Recordo a minha primeira viagem à Argentina nos idos de 1995. Desembarquei no Aeroporto de Ezeiza, na Grande Buenos Aires — como o de Guarulhos, que é fora do município de São Paulo — e logo me chamou a atenção a quantidade de veículos antigos circulando. Até os táxis pretos com teto amarelo me remontava aos anos 1960, parecendo ter entrado no túnel do tempo.
E foi um destes táxis que me transportou ao Hotel Pan Americano na Avenida 9 de Julho — a avenida mais larga do mundo — onde fiquei hospedado. Era um Peugeot 504 que só tinha aparência de antigo pois era um modelo “retrô” ainda fabricado localmente.
Chegando ao hotel fiquei impressionado com a grandeza de Buenos Aires, a enorme avenida onde se destacavam o obelisco e o majestoso Teatro Colón, um marco cultural da cidade, parecia estar na Europa e não na América do Sul. Os edifícios antigos muito bem cuidados davam um ar “anos dourados” à cidade.
A noite, com a cidade toda iluminada, os restaurantes e os cinemas funcionando a todo vapor me indicavam claramente o poder cultural da cidade.
Fui jantar em Puerto Madero, um local belíssimo com prédios históricos restaurados e visual de primeiro mundo. Inesquecível o “lomo” ao ponto acompanhado de bom vinho tinto argentino.
Puerto Madero atual, na realidade um antigo porto totalmente revitalizado com hotéis 5-estrelas, bares, restaurantes e também áreas comerciais, é um exemplo de como fazer um complexo importante e de bom gosto à cidade e aos seus visitantes.
Acordei bem cedo e ansioso fui para a fábrica da Ford em General Pacheco, distrito vizinho a Buenos Aires, tendo no meu colo vários trabalhos importantes a realizar, participar do desenvolvimento do novo Escort Zetec 1,8 e da nova Ranger e também correlacionar a pista de testes de Pacheco. Fazer alguns testes e avaliações localmente daria agilidade e economia, diminuindo o envio de veículos de desenvolvimento para o Campo de Provas de Tatuí.
A pista de provas de Pacheco me trouxe a memória do “velho patrão” Henry Ford, que tinha a convicção que as caixas d’água eram os estandartes da marca e por esta razão deveriam estar sempre imaculadas.
E continuei com os meus trabalhos entrando na rotina do dia a dia. Continuava me chamar a atenção a quantidade de veículos “antigos” na cidade e no pátio dos funcionários da Ford, particularmente o Ford Falcon que se destacava na multidão. Aliás, o Falcon foi o maior sucesso de vendas na Argentina, tornando-se um símbolo nacional.
Os argentinos tiveram seu primeiro contacto com os Ford Falcon em 1961, ainda importados dos Estados Unidos.
E foi em 15 de julho de 1963 que o primeiro Falcon foi produzido — começara apenas montado no ano anterior — na Argentina, na fábrica de General Pacheco, com sucesso imediato, causando filas nas concessionárias Ford à procura do modelo.
O Ford Falcon foi produzido na Argentina de 1962 a 1991 — 30 anos! — deixando saudade. Foram produzidas 500.000 unidades incluindo o modelo Ranchero que era uma picape derivada e também a Falcon Rural, a perua do modelo. Pode parecer um número pequeno, mas se considerarmos que o mercado argentino é cerca de 1/5 do brasileiro, o volume de Falcons produzidos é considerável.
Como curiosidade, o Falcon fez também muito sucesso nas pistas na categoria Turismo Carretera, ganhando muitos prêmios importantes.
O Falcon serviu de base para o carro de maior sucesso da Ford de todos os tempos, o Mustang, lançado em abri de 1964 no Salão de Nova York.
Minhas viagens à Argentina0tornaram-se rotineiras, participando de vários eventos e desenvolvimentos, culminando com o Ford Focus em 2000.
Acabei conhecendo praticamente todo o país, Patagônia de leste a oeste até o extremo sul, Rio Gallegos e os glaciares de Perito Moreno.
Uma viagem inesquecível foi a que fiz com o time da picape Ford Ranger por ocasião do seu pré-lançamento em 1997.
Encerro esta breve matéria com uma homenagem à fábrica da Ford Pacheco, toda modernizada, fabricando veículos com muita qualidade em seu processo de manufatura.
CM
Créiitos: www.todofalcon.com, wikimedia.org, www.taringa.net, www.iprofessional.com, acervo particular do autor
FICHA TÉCNICA FORD FALCON 1963 | |
MOTOR | |
Denominação | Ford Falcon Six 170 |
Tipo | L-6, longitudinal, bloco e cabeçote de ferro fundido, comando de válvulas no bloco, válvulas no cabeçote, 2 válvulas por cilindro, gasolina |
Diâmetro e curso | 88,9 x 74,68 mm |
Cilindrada | 2.781 cm³ |
Taxa de compressão | 6,8:1 |
Potência (cv/rpm) | 102/4.400 |
Torque (m·kgf/rpm) | 22/2.400 |
Formação de mistura | Carburador |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Manual de 3 marchas + ré, tração traseira |
Relações das marchas | 1ª 2,80:1; 2ª 1,55:1; 3ª 1,00:1 (direta); ré 3,80:1 |
Relação do diferencial | 3,54:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, braços triangulares superpostos, mola helicoidal, amortecedor hidráulico e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo rígido, feixe de molas longitudinal, e amortecedor hidráulico |
DIREÇÃO | |
Tipo | Setor e sem-fim com esferas recirculantes |
Diâmetro mínimo de curva | 11,8 m |
FREIOS | |
Dianteiros | A tambor |
Traseiros | A tambor |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço, 5Jx13 |
Pneus | 6.40-13 |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Separada, sedã 4-portas, 5 lugares |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto | 0,55 |
Área frontal (calculada) | 2,054 m² |
Área frontal corrigida | 1,129 m² |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 4.602 mm |
Largura (com/sem espelhos) | 1.793 mm |
Altura | 1.432 mm |
Distância entre eixos | 2.781 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.397/1.384 mm |
Distância mínima do solo | 159 mm |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | n.d |
Tanque de combustível | 53 litros |
PESO | |
Em ordem de marcha | 1.250 kg |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 17,2 s |
Velocidade máxima | 130 kmh |
CONSUMO | |
Cidade | 6,8 km/l |
Estrada | 10,1 km/l |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 última marcha | 34,5 km/h |
Rotação a 120 km/h últ. marcha | 3.500 rpm |
Rotação à vel. máxima/marcha | 3.800 rpm / 3ª |