TESTE DE 30 DIAS
VOLKSWAGEN JETTA HIGHLINE 2,0 TSI
23 DIAS
Esta semana que precede nossa despedida do Volkswagen Jetta Highline 2,0 TSI foi intensa, e já avisamos, será triste dizer adeus à ele. A razão é óbvia: quanto mais rodamos com o sedã made in Mexico, mais percebemos os “OLÉ” que ele dá nas mais diversas utilizações a que o submetemos, trabalhando com desenvoltura e prazer.
Nestes dias conseguimos praticamente duplicar a quilometragem no hodômetro realizando duas viagens, a primeira delas nossa clássica visita ao litoral norte com carro cheio e porta-malas idem, a outra mais curta, com carro vazio, rumo àquela que é uma espécie de pista de testes do Ae, o tortuoso trecho de asfalto conhecido como Estrada dos Romeiros onde encontramos nosso parceiro Paulo Keller para fazer o vídeo que acompanha este relato.
Nas curvinhas apertadas da estradinha o Jetta nos divertiu, e como. Se na semana passada, no traçado do Velo Città, as limitações de um carro “de rua” usado em pista ficaram evidentes, na Estrada dos Romeiros ele transpirou a esportividade que a Volkswagen usa na propaganda. Afundar o pé nas saídas de curva emociona verdadeiramente e a sensação ao volante é de um carro “na mão”. Ele não rola quase nada e a direção permite apontá-lo para onde se quer de modo preciso. A frenagem é potente e a intervenção do ABS só ocorre se houver algum exagero por parte de quem guia ou se o piso não oferecer aderência normal.
Mas, a quem interessa essa análise de um uso extremo do Jetta? Aos bem poucos que valorizam dotes esportivos e assim, considerando exaurido o julgamento sob esta ótica — não sem antes exaltar, mais uma vez, o ótimo funcionamento do câmbio DSG de seis marchas que raramente exige alguma ação nas borboletas ou alavanca – vamos passar ao mais prosaico mas necessário relato da viagem de fim de semana com a família.
Como sempre, a receita de quatro adultos e porta-malas cheio, como sempre o destino no litoral paulista e, como sempre, uma tocada bem pacata na ida, descendo a serra, e mais apressadinha na volta, subindo. Como já afirmamos, tal roteiro é um velho conhecido de quase quarenta anos e, portanto, oferece os parâmetros preciosos para avaliar um carro e compará-lo a outros.
Destaque do Jetta nessa viagem? Fácil: o conforto associado ao motor exuberante, a enorme tranqüilidade de ter sob o pé direito um vigor incomum que, em parceria com um câmbio robotizado perfeito, oferece prazer e segurança.
Com o ar-condicionado bi-zona registrado em 21 ºC e o termômetro do ar externo situado no retângulo central do painel de instrumento mostrando temperaturas entre 21 e 17 ºC encaramos uma viagem de 200 quilômetros com um pouco de tudo em termos de clima. Choveu forte, garoou, fez sol e, no final, veio a noite. Ao motorista restou o prazer de controlar os muitos automatismos. Os faróis que se acendem assim que escurece, o limpador de pára-brisa que prontamente detecta os pingos, o controlador automático de velocidade… quanto conforto!
E na hora de parar o carro, sensores na dianteira e traseira acompanhados de sinais sonoros e imagem na tela do meio do painel. Estacionou? Basta bater as portas e, mantendo um dedo encostado na maçaneta, vidros e teto solar se fecham, portas travam e o alarme é inserido. Tudo fácil, rápido, simples.
Aos passageiros foi pedido um parecer sobre a vida a bordo nas três horas de viagem. Um deles, de 1,9 m de altura, viajou confortavelmente atrás de quem dirigia, que tem pouco mais de 1,8 m. As senhoras preferiram elogiar o couro creme do revestimento e os bons espaços nas laterais de porta.
Na chegada ao litoral, um trecho de estrada de calçamento precário seguida por algumas centenas de metros de terra confirmou o que já havíamos percebido nas lombadas e valetas paulistanas: o Jetta é alto, não toca o solo nem mesmo com carga máxima. Apenas a ponteira dupla de escape por vezes raspa levemente no chão em entrada de garagens muito pronunciadas. Outro ponto positivo da viagem foi verificar a excelência da iluminação oferecida pelos faróis bixenônio que, ao contrário dos do Renault Fluence, jamais exigiram o uso do facho alto.
O uso praiano do Jetta pediu cuidados uma vez que o tempo chuvoso e os oito pés dos ocupantes poderiam causar um desastre no belo carpete creme. O lado ruim do interior claro é esse, mas uma simples caixa de papelão resultou em quatro pedaços de providenciais “tapetinhos”, e nenhum vestígio de lama ofendeu a beleza da forração interna.
E já que estamos falando de sujeira, ponto também para essa cor azul Silk, que diferentemente de tons muito escuros ou muito claros, tem o dom de disfarçar a sujeira. Outro aspecto explorado pela vida na praia foi verificar na prática a utilidade da abertura no encosto do banco traseiro, que serviu para acomodar o remo de uma prancha de stand-up de modo excelente (na Europa muitos carros têm esse recurso para transportar esquis de neve).
E com relação ao consumo, o que “disse” o computador de bordo na chegada? Ótimos 12,8 km/l, marca idêntica à obtida com o Renault Fluence para trajeto igual. Já na volta, serra acima, explorar o acelerador e as trocas manuais no câmbio rendeu uma marca de 9,3 km/l em ritmo de viagem bem mais apressado, marcas que consideramos plenamente adequadas. Outro aspecto muito positivo vem da honestidade das informações do computador de bordo: a comparação entre o dado de consumo mostrado no painel e aquele obtido pela conta na ponta do lápis vem mostrando, desde o início da avaliação, diferenças desprezíveis.
Ótimo ter verificado, também, que a indicação de autonomia não te abandona: na chegada a SP a luz alerta acompanhada de sinal sonoro indicando o baixo nível de combustível nos avisou que era o caso de visitar um posto. Observamos então que a autonomia restante mostrava 40 km. Rodamos 38 antes de chegar à bomba que colocou 54,4 litros em um tanque cuja capacidade é de 55 litros… Precisão germânica!
Todavia, uma outra indicação se mostrou menos precisa, pois um alerta de pressão de pneus incorreta surgiu no painel e a verificação mostrou que esta sinalização não era fiel, pois todos eles estavam com a pressão adequada. O que houve? Não temos idéia. Necessário dizer que no Jetta este dispositivo que controla a pressão demanda ajuste através de um botão situado no porta-luvas. Basta pressioná-lo por dois segundos para o registro da medida. Desde o início da avaliação realizamos este procedimento duas vezes.
E agora, o que falta fazer com o Jetta? Rodar seus derradeiros dias do teste em cidade é o plano, e no programa também está a tradicional visita à oficina, para observar as entranhas deste Volkswagen. Na sexta que vem, o relato de encerramento. Até lá.
VOLKSWAGEN JETTA HIGHLINE 2,0 TSI
DIAS: 23
DISTÂNCIA TOTAL: 1.778,8 km
DISTÂNCIA NA CIDADE: 951,8 km (53,5%)
DISTÂNCIA NA ESTRADA: 827,0 km (46,5%)
TEMPO AO VOLANTE: 56h27min
VELOCIDADE MÉDIA: 31,5 km/h
CONSUMO MÉDIO: 8,5 km/l
MELHOR MÉDIA: 13,6 km/l
PIOR MÉDIA: 3,8 km/l
RA