Automóvel é fonte de aberrações na legislação e na burocracia governamental. A maioria coloca em risco a integridade do cidadão ou a mão no seu bolso…
Campanha – ABS e airbags são obrigatórios desde janeiro de 2014. Um extraordinário faturamento para muitas empresas. Mas alguém viu no ar uma campanha para esclarecer o motorista sobre a utilização correta destes dois equipamentos de segurança?
DPVAT – Seguro obrigatório que cobre danos pessoais nos acidentes de trânsito. Mas o destino de parte dos bilhões de reais arrecadados anualmente é um mistério. A sigla deve significar Depois do Pagamento Vem A Trapalhada.
Gasolina – Combustível derivado do petróleo que não é bem isso porque a turma que se abunda nos prédios da foto aí em cima fez lei obrigando a gasolina vendida aqui ser diferente do resto do mundo, mais que ¼ dela é álcool. Deviam mudar seu nome para gasálcool, senão é crime de falsidade ideológica.
Inmetro– Órgão do governo encarregado de defender o consumidor, zelando pelas dimensões e qualidade dos produtos no mercado. Mas já cometeu o absurdo de permitir o uso de pneus remoldados em motos. E demora anos para estabelecer padrões e permitir que dispositivos importantes de segurança, como as cadeirinhas do tipo Isofix, sejam fabricadas no Brasil.
Inspeção veicular – É uma vergonha, como diria meu xará Casoy, ela ainda não estar implantada apesar de exigida desde 1989 pelo código do trânsito. E tome carro quebrado, caindo aos pedaços e emitindo gases além do limite a circular livremente, colocando em risco a segurança de todos. Além de provocar engarrafamentos quando quebra no meio da rua.
Multa – O carro é vendido mas as multas de infrações cometidas pelo dono anterior são cobradas de quem o comprou. No Brasil, quem comete infração não é o condutor, mas o automóvel… O Congresso aprovou uma lei para corrigir esta distorção. O presidente Lula vetou.
Percentual – A gasolina já recebe 27% de etanol, promessa eleitoreira de d. Dilma para agradar aos usineiros. A dúvida é se tanto álcool não vai enferrujar o automóvel. A certeza é de que o consumo aumenta em até 2% e também as emissões. Todos sentados? Os usineiros, não contentes, vão brigar agora para elevar o percentual para 30%.
PNE – Os portadores de necessidades especiais têm direito de adquirir um carro automático com desconto nos impostos. Mas o governo limitou o valor do automóvel em R$ 70.000 em 2009 e se recusa a atualizá-lo. Com a inflação, alguns modelos como o Civic, já superam este valor e os interessados terão que migrar para carros compactos. D. Dilma pune quem conseguiu uma situação financeira melhor na vida.
Quebra-mola – O prezado já se deparou com alguma lombada em país do Primeiro Mundo? Nossos quebra-molas, além de atentarem contra a segurança do cidadão e a integridade do automóvel, fogem — quase todos — à regulamentação que determina suas dimensões e locais permitidos.
Recall – As estatísticas informam que apenas metade dos carros são levados para o reparo na concessionária. O governo brecou a idéia de impedir venda do automóvel que não fez recall. Consentiu apenas que se registre o fato no documento de vendam, mas jamais exigiu o cumprimento da medida. Só faz de conta que se preocupa com a segurança do cidadão.
Vexame – A injeção substituiu o carburador e acabou no mundo a exigência do extintor no automóvel. No Brasil, ao contrário, exige-se agora o do tipo ABC, mais caro e não descartável. Correu na internet o “Bom Dia Goiás” (da TV Globo) em que a repórter vai ao Corpo de Bombeiros mostrar, ao vivo e em cores, as vantagens do ABC. Começa com o extintor antigo (AB) não consegue apagar o fogo ateado no estofamento de um carro velho. O bombeiro saca então do ABC para comprovar suas qualidades. E o incêndio continua do mesmo jeito…
BF
Boris Feldman, jornalista especializado em veículos e colecionador de automóveis antigos, autoriza o Ae a publicar sua coluna publicada aos sábados no jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte (MG).
Foto da abertura: deputadowander.com.br
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.