promoção – Suzuki segue trilha aberta pela Mitsubishi e sulcada pela Troller para divulgar-se: chamar os usuários da marca a utilizar seus veículos em atividades variadas. É o Suzuki Off Road. Para velocidade, o Swift Sport Cup a ser corrida com este modelo no autódromo Velo Città. Além, participará do Rally dos Sertões e, curiosidade, competições náuticas — como a Mitsubishi.
Corte – Medida de economia e produtividade, Toyota cortou mordomias de escritório caro e em luxuoso bairro paulistano, retornando a administração para a pioneira fábrica na Estrada do Piraporinha, em São Bernardo do Campo, SP.
Tranco – Levantamento pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação – IBPT, arrecadação do IPVA é R$ 32,756 B. Divididos pela população significa paulistas líderes em ônus: R$ 307,13 per capita. DF 2º. lugar: R$ 248,13/habitante. Médios R$ 161,55/brasileiro. Na prática, Receita há. O que não há é retorno em serviços aos contribuintes. Saber mais? www.ibpt.org.br
Centenário – Allison Transmission, nascida produtora de peças de precisão para carros de corrida, agora maior fabricante mundial de câmbios automáticos para veículos comerciais, festejará 100 anos durante 2015.
Gente – ZF, fábrica de câmbios, tem dois novos diretores para América do Sul. OOOO Tarcísio Costa, 51, administrador, atuação internacional, para Gestão de Materiais. OOOO Marcel Oliveira, 51, mestre em Administração, experiência no ramo, cuidará dos recursos humanos. OOOO Takanobu Ito, 61, presidente executivo da Toyota, saída. OOOO Recalls, processos de indenização por clientes, prejuízos, saída da Tailândia, e a certeza de perder a liderança mundial para a Volkswagen, definiram mudança. OOOO Seu lugar, Takashiro Hachigo, 55, atual nº1 em pesquisa e desenvolvimento. OOOO Desconhecem-se influências da mudança sobre Toyota no Brasil. OOOO
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