GWM POER P30: BOM POTENCIAL, MAS PRECISA DE REFINO PARA ACOMPANHAR O SEGMENTO (COM VÍDEO)

Quando publicamos no AUTOentusiastas a matéria sobre o  lançamento da GWM Poer P30, destacamos a estratégia da marca em entrar no segmento de picapes médias com um pacote robusto de tecnologia, motor turbodiesel moderno e a garantia bem abrangente. Nessa primeira avaliação por estradas do interior gaúcho pudemos avaliar a nova picape em situações de fora de estrada e até um pequeno trecho que nos obrigou a experimentar sua boa capacidade 4×4, conforme podemos relembrar no vídeo abaixo.

Agora, após uma semana de avaliação é possível ir além das promessas técnicas e analisar como esses atributos se traduzem no uso real — e onde ainda há espaço para evolução.

A picape testada está anunciada no site da marca como Poer P30 Exclusive TD 4×4  modelo 25/26 e tem preço de R$ 240 mil.

Trem de força

O motor 2,4 turbodiesel de 184 cv e 48,9 m·kgf cumpre o papel de entregar força desde baixas rotações, mérito da curva de torque extremamente atraente — 50% do torque máximo já a 1.000 rpm e o total disponível a 1.500 rpm. Esse comportamento favorece um dirigir relaxado e eficiente, tanto em trechos urbanos quanto rodoviários. Segundo dados do fabricante, a Poer P30 acelera de 0 a 100 km/h em 11,2 s e alcança consumos de 9,5 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada, com alcance de 820 km

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O câmbio automático epicíclico de 9 marchas trabalha com suavidade e inteligência. As borboletas atrás do volante, exclusivas da versão Exclusive, tornam o controle mais fino, sendo especialmente úteis em descidas longas ou para evitar reduções indesejadas em subidas.

Direção com bom acerto, mas a suspensão…

A direção com assistência elétrica apresenta bom acerto, com definição precisa de centro e esforços coerentes em diferentes velocidades. A sensação ao volante é de previsibilidade, algo essencial numa picape desse porte.

A suspensão, porém, é o item que mais pede revisão, e influencia de forma direta a percepção de qualidade dinâmica. Embora utilize arquitetura semelhante à das rivais — triângulos superpostos com mola helicoidal na dianteira e eixo rígido com feixe de mola na traseira — o ajuste final não entrega o nível de conforto esperado. Nas ruas brasileiras, a Poer P30 se mostra dura, transmitindo impactos e vibrações que poderiam ser mais bem filtradas com recalibração de amortecedores, molas e coxins de cabine. A boa notícia é que se trata de uma questão de calibração, e não de concepção estrutural.

Adas completos e funcionamento consistente

A picape traz um pacote de assistentes avançados de condução digno de segmentos superiores, destacando-se pela amplitude das funções. O alerta de ponto cego, cuja sinalização fica no interior da cabine, é uma solução inteligente: reduz custo de fabricação e evita fraturas comuns em espelhos com LEDs integrados.

O controle de cruzeiro adaptativo se mostrou funcional e bem ajustado. No entanto, falta o tradicional botão “Resume”, função frequentemente usada ao retomar a velocidade programada após intervenção do freio.

Ergonomia

A cabine da Poer P30 combina bom nível de acabamento, telas amplas e ergonomia competente. A multimídia de 14,6” e o painel digital de 10,25” têm boa legibilidade, enquanto os botões físicos do ar-condicionado preservam a usabilidade em movimento. Falta, contudo, o prático botão físico da temperatura — o comando de voz ajuda, mas ainda não substitui o prazer da operação tátil.

O console central elevado, com a pequena alavanca seletora de câmbio, tipo as de jogos, reforça a sensação de modernidade e boa integração entre ergonomia e estilo.

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Exterior funcional e caçamba bem resolvida

Com linhas imponentes, faróis em LED e grade volumosa, a Poer P30 segue a estética contemporânea das picapes chinesas, com proporções e presença visual que lembram tendências também vistas nas principais concorrentes do segmento, como a Toyota Hilux. Na caçamba, a capacidade volumétrica de 1.248 litros e a boa carga útil de até 1.018 kg colocam o modelo no nível do segmento. A tampa com mola a gás é um diferenciador prático que melhora bastante o manuseio para abrir e fechar.

Experiência ao volante: onde a Poer P30 acerta e onde ainda precisa evoluir

Pontos fortes

• excelente disponibilidade de torque;
• direção bem acertada;
• pacote Adas amplo e funcional;
• ergonomia competente, com botões físicos essenciais;
• borboletas úteis para controle fino do câmbio;
• isolamento acústico de cabine é muito bom;

Pontos a melhorar

• suspensão rígida e pouco filtrante;
• ausência do botão “Resume” no controle de cruzeiro;
• falta de botão físico para temperatura do sr-condicionado;
• comando de voz poderia ser mais consistente;

Conclusão

A Poer P30 confirma muito do que apontei na matéria de lançamento. Trata-se de uma picape moderna, bem-equipada e construída sobre um conjunto mecânico competitivo, reforçada pela garantia mais extensa do mercado. No uso real, porém, fica claro que o modelo ainda depende de ajustes relevantes no acerto de suspensão e no isolamento de cabines e coxins para alcançar o nível de refinamento dinâmico que hoje diferencia as líderes do segmento.

O potencial está lá, especialmente no trem de força, na direção bem calibrada e no pacote de tecnologia e Adas. Com uma revisão cuidadosa de calibração, a Poer P30 tem condições reais de evoluir rapidamente e se posicionar como uma alternativa consistente entre as picapes médias turbodiesel no Brasil.

GB