TESTE DE 30 DIAS
RENAULT FLUENCE PRIVILÈGE 2.0 HI-FLEX CVT
2ª SEMANA
O início de nossa avaliação de um mês com o Renault Fluence Privilège 2.0 CVT foi marcado por um intenso uso urbano. Trajetos curtos, trânsito pesado, circulando sempre por uma região de São Paulo com topografia muito acidentada. A média de consumo foi considerado por alguns leitores do Ae elevada, 6,1 km/l de gasolina. Todavia é necessário alertar que nossa experiência com outros sedãs desta categoria submetidos a esse mesmo tipo de uso não resultou em consumo muito diferente. Posto isso, vamos aos fatos da 2ª semana com o sedã da Renault.
Contraste é a palavra mais adequada para definir este período com o Fluence, pois em vez do pára-e-anda paulistano, percorremos pouco mais de mil quilômetros, quase 80% deles em rodovia, mais especificamente o trecho que da capital paulista leva a Curitiba, no Paraná. Conhecida como Régis Bittencourt, este trecho da BR-116 é um dos pedaços de asfalto mais trafegados do Brasil. Quase totalmente duplicada, a “cruz” para quem viaja na Régis é o grande número de caminhões e o trecho da Serra do Cafezal, entre Juquitiba e Miracatu, onde qualquer problema causa congestionamentos monstruosos.
Usar o Fluence como vetor nessa viagem até a capital paranaense foi reconfortante, não só pelo silêncio interno, suavidade de funcionamento do conjunto motor-câmbio e boa ergonomia. Vigoroso, o motor 4-cilindros de 2 litros com duplo comando de válvulas (variável em admissão) mostra grande disposição quando exigido a fundo em situações tipicamente rodoviárias, ultrapassagens de filas de caminhões e nas “largadas” dos infinitos pedágios desses cerca 800 quilômetros de viagem.
Talvez isso — o animado motor — esteja na raiz da médias de consumo obtidas nesse trecho rodoviário, 9,6 km/l e 9,2 km/l de gasolina. Pouco? Ótimo não é, mas certamente coerente com a pressa empregada e o uso intenso do acelerador. Já comentamos anteriormente aqui no Ae que a Renault parece ter “roubado” na cifra de potência declarada para o Fluence, 140 cv quando abastecido com gasolina, como no nosso caso. A sensação é que a cavalaria é maior e a progressão das rotações — sem que vibração e/ou ruído excessivo incomode os ocupantes da cabine — torna o ato de acelerar mais do que o necessário quase um vício. Quanto à caixa CVT, em freqüentemente nessas saídas de pedágio realizamos as trocas manualmente, na tentativa de minimizar o característico efeito que o CVT proporciona, uma aparente patinação — só aparente, ela de fato inexiste — que faz a rotação se estabilizar enquanto a velocidade vai progredindo. O resultado? O CVT não deixa de ser o CVT, mas assim fazendo o importante efeito psicológico de levar as rotações até quase o limite e determinarmos a hora da troca oferece algo mais de empolgação e, na contrapartida, consumo mais elevado.
Como qualquer teste que se preza, apesar da maior diversão dessas trocas manuais, também executamos o oposto: saídas tranqüilas deixando o câmbio no modo automático. Desta maneira usando pouquíssimo acelerador o motor Renault “by Nissan” se estabiliza em rotação próxima de 2.000 rpm e assim progride, sem fúria nem preguiça, até os 100/110 km/h legais. Assim conduzido o Fluence é um campeão de suavidade e silêncio, comparável aos mais elaborados (e caros) sedãs de alta gama.
Outro excelente aspecto realçado na viagem foi o ajuste correto de suspensões: na cidade observamos grande capacidade de absorção de irregularidades no piso. Na estrada, em curvas de raio médio ou nas mais apertadas curvinhas da serra, o compromisso entre rodagem macia e pouca rolagem, ou seja, inclinação de carroceria limitada, ofereceu plena sensação de segurança. Detalhe importante: o Fluence não levava nenhuma bagagem e apenas dois eram os ocupantes. Voto favorável também merece a escolha dos pneus. A medida 205/55R17 se revela adequada, capazes de engolir irregularidades graúdas sem susto. Também ótimo julgamos o compromisso entre aderência em conforto de marcha oferecido pelos Continental ContiPremiumContact 2. Ao contrário da viagem de ida, realizada em um dia ensolarado, a volta, teve metade do percurso realizada de noite e sob chuva. Os pneus na viagem de ida mostraram rodagem silenciosa e excelente capacidade de encarar curvas rápidas sem escândalo, transmitindo de maneira clara a proximidade do limite. Na volta, com pista molhada, a segurança foi a sensação preponderante, especialmente pela capacidade de manter um comportamento uniforme em termos direcionais mesmo quando poças de profundidade considerável eram superadas apenas com os dois pneus de um lado só.
Só elogios ao Renault Fluence, então? Não: no trecho noturno os faróis de xenônio (apenas o facho baixo) não agradaram. A luminosidade é intensa mas o “recorte” muito marcado, ou seja, ótima iluminação que simplesmente acaba. Elevar um pouco o facho (que conta com regulagem automática) poderia minimizar esse efeito, mas talvez “jogar o problema” mais à frente não resolveria essa sensação de tudo ou nada. Lançar mão dos faróis de neblina tampouco resolveu e assim o jeito foi usar quando possível o facho alto, o que tornou as duas horas finais da viagem em um teste intenso para o comutador situado na alavanca, que serve também ao comando de seta e interruptor geral de luzes.
Para a terceira de semana do Fluence conosco, mais viagem, mas dessa vez colocando à prova a capacidade deste Renault como carro da família: quatro adultos e uma criança usarão 100% da capacidade da cabine e ao porta-malas estará reservado tratamento equivalente. Em vez de um percurso retilíneo com algumas curvas, o exato oposto e inclusive um trecho de estrada sem pavimentação. Na próxima sexta-feira não perca o relato. Até lá!
E uma Feliz Páscoa para todos!
RENAULT FLUENCE PRIVILÈGE 2.0 HI-FLEX CVT
QUILOMETRAGEM TOTAL : 1.310 km
CONSUMO MÉDIO TOTAL: 7,98 km/l
CIDADE: 510 km (39%)
ESTRADA: 800 km (61%)
NA SEMANA: 1.039 km
CONSUMO MÉDIO : 8,89 km/l
VELOCIDADE MÉDIA: 42,1 km/h