Domingo último tivemos mais um Rali de Regularidade em Interlagos, essa incrível realização do ex-piloto holandês naturalizado brasileiro Jan Johannes Hendrik Balder, chegado ao Brasil em 1954 com a família, o pai Antoni Gerardus Balder, a mãe Beppe e a irmã Gerdina Balder (depois Iwers adicionado após se casar aqui). Antoni, engenheiro aeronáutico, veio para dirigir a produção do aviões treinadores Fokker T-21 (de bequilha) e T-22 (triciclo), holandeses, na Fábrica do Galeão, no Rio de Janeiro, para a Força Aérea Brasileira. Encerrada a sua missão aeronáutica, o engenheiro Antoni Balder trabalhou na então nascente indústria automobilística, tendo a família se transferido para São Paulo.
Primeiro, um breve período na Brasmotor, que montava o Volkswagen, depois na Willys-Overland do Brasil, mas logo ingressou na Vemag, onde trabalhou 10 anos, e finalmente na Sofunge, empresa da Mercedes-Benz do Brasil, uma moderna fundição que, inclusive, fornecia os blocos de motor em bruto para a fábrica do DKW. Foi nesse ambiente que o menino Jan, a partir dos sete anos de idade, quando chegou ao Brasil, cresceu e se desenvolveu, portanto um autêntico autoentusiasta e automobilista.
Conheci o Jan por volta de 1965 e logo ficamos amigos, pela nossa vivência no automobilismo em torno da marca DKW-Vemag. Sempre notei nele grande habilidade dele com números, e foi essa habilidade que contribuiu para ele materializar uma idéia incrível, o rali em circuito fechado.
O Jan faz fez muito rali, inclusive venceu, com um Puma GT 1600, o épico Rali da Integração Nacional, em 1971, tendo Alfred Malowski como navegador, um percurso de quase 5.000 quilômetros entre Fortaleza, no Ceará, a Chuí, no Rio Grande do Sul. Por ser um “ralizeiro” de mão cheia, além de piloto de velocidade (corremos muito em dupla), Jan bolou fazer um rali sem as complicações logísticas, interrupções de tráfego nas estradas (e até os protestos de hoje). dispêndio de tempo, e custos, para isso realizando o rali no autódromo de Interlagos a partir de 2009, uma receita perfeita que resultou enorme sucesso.
Sucesso porque permite praticar uma modalidade de automobilismo de competição com custo baixo, no próprio automóvel do dia a dia, sem complicações de carro preparado para corrida. E melhor, a salvo da sede de arrecadação da prefeitura de São Paulo com sua vasta população de radares e detectores de velocidade.
Melhor ainda é o ambiente descontraído, alegre, de muito bate-papo, verdadeiramente familiar, esposas sendo navegadoras dos seus maridos, enfim, um dia autoentusiata dos mais agradáveis.
De uns tempos para cá, a pedido do Jan, tenho comparecido aos eventos para vivenciá-lo e também para lhe dar uma mão levando um carro de teste (como o beneplácito do respectivo fabricante) para servir de carro-madrinha e também para mostrar aos participantes um pouco de novidade.
Caso deste último rali, em que fui com o novo Audi TT, aproveitando para dar uma voltas com ele na pista mesmo com o rali em andamento — claro, tomando o maior cuidado para não atrapalhar os competidores.
Impressionou-me os pneus dianteiros não chegarem aos ombros, apesar da pressão de rua, 32 lb/pol² na frente e 28 lb/pol² atrás, o que denota a qualidade da geometria de suspensão, e os freios não apresentarem sinal de fading, mesmo tendo notado fumaça das pastilhas ao estacionar o carro.
O Paulo Keller, que foi junto (o Wagner Gonzalez também esteve lá) colocou a câmera GoPro no Audi e fez umas belas tomadas ao andarmos no circuito. Nesse mesmo vídeo aparece nosso amigo e assíduo leitor do Ae, Fernando Silva, experimentando o TT, comigo no carro, quando saímos do autódromo para devolver o carro ao Lothar Werninghaus, o assessor técnico da Audi, não muito longe dali.
A propósito, o Ae está programando atividades que envolvam os leitores, aguarde notícia mais tarde. Temos certeza de que será um sucesso.
Veja agora o vídeo e em seguida a galeria de fotos dos participantes durante a prova.
BS
Fotos e vídeo: Paulo Keller
(Atualizado em 18/06/15 às 16hoo, informação adicional sobre os pneus)